HISTÓRIA - Maior vitória do Vôlei de Rondônia

HISTÓRIA ESPORTE - A maior vitória do Vôlei de Rondônia

HISTÓRIA - Maior vitória do Vôlei de Rondônia

Foto: Divulgação

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A partir dali o vôlei rondoniense era temido no norte, nordeste e centro oeste
Final dos anos 70. Rondônia vivia o sonho de ser transformado em Estado, a migração fervilhava e garimpeiros retiravam toneladas de ouro do Rio Madeira. Chega a Porto Velho Francisco Gilmário Pinheiro, vindo do Maranhão onde integrava a seleção de vôlei estadual, com passagens pela seleção brasileira.
Passa a jogar pela seleção local e treinar centenas de garotos na faixa dos 15 anos, adolescentes que, como todos, consideram-se centro do universo.
“Gil” não alisava e impunha um ritmo frenético de treino físico e tático. Ninguém ousava contestar aquele treinador de voz forte, olhar penetrante e físico de lutador de boxe peso pesado.
Muitos desistiram, não aguentaram o tranco. Os que ficaram eram submetidos a uma disciplina rígida e a uma cultura de equipe, onde todos eram iguais e deveriam visar os mesmos objetivos.
Não entendíamos porque treinar duas horas pesado, correr, subir escadas, fazer diferentes exercícios, antes de tocar em uma boa de vôlei para mais duas horas de treino técnico. E isso, às 4 horas da manhã. Ou a partir das 23 horas. Era quando havia disponibilidade de uso do ginásio de esportes. Final de semana não havia folga. A noitada não era proibida, mas ninguém ia. Ninguém aguentava.
Novembro de 1979. A Seleção de Vôlei Infanto Juvenil do Território Federal de Rondônia entra no ginásio de esportes Costa Rodrigues em São Luis, capital do Maranhão, felizes por enfrentar a poderosa seleção maranhense na final de um campeonato brasileiro. O vice-campeonato já era uma vitória para a desconhecida seleção rondoniense, sem tradição no cenário do vôlei. Os conterrâneos de “Gil” o parabenizavam por levar uma equipe a final. Jogadores que ele treinou iriam enfrentar sua equipe agora. O clima era de “parabéns por fazer estes índios vice campeões”.
Ginásio lotado, torcida barulhenta, faixas, papel picado, uma festa para a entrada da seleção maranhense na quadra. Quando entramos, vaias. Era o esperado. Mas os torcedores foram além e passaram a jogar na quadra pequenas flechas feitas de bambu e a nos chamar de índios. “Gil” havia nos treinado fisicamente para aguentar cinco horas de jogo em ritmo intenso e a parte tática em ataques rápidos para dificultar o bloqueio, que no caso do Maranhão era quase uma muralha devido a altura dos jogadores. O árbitro avisa que vai começar e chama os jogadores para a quadra. O treinador não dá nenhuma instrução naquele momento, apenas olha para as flechas jogadas pela torcida e sorri ironicamente para nós. O orgulho de ser índio aflorou. Entendemos tudo. A seleção maranhense não entendeu nada. Perdeu de 3 x 0 e o último set foi um massacre. 15 x 0.
A partir dali o vôlei rondoniense era temido no norte, nordeste e centro oeste. Participamos de vários campeonatos, vários vencidos. O Amazonas era a maior força do vôlei nacional, formada pela base da seleção brasileira e patrocinada pela poderosa Sharp. E saia faísca quando eles cruzavam nosso caminho. Nunca os vencemos, mas a maior vitória foi ver a maior seleção de todos os tempos comemorar uma vitória contra Rondônia como se fosse o título do campeonato.
Poderia descrever inúmeras vitórias, mas a maior delas foi o legado que “Gil” deixou. Uma geração que valoriza a amizade, que abomina as drogas e que entende o valor do esporte na formação humana. Estes atletas hoje beiram os 50 anos e mantém os ensinamentos do mestre Gilmário fora das quadras.
Vitorioso nas quadras, vencido pela irracionalidade do poder público, “Gil” voltou ao Maranhão. Em suas raras visitas a Rondônia é disputado por amigos e atletas. Participa de um churrasco por dia
Neste sábado, a partir do meio dia no Clube Ferroviário, eles vão se reunir Serão jogadores, árbitros do vôlei (com os quais “Gil” sempre discutia), jornalistas da época e pessoas que vivenciavam o vôlei. Uma reunião sem pauta e sem um objetivo definido. Apenas conversar, lembrar-se de décadas passadas (recordar é viver) e reafirmar os valores extra quadra ensinados por um técnico de vôlei mal humorado, ranzinza e exigente. Neste sábado, é como se voltássemos as quadras para mostrar as novas gerações que o esporte desperta valores humanos preciosos, como a amizade, o espírito de equipe, contrastando com a vida contemporânea que valoriza o virtual, o imediatismo e o individualismo.
Obrigado “Gil”.
 
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