"Este projeto retrata algo que não tem apenas efeitos negativos na comunidade local, mas também globalmente, pois gera uma reação em cadeia", disse a presidente do júri do WPP, Rena Effendi
Foto: Divulgação
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A série fotográfica "Distopia Amazônica", do brasileiro Lalo de Almeida, fotojornalista do jornal Folha de S. Paulo, venceu na categoria 'Longa Duração' do World Press Photo (WPP), a mais prestigiada premiação de fotojornalismo do mundo.
As imagens, feitas para Folha de São Paulo e Panos Pictures, documentam a ameaça à floresta amazônica pelo desmatamento, mineração, desenvolvimento de infraestrutura e exploração de recursos naturais. Parte delas foi publicada na série "Amazônia sob Bolsonaro".
"Este projeto retrata algo que não tem apenas efeitos negativos na comunidade local, mas também globalmente, pois gera uma reação em cadeia", disse a presidente do júri do WPP, Rena Effendi.
Já o registro da canadense Amber Bracken, intitulado Kamloops Residential School ("Escola Residencial Kamloops"), foi o grande vencedor da premiação, conquistando a categoria 'Foto do Ano'.
Bracken estava a serviço do jornal americano The New York Times quando tirou a foto premiada.
A imagem mostra vestidos vermelhos pendurados em cruzes ao longo de uma estrada para homenagear as crianças que morreram na Kamloops Indian Residential School, uma instituição criada na província da Colúmbia Britânica, no Canadá, no fim do século 19, para "integrar" crianças indígenas à cultura branca.
O registro foi feito em junho de 2021, após a detecção de até 215 sepulturas não marcadas no local da antiga escola, que foi fechada em 1978.
"É uma imagem que fica gravada em sua memória, inspira uma espécie de reação sensorial", disse a presidente do júri, Rena Effendi.
"Quase podia ouvir a quietude nesta fotografia, um momento tranquilo de avaliação global da história da colonização, não apenas no Canadá, mas em todo o mundo."
Considerado o "Oscar da Fotografia", o World Press Photo reconhece todos os anos o melhor do fotojornalismo e fotografia documental. Depois de cada cerimônia, os retratos vencedores são reunidos em uma exposição itinerante visitada por milhões de pessoas ao redor de 40 países.
Os vencedores de 2022 foram escolhidos entre 64.823 inscrições feitas por 4.066 fotógrafos de 130 países.
Matthew Abbott venceu na categoria 'História', com sua série "Saving Forests with Fire" ("Salvando Florestas com Fogo"), tirada para a revista National Geographic e Panos Pictures.
As fotos mostram indígenas australianos queimando estrategicamente terras em uma prática conhecida como "Cool Burning" ("queimadas frias"), na qual o fogo se move lentamente, queima apenas a vegetação rasteira e remove o acúmulo de combustível que alimenta as chamas maiores.
A série apresentou o povo Nawarddeken de West Arnhem Land, no Estado do Território do Norte, na Austrália, que realiza a prática há dezenas de milhares de anos.
"Blood is a Seed" ("Sangue é uma Semente"), da equatoriana Isadora Romero, venceu na categoria 'Formato Aberto'.
Através de histórias pessoais e uma viagem ao vilarejo ancestral de Romero, Une, no departamento de Cundinamarca, na Colômbia, o projeto questiona o desaparecimento de sementes, migração forçada, colonização e a subsequente perda de conhecimento ancestral.
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