Demolição de parte do antigo Mercado Municipal integra espaço para construção de Mercado Cultural
A demolição dos prédios que se encontravam no perímetro de construção localizado entre a rua José de Alencar e avenida Presidente Dutra, ao lado do Edifício Rio Madeira, em particular o bar e lanchonete conhecida como “Bar do Zizi”, provocou comoção e celeuma entre os antigos moradores da capital que estavam acostumados a freqüentar aquele tradicional recinto, último resquício do velho Mercado Municipal. Alguns desses moradores utilizavam o local como ponto estratégico de conversas culturais e políticas, assim como era utilizado para happy hour nos dias de semana.
Com a destruição dos prédios para a construção de um Mercado Cultural, criou-e uma discussão sobre o valor histórico e social daquele lugar e a sua preservação.
De acordo com o secretário da SEMDES (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sócio-Econômico), José Carlos Monteiro Gadelha o projeto que foi estabelecido para o Mercado Municipal terá uma nova nomenclatura, sendo chamada a partir de uma nova construção de Mercado Cultural. Gadelha explicou para a reportagem do Rondoniaovivo.com que a obra estava sendo confundida pela comunidade, pois muitos pensavam que seria um projeto de revitalização, mas na verdade se trata de um projeto de reconstrução. Ele ressaltou que o “Bar do Zizi” terá sua fachada reconstruída seguindo a arquitetura neoclassista, como era antes.
O secretário explicou que o Mercado Cultural será composto por lanchonetes, choparia, cafeteria, livraria com o foco para escritores regionais, espaço para eventos de dança, música e peças teatrais. Os recursos para a obra foram encaminhados pelo Ministério do Turismo, tendo como custo total R$ 945, 512,85 (novecentos e quarenta e cinco mil, quinhentos e doze reais e oitenta e cinco centavos) a empresa responsável e a APN Construções Civis, onde de acordo com Gadelha entregará o Mercado Cultural daqui a quatro ou cinco meses.
POSIÇÃO DO IPHAN
O superintendente regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Beto Bertagna, do 16 SR – RO/AC, disse à reportagem do Rondoniaovivo.com que a área do antigo mercado municipal, localizado no centro da capital, que ficou mais conhecido pelo passar dos anos por ser o local onde se encontra o “Bar do Zizi” não integra a área de entorno da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e por esse motivo o IPHAN não pôde intervir na demolição que ocorreu naquele perímetro.
Segundo Beto Bertagna, o campo de atividade do instituto corresponde as áreas que vão da avenida Presidente Dutra, Pinheiro Machado, 8km de trilhos e 150 metros da extrema esquerda do rio até o pequeno vilarejo de Santo Antônio. Ainda de acordo com ele, o que deve ser feito no Estado de Rondônia é a criação de departamentos ligados à conservação dos patrimônios, tanto municipal quanto estadual para que ações como essa sejam avaliadas de forma criteriosa.
O superintendente regional ressaltou que muitas pessoas ainda confundem as limitações de patrimônios tombados do Estado que o IPHAN defende e fiscaliza, que são esses: o complexo ferroviário da EFMM, as Três Caixas da Água, o Cemitério da Candelária e oito km de trilhos.
DEPOIMENTOS
José Inácio da Cunha, 48 anos, proprietário da lanchonete e restaurante “Gostosa”, que ficava ao lado do Mercado Municipal também foi demolida, disse à reportagem que está ansioso e esperançoso, pois o secretário da SEMDES, José Carlos Monteiro Gadelha, prometeu entregar o estabelecimento antigo de José Cunha melhor. José enfatizou: “Estou otimista e acredito que haverá uma benfeitoria para nós e para o publico”. O comerciante ainda ressaltou que espera uma área ampla, pois o número de funcionários da sua lanchonete já ultrapassou de 10 ele precisa de uma área do tamanho que era antes ou maior e que não irá aceitar um estabelecimento pequeno.
O músico e integrante do tradicional grupo de música do Estado “Anjos da Madrugada”, Altair Santos, o “Tatá”, freqüentador assíduo do “Bar do Zizi”, disse que o local era um marco histórico para a capital, pois havia encontros de autoridades e figuras do meio artístico do município.
Entretanto o professor de história da arte, Ariel Argob, explicou que o estilo arquitetônico é de referência do neoclassicismo, onde está relacionada com a vinda da família real ao Brasil. Segundo Ariel, populares e donos dos estabelecimentos entraram na justiça para preservar o então mercado municipal de Porto Velho, e conforme ele esse processo ficou em trâmite por 20 anos e então o povo ganhou a causa para agora se derrubar tudo. Ariel concluiu dizendo que a Fundação Cultural – Funcultural (ex-Fundação Iaripuna) tinha como intervir na ação da (SEMDES), mas nada se fez.