A incursão do Bira pela área do teatro se deu em 1986, a convite dos integrantes do Água de Chucalho
Foto: Divulgação
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A década de 1980, no que tange à história do teatro em Porto Velho, realmente foi um momento histórico de muita efervescência. Seja pelo fato do Brasil estar saindo de uma ditadura; seja pela organização enquanto unidade federativa (o estado de Rondônia foi criado em 1982); seja pela chegada de artistas de outros estados do Brasil que aportaram por aqui trazendo suas experiências e enriquecendo a cena; seja pela tentativa dos próprios artistas se organizarem e buscarem um maior contato com outros artistas de outros estados do Brasil, inicialmente criando a Federação de Teatro de Rondônia e participando da Confederação Nacional do Teatro Amador (CONFENATA), criando festivais e outras ações; seja pela junção de tudo isso.
De fato, ainda não podemos dar respostas definitivas, pois nossa pesquisa está em andamento. Nosso objetivo tem sido juntar as peças do quebra-cabeça e provocar os estudantes, aguçando sua curiosidade sobre a produção teatral rondoniense, já que a produção acadêmica sobre o tema é rara. Nesse aspecto, esse blog se insere nesse objetivo, ao reunir os diversos materiais que vamos encontrando ou construindo.
No dia 04 de maio convidamos um dos integrantes do grupo Água de Chucalho para uma conversa sobre o trabalho e sobre a experiência desse coletivo pelas ruas e por alguns teatros do Brasil. A conversa ocorreu durante uma aula da matéria Teatro Brasileiro do Curso Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Rondônia. Nosso convidado: Birivaldo Lourenço. Muito conhecido na cena artística, sobretudo na área musical, mas com outro nome: Bira Lourenço.
A incursão do Bira pela área do teatro se deu em 1986, a convite dos integrantes do Água de Chucalho para participar de um Festival que ocorreu em Colorado do Oeste naquele ano. Na sequência o artista foi convidado a integrar a circulação que o grupo faria no ano seguinte, 1987, Brasil afora, com o objetivo de chegar até a Argentina. Na bagagem dois espetáculos: Chico Rei de Walmir Ayala (espetáculo de palco) e Quem matou Zefinha? da sergipana Virgínia Lúcia (espetáculo de rua).
O Água de Chucalho, até onde se sabe, foi o primeiro grupo de Rondônia a sair, circular por outros estados do Brasil. Na circulação, não conseguiram chegar até o destina final, marcado para ser a Argentina, mas foram até o Uruguai e retornaram apresentando pelo Nordeste do Brasil. Na viagem de volta, passando por diversos estados da região Nordeste, encontraram outros grupos, como o Alegria, Alegria do Rio Grande do Norte - coletivo que tem uma importância significativa na organização do teatro de grupo, pós-Confenata, já que participou do início do Movimento Brasileiro de Teatro de Grupo (este, ainda pouco estudado).
Bira Lourenço relatou com muitos detalhes a circulação do Água de Chucalho, na qual apresentaram bem mais o espetáculo de rua, já que precisavam apenas dos recursos já disponíveis e as praças onde estavam, público sempre teve. Nos contou também sobre a descoberta e o prazer em fazer arte, quando, por exemplo, se viu dormindo em um banco de praça, mesmo tendo casa e um bom emprego, mas que, naquele momento, sentia uma imensa felicidade em estar com os parceiros naquela "divertida" jornada. Na sua perspectiva, ali descobriu o significado de fazer arte.
Na circulação o grupo chegou até Montevideo no Uruguai, passando antes por Curitiba, Londrina, Pelotas, entre outras cidades e, ao retornar, apresentaram-se em Salvador, Aracaju, Natal, Recife, Fortaleza, São Luís e Brasília.
Bira levou uma peça gráfica sobre o Água de Chucalho, na apresentação do grupo podemos ler o seguinte: "O Água de Chucalho foi fundado no dia 10 de abril de 1986, na cidade de Porto Velho, com o propósito de mostrar um Trabalho de Teatro de bonecos e de atores, buscando levar sempre uma temática forte, lutando por uma transformação social e procurando também dar uma boa qualidade aos espetáculos.
As montagens produzidas pelo Grupo são as seguintes: QUEM MATOU ZEFINHA? de Virgínia Lúcia, direção de Ricardo Moreira; CHICO REI de Walmir Ayala, direção de Ronildo Moreira e CHUCALHANDO de Ricardo Moreira, direção de Xuluka.
Quanto a natureza da produção, viabiliza-se montagens com a venda de espetáculos, animação de festas infantis, doações etc. Estamos nas ruas, nos palcos, nos bairros, nas praças e nas bocas."
Além dos artistas citados acima (Ronildo e Ricardo Moreira, Xuluka), e de acordo com a peça gráfica já citada, participaram também do grupo Braz Dy Vinu, Lucineide dos Santos, Ednéia Sanches, Claudia de Castro e Bira Lourenço.
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