O custo médio de uma Olimpíada de verão foi de US$ 5,2 bilhões, e o de uma de inverno foi de US$ 3,1 bilhões.
Foto: Divulgação
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Os Jogos Olímpicos do Brasil têm custo 51% superior ao planejado, com um estouro esperado de US$ 1,6 bilhão no orçamento, enquanto o país afunda em seu segundo ano de recessão, constatou um estudo conduzido pela Universidade de Oxford.
O estudo alerta que, mesmo com esse imenso estouro de gastos, o custo total do evento, estimado em US$ 4,6 bilhões, continua modesto comparado ao desembolso de alguns dos anfitriões anteriores, como Londres e Barcelona, o que torna sediar Jogos Olímpicos um dos investimentos de maior risco que uma cidade pode fazer.
"Quando o Rio decidiu se candidatar para sediar uma Olimpíada, a economia brasileira estava se saindo bem", afirma o estudo liderado pelo professor Bent Flyvbjerg, da Escola Saïd de Administração de Empresas, em Oxford. "Agora, quase uma década mais tarde, os custos dispararam e o país vive sua pior crise econômica desde os anos 30, com crescimento negativo e uma falta de fundos para cobrir os custos".
As conclusões do estudo, vigorosamente negadas pelo comitê organizador da Rio-2016, surgem em um momento no qual o Brasil enfrenta múltiplas crises.
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O Estado do Rio de Janeiro, sede da Olimpíada, está enfrentando uma crise financeira que limita sua capacidade de pagar os salários da polícia e manter os hospitais abertos, enquanto em nível nacional a presidente Dilma Rousseff, de esquerda, foi suspensa do posto enquanto aguarda o julgamento de um processo de impeachment.
A crise financeira que o governo do Rio de Janeiro está sofrendo é tão severa que no mês passado as autoridades alertaram sobre uma situação de segurança potencialmente calamitosa durante os Jogos, o que forçou o governo federal, que vive situação de caixa semelhante, a contribuir com mais verbas.
O estudo da Universidade de Oxford considerou 15 edições das Olimpíadas de verão, desde Roma, em 1960, e 15 Jogos Olímpicos de inverno. A conclusão foi a de que sediar o evento era o mais dispendioso, e mais arriscado financeiramente, dos "megaeventos" que uma cidade pode empreender.
A pesquisa encontrou um estouro médio de custo de 156% em termos reais, o maior em qualquer tipo de megaprojeto no planeta, e nenhuma edição da Olimpíada no período em estudo conseguiu respeitar seu orçamento, com quase metade delas o excedendo em mais de 100%.
A mais cara das Olimpíadas de verão foi a de Londres, em 2012, com custo de US$ 15 bilhões, e entre os Jogos de inverno os mais caros foram os de Sochi, em 2014, com custo de US$ 22 bilhões. O custo médio de uma Olimpíada de verão foi de US$ 5,2 bilhões, e o de uma de inverno foi de US$ 3,1 bilhões.
"Os governos dos países sede e o Comitê Olímpico Internacional [COI] não foram transparentes sobre o verdadeiro custo e o estouro dos orçamentos dos Jogos", o estudo afirma. "Por exemplo, o governo britânico afirmou que os Jogos de Londres tiveram custo inferior ao orçamento, mas o estouro real de custo foi de 76%, ou US$ 6,5 bilhões".
No entanto, o governo municipal do prefeito Eduardo Paes informou que o custo da Rio-2016 será de US$ 4,1 bilhões, ou 35% menos que a projeção original de US$ 6,4 bilhões apresentada quando da candidatura da cidade. Desse montante, pouco mais de metade veio do orçamento do comitê organizador, bancado integralmente por recursos privados.
A outra metade representa o investimento da cidade em instalações esportivas, como os estádios e a Vila Olímpica, que tiveram 60% de seu custo coberto pelo setor privado.
O comitê organizador dos Jogos do Rio disse ter mantido um "orçamento equilibrado", propondo cortes se houvesse necessidade, e que não antecipava estouros de custo.
"O relatório serve para apenas um propósito: o de especular quanto a estouros de custos e gerar propaganda negativa", afirmou o comitê.
O relatório admitiu que a Rio-2016 havia devolvido o custo de uma Olimpíada à sua média histórica, depois dos caríssimos eventos de Londres e Sochi.
O custo por atleta projetado para o o evento no Rio é de US$ 400 mil, ante uma média histórica de US$ 600 mil e um pico de US$ 1,4 milhão em Londres. O pior estouro de custos foi o de Montreal, em 1976, estimado em 720%, e o menor o de Pequim, em 2008, estimado em 2% para os Jogos de verão.
"O estouro médio de custos elevado, para os Jogos, combinado à existência de casos isolados de estouro ainda maior, deveria ser causa de cautela para quem quer que esteja considerando sediar os Jogos", o relatório advertia, afirmando que o requerimento de que os governos garantam a cobertura de qualquer excedente de custo era o equivalente a um cheque em branco.
Estouros de custos como esses deixaram Montreal endividada por 30 anos, e no caso dos Jogos de Atenas ajudaram a arremessar a Grécia à sua crise financeira e de dívida que já dura quase uma década.
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