Como se fossem poucas as ameaças à saúde do munícipe portovelhense, uma nova fonte de preocupação se acrescenta à já caótica situação que o intranqüiliza. Refiro-me à febre amarela, doença que amedronta moradores da cidade de Jarú, no interior do Estado.
Acrescentando-se às dificuldades da falta de vacinas, da incompetência das autoridades sanitárias, da precariedade das unidades de saúde, dos péssimos salários pagos a maioria dos profissionais da área, a febre amarela não pode deixar os responsáveis por esse importante setor, inertes e abúlicos, por mais tempo.
Caso contrário, além dos percalços que a sociedade sabe que enfrentará, a situação poderá descambar para um quadro de epidemia, cujas conseqüências não condizem com a própria definição de saúde.
Cerca de vinte dias se passaram, depois que o prefeito Roberto Sobrinho assegurou que o munícipe portovelhense não ficaria à míngua da vacinação contra a doença. O anunciou, em tom oracular, ocorreu durante uma entrevista concedida a uma emissora de rádio da capital.
A administração Sobrinho, mais uma vez, mostrou-se ineficiente, e, o que é pior, não cumpriu, com a qualidade necessária, a tarefa própria que lhe cabe, por imperativo constitucional, qual seja à adoção de medidas preventivas no combate a essa e outras enfermidades.
Desculpadas esfarrapadas não mais convencem, exceto as cabeças acéfalas. Lamentavelmente, o que ocorre no Brasil, especialmente no município de Porto Velho, é que os problemas sérios, que mais angustiam a população, são sempre relegados a um plano secundário, enquanto for possível usar o povo como massa de manobra de interesses puramente eleitoreiros, vicejando no campo fértil de sua miséria crônica.
Um governo que se diz preocupado com o bem-estar social, não pode fechar os olhos à realidade cruel por que passa a maioria do povo. Em lugar de promessas vãs, que desaparecem no espaço como fumaça, o secretário Sid Orleans precisa enfrentar e resolver os problemas inerentes à sua pasta, com competência, estoicismo e muita coragem.
De outro modo, o aconselhável é ceder a cadeira para alguém verdadeiramente preparado para ocupar o posto, já que Sobrinho não tem coragem para apeá-lo do cargo, por motivos que só Deus e ele sabem. Assim, Orleans teria mais tempo disponível para dedicar-se à sua campanha de vereador.
O combate à febre amarela e outras endemias deveria compor o corolário das prioridades da administração Sobrinho. A partir do momento que a saúde pública constituir preocupação dominante dos dirigentes públicos, sempre se haverá de encontrar os recursos necessários ao custeio de sua prestação. Do contrário, a malária, a hepatite, a dengue, o cólera e, já agora, a febre amarela, contarão com mais um aliado – a inércia das autoridades municipais.