O pecado no futebol brasileiro – Adelmo Zina

Da Redação

13 de Fevereiro de 2014 às 08:42

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O pecado no futebol brasileiro – Adelmo Zina

Foto: Divulgação

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Temos um futebol baseado na culpa. Talvez isso tenha a ver com nossa história ligada ao cristianismo, em que o pecado está presente em todas as ações humanas. Determinada escolha pode nos levar ao céu, ou ao inferno. Em razão disso não temos nos arriscado tanto, optando por um estilo de jogo mais ortodoxo e menos mundano.

Em 1950, o goleiro Barbosa foi considerado culpado pelo derrota brasileira na final do Mundial ao não defender o chute do uruguaio Gigghia. Melhor goleiro da sua geração, faleceu afirmando ter cumprindo uma pena de mais de 30 anos, ultrapassando o limite previsto em nossa legislação penal. Mas Barbosa não foi o único injustiçado.

De uma forma não linear, grandes jogadores carregaram o fardo da derrota em Copas do Mundo, entre eles: Zico, em 1986 no México; Ronaldinho Gaúcho, em 2006 na Alemanha; Toninho Cerezo, em 1982 na Espanha; e Dunga em 1990, na Itália. O capitão do Tetra merece um destaque. Massacrado em 1990, simbolizou um período de futebol truculento e com pouca criatividade, a Era Dunga. Quatro anos depois levantou o caneco, ainda que tenhamos apresentado um futebol tão ausente de verve.

Contudo, a teoria do pecado não se limita apenas aos Mundiais. Outros atletas foram levados ao fogo da Inquisição por falhar em momentos cruciais. Rivelino foi considerado herege pelos corintianos após a derrota para o Palmeiras na final do campeonato paulista de 1974, assim como o palmeirense Dênis, quando o alviverde perdeu o título para a Inter de Limeira em 1986.

Hoje o Estado brasileiro é considerado laico, entretanto nosso futebol ainda não se libertou da religião, não que isso seja ruim. Incomoda é a procura de culpados, de alguém que carregue a cruz da eliminação em um esporte coletivo. Sejamos francos: se Roberto Baggio fosse brasileiro, muitos achariam que o simples enforcamento em praça pública seria pouco pelo pênalti desperdiçado. Com terço nas mãos, acenderíamos uma fogueira.

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