ASSASSINATO: Polícia indicia bolsonarista, mas conclui que não houve motivação política

Chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, a delegada Camila Cecconello disse que Jorge Guaranho foi ao local do crime após ser avisado por amigo que havia uma festa com tema do PT

ASSASSINATO: Polícia indicia bolsonarista, mas conclui que não houve motivação política

Foto: Divulgação

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A Polícia Civil do Paraná conclui que o assassinato do tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) e guarda municipal Marcelo Arruda, morto no fim de semana a tiros pelo policial penal federal Jorge Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), não foi motivado por questões políticas e ideológicas, mas sim por um sentimento de humilhação por parte do autor. Por isso ele não será indiciado por ódio ou crime político.
 
 
Chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, a delegada Camila Cecconello disse que Guaranho vai responder por homicídio, com duas qualificadoras: motivo torpe (repugnante, moral e socialmente repudiado) e perigo comum (por colocar outras pessoas em risco).
 
 
"Ficou claro que houve provocação e discussão por causa de questões políticas", afirmou Cecconello. Mas ela ponderou que não há como provar que o assassino teve a intenção de interromper um ato político ou de a vítima exercer seu direito de manifestação política, apesar de uma festa com temática de partido e pré-candidato ser interrompida a tiros e o aniversariante ser morto.
 
 
A delegada destacou que vítima e autor não se conheciam e que o agente bolsonarista decidiu ir ao local do crime por saber que lá havia uma festa temática do PT e do ex-presidente Lula. 
 
 
Cecconello ressaltou ainda que a questão da humilhação por parte do assassino foi concluída apenas com base no depoimento na mulher dele, que disse em depoimento que o marido decidiu voltar ao local do crime após ser expulso pela vítima e convidados para festa.
 
 
As informações sobre a conclusão do inquérito foram dadas em entrevista coletiva no fim da manhã desta sexta-feira (15).
 
 
Amigo avisou bolsonarista sobre festa com temática petista e lulista
Camila Cecconello contou que a informação sobre a festa no clube recreativo foi passada por um amigo do assassino, que estava na associação e viu a comemoração por meio de imagens das câmeras do circuito interno de TV.
 
 
"A princípio, havia informação que ele (Guaranho) estava no clube para fazer ronda, o que ele costumava fazer de vez em quando. Mas, dessa vez, não foi o que ocorreu, ele não estava lá", ressaltou a delegada. Ficou clafro para os investigadores que Guaranho se deslocou ao clube por motivação política, por causa da festa com temas petistas.
 
 
O autor do crime participava de um churrasco, em outro local, onde costumava jogar futebol com amigos no fim de semana nos fins de semana. Ao saber da festa do petista, Guaranho chegou ao local da comemoração ouvindo música temática de Bolsonaro em seu carro, com a mulher e o filho, um bebê.
 
 
Ao ouvir o som alto, o tesoureiro do PT e outros participantes da festa deixaram o salão e interpelaram o bolsonarista. Houve discussão e o petista jogou terra e pedregulhos no veículo do bolsonarista, que deixou o local avisando que voltaria.
 
 
Cerca de 10 minutos depois, ele retornou já com arma em punho e, ao entrar no salão de festas, atirou em direção a Arruda, que revidou também com tiros e acertou o bolsonarista. Mas Arruda não resistiu, enquanto Guaranho está vivo, internado em um hospital da cidade paraense. Ele teve prisão preventiva decretada na segunda (11).
 
 
O inquérito sobre o caso foi concluído na quinta-feira (14), segundo a Polícia Civil. A instituição diz ter ouvido 17 pessoas na investigação, dentre testemunhas que estavam no local do crime e familiares do guarda municipal e do policial penal federal. Também foram analisadas imagens de câmeras de segurança e foram feitas diligências complementares, ainda segundo a polícia.
 
 
Juiz rejeita impor sigilo às investigações sobre assassinato de petista no Paraná
O juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, rejeitou o pedido para impor sigilo às investigações sobre o crime.
 
 
O pedido partiu do Ministério Público do Paraná e da família do tesoureiro do PT. O juiz entendeu que prevalece o interesse público sobre o caso.
 
 
Para o magistrado, o esclarecimento do caso tem "despertado o interesse da comunidade" o que, afirmou o juiz, "reforça a necessidade de se primar pela regra da publicidade" das investigações
 
 
 
 
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