SE A MODA PEGAR - Por Paulinho Rodrigues
Foto: Divulgação
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Ao Bumbá campeão/09 do Maracujá, pela ausência dos Mascarados, nenhuma penalidade; Ao Boi do Areal, avaliação rigorosa e castigo regulamentar (pela falta de um chapéu do personagem Rapaz), com a supressão de preciosos pontos, que ao final, pela omissão e incongruência dos Jurados (que acreditamos ser involuntária), rendeu ao Boi da Zona Sul, uma vitória recebida por seus brincantes sem festa e sem brilho... Pareciam não estar convencidos da vitória. Em tese, nos parece, faltou aos jurados, o necessário discernimento e competência para julgar. O Bumbá declarado campeão, dirigido pelo incansável professor Aluízio Guedes, a quem rendo homenagens, não tem absoluta culpa nos distorcidos critérios de julgamento, praticados pela Comissão Julgadora. A omissão, cria p r e c e d e n t e s e gera arrimo para futuros esquecimentos, colidindo com a orientação de “... como julgar a brincadeira de boi...”, critérios estes, constantes da cartilha distribuída pela Comissão Organizadora aos Julgadores. Os elementos comparativos, foram ignorados e no futuro, seguindo a justificativa da ilustre mestra, o Boi, poderá até se apresentar sem barra; o Dr. Cachaça sem sua garrafa de pinga; a Sinhazinha de vestido tubinho, sem o leque ou a sombrinha; o Padre sem batina, livro e cruz; a Rainha sem o estandarte; o Amo sem chapéu e manto; Barreira de Índios sem penacho, e, Bicho Folharal (que é só nosso), se apresentar com o corpo coberto de rendas e pedra aljofre, ao invés de folhas, se a obrigatoriedade da presença dos elementos comparativos não estiver expressamente digitado no Regulamento, como tentou justificar a nobre docente.
É imperioso e inescusável registrar, que o enredo da brincadeira de Boi-Bumbá, contém a trilogia da existência e da fé humana: o nascimento, vida e ressurreição. Daí a inexplicável paixão e envolvimento de pessoas com o folk-lore, que encerra no seu bojo o estudo em busca do conhecimento, do conjunto de tradições, crenças, lendas, cantigas, casos e costumes de um povo ou região. A “brincadeira é séria” e cheia de nuanças e delicados detalhes, que esquecidos, podem apenas estilizar e recriar, aniquilando de vez nossas raízes. Com força moral austera, Da. Branca jamais aceitaria um prêmio conquistado sem a completa exposição dos elementos comparativos (item 3.1., constante do Regulamento), o que de certo, tiraria o brilho completo da vitória, e, por iniciativa própria, acreditamos, devolveria o prêmio se conquistado de maneira capenga. Se quisermos continuar usando a dição FOLCLORE, é preciso pesquisar e adquirir conhecimento, dando importância e fazendo cumprir as regras e critérios, entabulados no Regulamento que orienta o julgamento dos Grupos na nossa maior vitrine, o Arraial Flor do Maracujá, valorizando a cultura local, porque se a moda pega, seremos levados ao total aniquilamento do que nos resta de mais sagrado; o Tuxaua (Diretor da Barreira de Índios), é um exemplo recente de exclusão de personagem.
Sobre a plasticidade e o espetáculo do Maracujá/09, nenhum reparo. Aplausos para todas as comunidades e grupos produtores de cultura (Quadrilhas Juninas e Bois-Bumbás). O nosso fantástico imaginário popular, rico em manifestações não pode ser tratado como “coisa” efêmera. Precisa ser preservado, nem que para isso, tenha que se julgar o tradicional, o estilizado e o recriado.
Sem ufanismo ou xenofobia, se a moda pega, certamente perderemos a pluralidade e a busca pela nossa identidade cultural, dando lugar nas nossas rechans, somente a outras manifestações e centros de tradições.
O Autor (Amo do Tracoá), é Produtor Cultural, Diretor de Produção, Compositor, Multi instrumentista, Líder da Banda Waku’mã, Pesquisador do Folclore e detentor dos Troféus “Amo Galêgo” e “Cabo Fumaça” do Arraial Flor do Maracujá”.
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