De mexicano a marroquino, modalidade dá a chance a atletas de países sem tradição; na zona mista, campeão passa tranquilo enquanto últimos contam suas histórias de vida
Foto: globoesporte
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Campeão olímpico, o suíço Dario Cologna passeia tranquilo pela imprensa. É parado por seus conterrâneos e atravessa o restante dos metros da zona mista sem ser incomodado. A cena chama atenção, já que normalmente o dono do ouro leva horas para se ver livre das entrevistas. No esqui cross-country não. Pouquíssimos queriam falar com ele. A prova mais democrática da Olimpíada de Inverno tem espaço para brasileiro, colombiano, mexicano, tongolês, marroquino e boliviano.
São países sem tradição nos Jogos. Onde o frio não é rigoroso na grande maioria do tempo, mas com personagens cheios de histórias de vida e de superação até a conquista do sonho olímpico na Coreia do Sul. Enquanto suecos e noruegueses treinam na neve, eles trabalham suas habilidades no asfalto, no deserto, alguns há pouco mais de um ano, e traduzem através da modalidade o verdadeiro conceito de olimpismo.
"Nossos países precisam estar representados. Nós somos o verdadeiro olimpismo", diz o mexicano German Madrazo, que carregou a bandeira do país até a chegada e fim um dos últimos a completar os 15 km.
O colombiano que "resolveu ir à Olimpíada"
Sebastian Uprimny tem 42 anos e nasceu em Paris, filho de pais colombianos. Com dois anos, voltou para Bogotá. Desde 2002, mora nos EUA. Foi para lá trabalhar em uma empresa que prestava serviços para a Olimpíada de Salt Lake City e ficou. Em 2016, conversando com a mulher, resolveu ter um novo desafio na vida. Ele trabalha como tradutor e traçou um plano: disputar a Olimpíada de Inverno no esqui cross country. Começou a treinar. Em PyeongChang, trouxe esposa e os quatro filhos. Ficou em 115º entre 119 atletas.
"É muita felicidade. Estou com minha esposa e meus filhos aqui. Estou cansado, a prova foi dura. Foi difícil terminar. Mas preciso aproveitar. Curtir. Há três anos decidi que faria isso e consegui"
O marroquino que treina no deserto
Samir Azzimani é de Marrocos e conheceu o esqui aos cinco anos em uma viagem para os alpes franceses. Como reside na África, treina também nas areias do deserto. Veterano, esteve também em Vancouver 2010, quando levou diversas crianças de um projeto social para assistirem os Jogos de perto. Ele foi o 111º.
"Não há nada impossível nessa vida. Basta você querer e ter força de vontade. Tudo é possível"
O tongolês que não esquiava no ano passado
Pita Taufatofua é de Tonga e ficou conhecido na Rio 2016 ao desfilar na cerimônia de abertura com o corpo coberto por óleo. Ele era lutador de taekwondo e há um ano e meio resolveu se aventurar. Aprendeu a esquiar e se classificou para a Olimpíada de PyeongChang. Pita sofreu para completar a prova mas foi o centro das atenções. Ficou em 114º.
"O que eu quero é que as crianças de Tonga possam ver que é possível. Eu consegui, eles também podem conseguir. Meu sonho agora é realizar os sonhos deles"
O 1º equatoriano da história dos Jogos de Inverno
Klaus Jungbluth Rodriguez é o primeiro equatoriano da história dos Jogos de Inverno. O país nunca teve qualquer atleta nos Jogos e ele então resolveu tentar a sorte na modalidade de inverno que mais gostava após morar na Noruega e na República Tcheca para estudar. Pai de quatro filhos, ele é fisioterapeuta e teve que criar a federação equatoriana de esqui, que não existia, para conseguir competir internacionalmente.
"Eu fiz história aqui e estou muito feliz por isso. Quero agora curtir esse momento, desfrutar do que conquistei e agradecer pela chance que tive"
A dupla da Coreia do Norte
Até mesmo a Coreia do Norte, que praticamente não manda seus atletas para competições internacionais, se fez presente. E com dois esquiadores. Han Chun Gyong, de 23 anos, e Pak Il Chol, de 21 anos. Eles, porém, passaram direto pela zona da imprensa e não conversaram com ninguém, praticamente uma regra entre os 22 competidores do país nos Jogos de Inverno.
O mexicano que corre maratonas e o Ultraman
Aos 43 anos, German Madrazo é triatleta e empresário. Ele começou a praticar a modalidade, acredite, apenas em 2017, um ano antes da Olimpíada. A curiosidade é que ele começou a treinar depois que leu um artigo dizendo que o esqui cross country era o esporte mais duro e difícil dos Jogos. Treinou ao lado de Pita Taufatofua para conseguir a classificação. Ele ficou em 116º, a última colocação, já que os outros três atletas não terminaram ou começaram o trajeto.
"Nós somos o exemplo maior do olimpismo. Eu, o Pita, todos os atletas de países que não tem tradição e que estão nessa prova. Nossos países precisam dessa representatividade aqui"
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