*Mais uma rodada de negociação entre governo e Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (CONDSEF) terminou sem que as partes entrassem em acordo. O governo manteve a proposta apresentada na última reunião reafirmando que defende uma política de quebra da paridade entre ativos e aposentados. No último domingo, em Plenária da categoria, os servidores votaram por unanimidade que não seria aceita nenhuma proposta com esses parâmetros.
*"Não vamos compactuar com essa discriminação com os aposentados. Se o próprio governo Lula aprovou uma emenda que defende o princípio da paridade, agir desta forma é ir contra a própria lei", ressaltou Josemilton Costa, secretário-geral da CONDSEF. Os diretores da Confederação informaram que o diálogo com o governo não foi fechado. "Queremos continuar conversando. Só não vamos abrir mão de um direito que é garantido pela Constituição Federal".
*Nesta proposta foram oferecidos R$ 460 milhões a serem distribuídos entre 240 mil servidores do Plano de Classificação de Cargos (PCC), segundo novos cálculos apresentados pelo Ministério do Planejamento (MPOG). O governo ampliou em apenas R$ 90 milhões o valor da última proposta. "Esses valores não começam sequer a corrigir as distorções salariais que existem no setor", lembrou Josemilton. O PCC é o setor que possui os salários mais defasados do serviço público federal. Diversos setores amargam mais de 10 anos de arrocho salarial.
*Dados do MPOG apontam um total de 297 mil servidores lotados no PCC. Deste quadro, aproximadamente 57 mil servidores poderão ter seu Plano Especial de Cargos, como é o caso dos servidores do Ministério da Fazenda, Funai e Agricultura. Os demais continuam lutando para ter seus direitos garantidos.
*O governo ficou de formalizar a proposta para apresentá-la oficialmente aos servidores. No entanto, os diretores da CONDSEF foram taxativos ao dizer que nos patamares apresentados na reunião não haverá acordo.
*Correndo contra o tempo
*Os servidores do PCC avisaram que não vão desistir de tentar garantir um reajuste para 2006. "Vamos continuar nos movimentando", disse Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Confederação. Na próxima segunda-feira (12), às 11 horas, a CONDSEF tem uma audiência com o secretário-geral da Presidência da República, ministro Luiz Dulce. Uma conversa com o relator do Orçamento da União, Carlito Merss (PT-SC), também está agendada.
*Com as reuniões, a Confederação espera encontrar perspectivas de solucionar o impasse entre governo e servidores. "Sabemos que é possível melhorar a proposta. Só este ano o governo ofereceu R$ 70 milhões para 3 mil servidores fiscais da Agricultura, outros R$ 650 milhões para setores com 1/3 do número de servidores que representamos. Não há como esquecer que os servidores do PCC caminham a míngua durante mais de 10 anos. Queremos que o governo faça justiça a esse setor e não encontre maneiras de piorar cada vez mais nossa situação", defendeu Sérgio Ronaldo.