* Debater a presença do homem mantendo equilíbrio com a natureza é uma das propostas do Cine Amazônia, Festival de Cinema e Vídeo Ambiental, que ocupa manhãs, tardes e noites de estudantes, professores e comunidade de Porto Velho em geral durante este final de semana. Uma proposta arrojada e dinâmica, por chegar ao quarto evento.
* Uma das faces do festival é promover o encontro de diretores de obras com a população, o que aconteceu hoje, 17, no cine Veneza, proporcionando um debate envolvendo a jornalista Paula Saldanha, os produtores Roberto Werneck e Zelito Viana.Curiosamente poucos alunos dos cursos de jornalismo de Porto Velho compareceram. Dois estudantes da Uniron e um da Unir-Vilhena tiveram interesse em fazer perguntas aos cineastas, experientes o suficiente para responder perguntas sobre manejo florestal, desenvolvimento equilibrado, reforma agrária, comunidades tradicionais, povos atingidos por barragens, biodiversidade e temas correlatos.
* A ausência de estudantes de comunicação não chega a ser surpresa. As novas gerações de comunicólogos pouco diferem de outras, entre as quais a que pertenço. E vivemos a cultura “fast-food”, um fenômeno onde o conhecimento é cultura passageira e o excesso de informações é passado e assimilado tão rápido como uma edição do Jornal Nacional.
* Assim o debate acabou sendo mais incisivo para poucos estudantes, alguns de história, turismo, membros de grupos que trabalham com as comunidades, professores, não muitos também, mas tudo refletindo a realidade social momentânea.
* Como sempre as perguntas começaram devagar, mas alguns pontos levantados são importantes para a comunidade amazônica e sem importância para boa parte da mídia local. Um deles é saneamento básico. Poucos jornalistas de PortoVelho tem problemas com saneamento básico. Se tivessem a mídia cobraria isso do governo Cassol e Lula.
* A felicidade das valetas e do esgoto a céu aberto deve ser boa para os proprietários dos veículos, cuja função social parece estar menos em voga.
* Foi também um dos questionamentos que surgiu no debate. O engajamento dos jornalistas na questão ambiental. Depende do caráter e do nível de interesse dos profissionais da mídia.
*O engajamento da mídia rondoniense sobre o futuro da população atingida pelas barragens é pequeno. Alguns estão loucos para produzirem relises para Furnas. É um tipo de engajamento. Coitada da população rondoniense. A mídia não tem interesse no equilíbrio humano.
*Parabéns aos organizadores dos debates. Os jornalistas locais podiam se interessar pelo tema também. Furnas não precisa contratar jornalistas de Rondônia para fazer relises, mas a população ribeirinha precisa de aliados.
*Hamilton Lima é professor universitário