ARTIGO - Lembrando aquela que sonhou com outro mundo possível - Por: Edneide Arruda

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Foto: Divulgação

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"En la noche del 10 de setiembre fallecio Maria Ednalva Bezerra de Lima. Se trataba de una compañera de gran valor para todos los que pudimos conocerla y conocer su incansable trabajo. Aquí, una pequeña reseña de su larga trayectoria." Esta mensagem, publicada no site (http://www.ccscs.org), da Coordinadora de Centrales Sindicales del Cono Sur, fez-me sentir bater no peito o coração aflito. Era a lembrança de que havia um mês, morrera uma grande lutadora feminista: Maria Ednalva Bezerra de Lima. Titular da Secretaria Nacional sobre a Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores, a paraibana de Campina Grande sofreu morte cerebral no dia 08 (a família considera o dia 10) de setembro, do corrente, no Hospital Madre Teodora, em Campinas, São Paulo, vítima de infecção avançada causada por meningite bacteriana. Ednalva, que começou sua militância de esquerda muito jovem, se destacou na greve de 100 dias, realizada em 1984, na Paraíba, por melhores salários e condições nas escolas públicas. Sua militância feminista, como recorda Sônia Lima, outra valiosa feminista paraibana - que com Ednalva trilhou alguns caminhos - começou durante sua participação na direção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Paraíba(Sintep), à época, Associação do Magistério Público do Estado da Paraíba(AMPEP). Ainda na AMPEP, Ednalva foi eleita para dirigir a Comissão Estadual da Mulher Trabalhadora da CUT. Em seguida foi escolhida para a Comissão Nacional da Mulher Trabalhadora da central. Sua contribuição ao feminismo na Paraíba também está registrada no Cunhã Coletivo Feminista, onde atuou na formação feminista de alunas normalistas. Os horizontes de Ednalva se estenderam ao cenário nacional, por meio da CUT, a qual representou na comissão tripartite de Igualdade de Oportunidades e de Tratamento de Gênero e Raça no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego e no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, vinculado à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Sua representatividade também foi internacional, integrando a Comissão de Mulheres da Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul (CM-CCSCS) - que reúne entidades de trabalhadoras do Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile -e n a Organização Regional Interamericana de Trabalhadores (ORIT). A terrível doença levou, precocemente, uma pessoa que tanto se deu para a vida. Não por menos, o deputado federal Luiz Couto, do PT da Paraíba, fez uma homenagem à líder sindical feminista, na Câmara dos Deputados, ressaltando seu compromisso "com as causas das mulheres, com o movimento sindical e sempre preocupada em fazer com que este fosse um País com desenvolvimento sustentável, com progresso, com liberdade e com justiça social". Sônia Lima contou da emoção que sentiu ao ver militantes dos movimentos sindical, social e feminista de todas as partes do Brasil, presentes ao velório de Ednalva, realizado em Campina Grande, no salão nobre do Gabinete do Prefeito, Veneziano Vital do Rego. Seu corpo foi levado até o jazigo de sua família no Cemitério Monte Santo, pelo carro do Corpo de Bombeiros, com batedores da Polícia Militar à frente do féretro. Foram honras dignas às de chefes de Estado. Vibrei. Nunca tinha imaginado, uma feminista recebendo tanta honra em seu último adeus. Lembrei de outra histórica mulher nordestina: a escritora Nísia Floresta Brasileira Augusta. As semelhanças entre ambas estão nas histórias de vida e de morte. Nascida no longínquo 12 de outubro de 1810, no sítio Floresta, em Papari, no Rio Grande do Norte, aos 21 anos Nísia já escrevia para um jornal - dedicado às senhoras pernambucanas - artigos tratando da condição feminina em culturas. Nísia Floresta, que viajou pelo mundo, lecionou, se posicionou e formou opinião, ficou conhecida como "uma grande educadora, precursora do abolicionismo, da República e da emancipação da mulher no Brasil", conforme o título do opúsculo "Nisia Floresta - 1810/1885", publicado em 1933, no Rio de Janeiro, por Roberto Seidl). A escritora morreu em 1885, vitimada por uma pneumonia, e foi enterrada num jazigo perpétuo no Cemitério de Bonsecours, em Paris. Mas por sua importância, em 1953, o governo brasileiro foi autorizado a fazer o traslado de seus restos mortais para o Brasil, o que se deu no ano seguinte, e hoje repousam no mausoléu, construído em sua homenagem, próximo ao sítio, em local onde, salvo alguma imprecisão histórica, teria existido sua primeira residência. Á época, jornais de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Norte registraram a chegada dos despojos de Nísia à terra natal, sendo objeto de homenagens da Base Naval, bandas de música e exposição do caixão perante a população e autoridades locais. Até o Departamento dos Correios e Telégrafos lançou selo comemorativo ao retorno de Nísia Floresta ao Brasil. A última vez que vira Ednalva, foi conduzindo a plenária final da II Conferência Nacional de Mulheres, realizada entre 18 e 21 de agosto do corrente, em Brasília. Hoje, um mês depois de sua despedida, feministas unidas relembram sua luta por bandeiras históricas como legalização do aborto, combate à violência sexista, além dos direitos reprodutivos das mulheres, de participação e de empoderamento. Deixo aqui, algumas palavras que a grande Ednalva, deixou escritas no artigo "Um outro mundo é possível", publicado na Revista Estudos Feministas, em 2003, em que ela reflete sobre o 1º Fórum Social Mundial: "Em 2001, enquanto os presidentes de várias nações se reuniam em Davos, os movimentos sociais se encontravam em Porto Alegre, em uma conexão de resistência ao modelo neoliberal. Ali, tudo era tão novo que parecia um sonho. Um sonho de mais de cinco mil pessoas". Edneide Arruda é feminista. Como jornalista, assessora atualmente a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. *VEJA TAMBÉM: * ARTIGO - A crítica da crítica: Livros didático e o MEC - Por: Hélio Schwartsman * ARTIGO – Sesi Bonecos não foi só sexo explícito, baixaria e palavrões, teve um pouco de cultura também - Por: Marcos Souza - Veja álbum de fotos
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