À querida e formada primeira turma de jornalismo de Rondônia – Por Marcos Souza

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Foto: Divulgação

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*Eu acordo e logo de manhã penso que o dia não vai ser tão legal, pois a dor no pescoço, fina e incômoda parece uma premonição não muito agradável. Olho para o livro debaixo do travesseiro, “Cobra Criada”, de Luiz Maklouf Carvalho, e sei que o “tijolo” de seiscentas páginas pode ser digerido até o próximo fim de semana. Aí vejo no relógio do celular e percebo que faltam 20 minutos para as oito horas e que estou atrasado para ir na biblioteca e fazer a pesquisa chata, mas necessária para uma matéria de fim de ano que estou produzindo para o site. *Ao passar pela sala olhei para o relógio de parede com calendário e então algo parece acionar um alerta no meu inconsciente. Dia 06 de dezembro. Hum... O que é mesmo? *“Caralho!! Eu colo grau hoje!!!” *O gosto amargo de “dia chato” parece esvainecer como água corrente que desce no ralo, os olhos brilham e percebo que, na verdade, é um dia especial, diferente, ainda que transpareça ser tão comum como outro qualquer, onde você pode ter sido vítima de alguma topada na calçada e o sol quente na moleira não tenha deixado o seu vocabulário tão ameno quando alguém pisou no seu pé. *Eis então que nem tudo é tão chato assim, por mais que não tenha a inocência de acreditar em fantasias, sei que não conseguirei me desvencilhar das lembranças, da nostalgia e das polaróides emocionais – é, acredite, elas existem, são aquelas fotos elégicas que passam rapidinho pela nossa cabeça, lembranças, momentos, instantâneos de situações que marcaram um tempo, uma época -. Afinal, é um momento único, significativo e singular na minha vida e nas vidas de todos os meus colegas, oras, na vida de qualquer um que tenha passado por uma faculdade. Opa, tive um insert, lembrei daquela música da Legião Urbana, que diz assim no trecho final da letra: “A noite acabou, talvez tenhamos que fugir sem você/ Mas não, não vá agora, quero honras e promessas/ Lembranças e histórias/ Somos pássaro novo longe do ninho...”¹. *“Lembranças e histórias”, se eu tivesse que reunir todas as coisas que ocorreram na faculdade comigo, lembraria mais das situações de riscos quando me apaixonei dentro da instituição, do que das dores de cabeça que me causaram a monografia, com noites mal-dormidas e estudos varando a madrugada. Mas, seria leviano se não tivesse coerência de discernir o emocional e o racional, por isso mesmo engoli as paixões, ou fui engolido por elas e me dediquei à academia e suas nuances institucionais quanto ao estudo. Ou seja, falando num linguajar ameno, preferi ser o CDF e vejo que, no fundo, valeu a pena. *No fim de tarde desse dia estava concentrado na beira do rio, olhando o por do sol e imaginando que dali algumas horas estava colando grau, com beca e tudo, pegando finalmente o “canudo”. *Nas caixas de som do velho barco de passeio ancorado Raul Seixas era ouvido por um grupo de senhores que apenas biritavam. “(...) Olha a fonte, olha os montes/ Horizonte/ Olha a luz que enxovalha e guia/ A Lua se oferece ao dia/ E eu , E eu guardo cada pedacinho de mim pra mim mesmo/ Rindo louco, louco de euforia”². Sorri e fui pra casa. *E sim, tinha feito a minha pesquisa na biblioteca, com um ar de novidade até. *Na gloriosa noite poderia desferir um rosário de sensações ao estar junto com a minha turma e finalmente me sentir formado. Ver os olhos brilhantes dos meus pais, os sorrisos fáceis dos meus colegas, a felicidade plena do meu grupo de amigos (a panelinha, como chamam alguns), aliás, meus melhores amigos da faculdade e que deveria receber a designação emérita de “Confraria dos CHATINHOS”, os CDFs mais descolados da sala. Ainda assim tudo poderia ser simples demais, ser resumido demais e imaginar que aquela dor no pescoço que teimava em persistir de manhã não representava nenhum incômodo ou premonição, só um detalhe a mais para nunca esquecer esse dia. No futuro eu vou me referir, em algum momento da minha vida: “Ah, naquele dia da formatura eu estava com uma leve dor no pescoço...”. Parece tolice, mas são momentos como esse do cotidiano, quase efêmeros, que tornam as lembranças mais doces. *A noite foi longa, chata, mas também mágica, de risos de lágrimas, de registros fotográficos e registros emocionais, de colegas que nunca se abraçaram e se viram levados pela comoção e jurando amizade eterna. Por fim, a realidade é mais cruel e muitos de nossos colegas não se encontrarão mais, mas eu sei que para aqueles que cativaram dentro de sua característica e vivenciaram os momentos mais importantes da academia, sabe que o seu nome, a sua imagem estará na lembrança de todos, afinal queira ou não, somos membros eternos da primeira turma de jornalismo do Estado de Rondônia. *¹ “Eu Sei” (Renato Russo) *² “Coração Noturno” (Raul Seixas)
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