ARTIGO - A violência em debate - Por Valdemir Caldas

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Foto: Divulgação

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Quarta-feira foi dia de mais uma Audiência Pública, no plenário da Câmara Municipal de Porto Velho. Em pauta, a onda de criminalidade que assola a capital. A idéia foi do presidente da Casa, vereador José Hermínio Coelho (PT), por sinal muito elogiado pela iniciativa. A ausência de público não ofuscou o brilho dos convidados. A cúpula da segurança pública marcou presença. O Secretário Adjunto da pasta, Cezzar Pizzano, levou a lição na ponta da língua. Não vacilou um milímetro em sua exposição, nem quando precisou responder ao prefeito Roberto Sobrinho, que abandonou o recinto no meio da solenidade. O pessoal da Direção Geral da Polícia Civil, representando o competente diretor Morio Ikegawa, apresentou números revelando que, nos últimos anos, a violência refluiu para suas origens mais espúrias. Os representantes do Ministério Público, promotor Charles Martins, e do Comando Geral da Polícia Militar, subcomandante Adilberto Saraiva Maciel, não decepcionaram. Pelo contrário, mostraram que conhecem o terreno onde pisam. Só faltou o ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-secretário de segurança e delegado de polícia, Paulo Moraes, para dá o seu recado. Experiência na área não lhe falta. Os dados apresentados pela equipe do delegado Morio deixaram alguns convidados e a minúscula platéia em estado de catalepsia. Somente de janeiro a outubro deste ano, foram registradas mais de quarenta e cinco mil ocorrências, uma média de cento e cinqüenta por dia. Apesar do esforço das autoridades governamentais, Rondônia ainda aparece entre os estados com os maiores índices de crimes dolorosos. E mais: oitenta por cento deles têm raízes no tráfico, e não no uso indiscriminado de bebidas alcoólicas, como sustentam os defensores da chamada “Lei Seca”. Estatísticas à parte, a violência é um câncer que está minando a sociedade, e, quando praticada de forma descomunal, a situação tornar-se, deveras, alarmante. E as autoridades não podem omitir-se, sob qualquer evasiva. Precisam, sim, agir, com competência e celeridade. A sociedade, cansada de ver os seus direitos vilipendiados, precisa, também, fazer a sua parte, colaborando com as polícias, porque, sozinho, governo nenhum conseguirá êxito na luta contra a criminalidade. Somente assim, poderemos ter um pouco de paz, desde há muito perdida, pela mácula atroz do banditismo, que vem aterrorizando a todos, independente de classe social, cor, sexo ou religião. A mudança de nomes nos mais diversos setores da segurança pública importará pouco se a sociedade civil organizada não somar forças com instituições e organismos policiais no enfrentamento da violência. É isso, ou então, continuaremos flutuando num mar de insegurança e, o que é pior, sem saber até quando continuaremos nele.
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