CULT/DVD – O horror criativo, escatológico e espetacular de “Cabana do Inferno” – Por: Marcos Souza

Na atual decadência do cinema de terror, o filme do jovem diretor Eli Roth é um sopro de criatividade, com humor negro afiado e provocando sustos, muitos sustos. Saiba mais sobre o “sinistro” filme que surpreendeu até Quentin Tarantino. >>>

CULT/DVD – O horror criativo, escatológico e espetacular de “Cabana do Inferno” – Por: Marcos Souza

Foto: Divulgação

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*Foto/legenda: Cenas do filme, na foto maior o diretor com um dos seus atores devidamente maquiado * *Por: Marcos Souza¹ *Fazer filme de terror hoje em dia no cinema norte-americano tem sido uma abrangência de reciclagem que vai desde o clichê básico onde um assassino ataca jovens incautos em algum lugar isolado, na clara referência ao mini-clássico “Sexta-feira 13” (Friday 13th/EUA/1980) ou à refilmagens “hardcore” (pesada e sangrenta) de clássicos absolutos do gênero, como já ocorreu com “O Massacre da Serra Elétrica” (The Texas Chainsaw Massacre/EUA/1974), ou ainda refilmar obras-primas do horror moderno que a nova geração de cineastas japoneses vem promovendo atualmente para o cinema, como “O Chamado”, “O Grito”, “Águas Negras” (esse refilmado pela Disney, com direção do brasileiro Walter Salles Jr.). Mas, vez ou outra aparece alguém que tenta renovar o gênero com alguma originalidade ou apresentar uma visão particular sobre velhos clichês do gênero, o jovem diretor e roteirista Eli Roth é o mais recente talento que está colocando um “gás” novo. *Recentemente Eli Roth veio ao Brasil para promover o lançamento do seu segundo filme “O Albergue” (Hostel/EUA/2006) - com produção do “efant-terrible” do cinema independente Quentin Tarantino -, tão surpreendente quanto o seu filme de estréia: “Cabana do Inferno” (Cabin Fever/EUA/2004), que encantou Tarantino quando lançado. *”Cabana do Inferno” é uma pérola do filme “B” (de baixo orçamento), lançado no Brasil há algum tempo no mercado de DVD, custou cerca de US$ 1,5 milhão e rendeu US$ 8 milhões nas bilheterias, e o notável é que o filme é uma colcha de retalhos em referências de outros filme de terror (“A Morte do Demônio”, de Sam Raimi, “O Massacre da Serra Elétrica”, de Tobe Hoper, “O Iluminado”, de Stanley Kubrick, entre outros) com citações sutis de outros que não pertencem ao gênero (como o “coelho-humano” que surge numa rápida aparição no final do filme, numa citação clara ao brilhante filme do diretor Richard Kelly, “Donnie Darko” – Donnie Darko/EUA/2001 -), mas não se engane, não se trata de cópia, o roteiro não é brilhante, mas é dos mais criativos já surgidos nos últimos tempos, a começar pelo enredo que leva a crer que se trata do mais puro “lugar comum”: um grupo de cinco jovens revolve passar uma temporada de férias isoladas numa cabana localizada no meio da mata, quando eles se deparam com um assassino inesperado e improvável, uma nova espécie de vírus que come carne humana (paralelo a “Gloucertershire”, a famosa bactéria devoradora de carne humana, descoberta em 1994 na Inglaterra) transmitida por um cachorro da vizinhança. *Eli Roth busca então mostrar os conflitos do drama físico e psicológico desses jovens, onde saúde e vaidade caminham numa linha singular e que transforma as personalidades desse grupo, que aparece inicialmente sadio, mas vai progressivamente enlouquecendo com uma sucessão de eventos provocados conforme a contaminação entre eles vai aumentando. *A relação de alguns membros desse grupo com o povoado da região (um bando de capiaus) são conflitantes e gera momentos de tensão que são solucionados de forma inesperada, podendo provocar gélidos risos amarelos (o humor negro é afiado e brilhante) ou mesmo chocar o espectador mais sensível. *É um filme de “horror biológico” dos mais bem realizados nos últimos anos, onde