Brasileiros eram mantidos como 'escravos' por igreja dos EUA

Igreja tirava os passaportes das vítimas, que falavam pouco inglês. Brasileiros eram depois forçados a trabalhar 15 horas por dia, sem salário

Brasileiros eram mantidos como 'escravos' por igreja dos EUA

Foto: Divulgação

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Os brasileiros falavam pouco a língua inglesa quando chegavam ao país e muitos viram os seus passaportes apreendidos. As vítimas eram forçadas a trabalhar 15 horas por dia, sem salário.

Centenas de brasileiros foram escravizados pela igreja evangélica Irmandade da Palavra da Fé (Word of Faith Fellowship Congregation) nos Estados Unidos, segundo uma investigação da agência de notícias Associated Press (AP) hoje divulgada.

De acordo com a investigação da AP, a Irmandade da Palavra da Fé utilizava as suas ramificações no Brasil para manter um fluxo constante de jovens trabalhadores - que viajavam com vistos de turistas ou estudantes - para o seu território de 14 hectares na zona rural de Spindale, na Carolina do Norte.

Os brasileiros falavam pouco a língua inglesa quando chegavam ao país e muitos viram os seus passaportes apreendidos. As vítimas eram forçadas a trabalhar 15 horas por dia, sem salário.

Qualquer violação das regras poderia despertar a ira dos líderes religiosos, o que incluía espancamentos e humilhação no púlpito, de acordo com a AP.

Embora as autoridades de imigração de ambos os países considerem impossível calcular o volume do fluxo humano, pelo menos várias centenas de jovens brasileiros migraram para a Carolina do Norte nas últimas duas décadas, estima a AP, com base em entrevistas com ex-membros da igreja.

A partir de entrevistas com 43 ex-membros, documentos e gravações secretas, os jornalistas da agência de notícias descobriram que os congregados eram alvo de socos e sufocamentos num esforço para "purificar" pecadores.

Uma das vítimas, André Oliveira, disse que aos 18 anos aceitou deixar a congregação no Brasil e mudar-se para a matriz, na Carolina do Norte.

Assim que chegou, teve o seu passaporte e dinheiro confiscados, por segurança, segundo os líderes da congregação.

André Oliveira, que fugiu da igreja no ano passado, é um dos 16 ex-membros brasileiros que contaram terem sido obrigados a trabalhar, sob assédio físico e verbal.

Estas são as últimas denúncias numa investigação que aponta décadas de abuso pela Irmandade da Palavra da Fé.

Outro brasileiro, Thiago Silva, disse que durante anos, os líderes da igreja controlaram a sua vida. Depois de chegar aos Estados Unidos em 2001, aos 18 anos, cada minuto do seu dia era vigiado.

Ao chegar a Spindale, com visto de turista, foi imediatamente obrigado a entregar o passaporte. Não tinha direito a fazer telefonemas sem supervisão e foi rapidamente colocado a trabalhar, lado a lado com norte-americanos.

"Eles recebiam salários (os empregados norte-americanos). Nós, não. (...) Eu não vivi até escapar. Eu tive que sair, pela minha sanidade", contou o brasileiro.

Em 2014, três ex-congregados disseram a uma procuradora assistente dos Estados Unidos que os brasileiros eram forçados a trabalhar sem remuneração, de acordo com uma gravação da reunião obtida pela AP.

Jill Rose, hoje procuradora dos Estados Unidos em Charlotte, prometeu que acompanharia a história, mas os antigos membros disseram que nunca conseguiram contactá-la nos meses posteriores à reunião.

A procuradora negou-se a comentar o caso, alegando que não poderia falar sobre uma investigação em andamento.

A AP descreveu também como os membros da congregação foram ordenados pelos líderes da igreja a mentir às autoridades que investigam os relatos de abuso.

A AP fez repetidas tentativas de obter comentários sobre esta história dos líderes da igreja em ambos os países, mas estes não responderam.

Sob a liderança de Jane Whaley, a Irmandade foi fundada em 1979 e tem cerca de 750 congregados da Carolina do Norte e outros 2.000 membros nas suas igrejas do Brasil, Gana, Suécia, Escócia e em outros países.

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