a mistura proporciona surpresas inesperadas na trama e clímaxes surpreendentes, com uma boa quantidade de sustos e ascos estomacais provocados por seqüências de agonizante escatologia. *O filme poderia muito bem centrar suas ações em homenagens vazias e que soassem meras imitações de outros filmes mais complexos, até mesmo pela forma insinuante em que ele, o diretor, cria a situação de interação entre os personagens, principalmente com os cinco jovens, três rapazes e duas moças, naquela mistura de estereótipos tão comuns em filmes do gênero (o “maluquinho” e descolado do grupo, o casal que só pensa em transar, a moça que se insinua para o rapaz tímido) e que aqui ganham uma consistência bem elaborada para as situações e soluções encontradas no roteiro “limpo” do diretor/roteirista Eli Roth. *Com um trabalho de fotografia espetacular de Scott Kevan (confira os efeitos de filtro e iluminação nas locações, principalmente na cabana onde o grupo está morando), os efeitos visuais são precisos não só nos sugestionamentos que ocorrem com os personagens em sua contaminação como no horror que se torna explícito, com absurdas cenas de humor negro em momentos do mais puro grand guinol (como a decomposição parcial de uma das personagens enquanto se depila na banheira ou o ataque de um cão raivoso em outra personagem que está convalescendo e ela continua viva, ainda que esteja com o rosto parcialmente devorado). A origem do vírus é um momento de grande revelação quando um dos personagens encontra um cadáver boiando no rio, assim como o idílico e tenebroso final com os garotos e a limonada. *O filme tem algumas curiosidades que ocorreram durante suas filmagens: *- O cão assassino original do filme era tão velho e cansado que todas suas cenas tiveram que ser refilmadas com um cão novo. Como não havia mais tempo ou dinheiro para treiná-lo ou mesmo fazer um cão-robô que simulasse os ataques, os produtores acabaram utilizando um cão real de ataque da polícia que fosse mau, indócil e imprevisível, só que os atores não poderiam parecer com ele em cena, devido a voracidade do animal, a solução foi filmar com treinadores escondido atrás dos caminhões durante suas cenas e as câmeras eram operadas por controle remoto. *- Quando filmaram uma cena particularmente sangrenta, o ator Rider Strong decidiu que iria fazer uma caminhada na floresta entre as instalações. Coberto de sangue da cabeça aos pés, ele apareceu para um grupo de 35 meninas de uma escola que estava em excursão pela floresta. As meninas gritaram muito ao vê-lo todo ensangüentado e gritaram mesmo, ainda mais alto, quando descobriram que ele era o ator do seriado juvenil "Boy Meets World" (de 1993 e inédito no Brasil). As meninas perseguiram o ator através da floresta, que fugiu até encontrar a equipe de filmagem. *O filme “Cabana do Inferno” não foi lançado nos cinemas brasileiro e saiu direto em DVD ano passado, pela Warner, com alguns extras, como comentário do diretor e “making off”. *Atualmente o filme está na programação de filmes da Sky, no canal “Cinemax” e vale a pena ser conhecido. “Cabana do Inferno” é um dos mais divertidos e criativos filmes de horror dos últimos tempos. Numa época de entresafra no gênero, que se encontra em franca decadência o diretor e roteirista Eli Roth é um alento, juntamente com as produções japonesas de terror (que estão começando a dar sinais de desgaste). *Por fim vale destacar a criativa abertura do filme com os créditos iniciais, com um pano branco no fundo que vai ganhando progressivamente uma coloração rubro/sangue, lembrando os velhos tempos do saudoso e genial Saul Bass - o mais completo e brilhante criador de aberturas de filmes que Hollywood já teve. *- Saiba mais sobre o filme no site oficial clicando AQUI * *¹Marcos Souza é editor de cultura do site e cinéfilo
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