Protestos de caminhoneiros bloqueiam rodovias pelo país
Foto: Divulgação
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No primeiro dia de greve dos caminhoneiros liderados pelo Comando Nacional do Transporte (CNT), grupo sem relações sindicais surgido na internet, diferentes rodovias do país registram interdições causadas pelas manifestações. Há protestos em 48 pontos de rodovias federais do Brasil em 11 estados nesta segunda-feira, interrompendo pelo menos parcialmente o tráfego de cargas em 28 trechos.
As manifestações se concentram em estados importantes para a produção agrícola do país: Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Santa Catarina. O Rio Grande do Sul concentra 14 pontos de protesto, com bloqueio de tráfego em um deles. No Paraná, segundo maior produtor de soja, que está na fase final de plantio, há uma interdição em oito pontos.
De acordo com um dos líderes do movimento no Rio Grande do Sul, Fábio Roque, o grupo não é ligado a sindicatos ou federações:
— Somos apartidários e sem cunho político. Nós lutamos pela salvação do país, e isso só será feito a partir da deposição da presidente Dilma Rousseff, seja por renúncia ou por impeachment — disse à Agência Brasil. — Muitos caminhoneiros não estão na rodovia, mas parados em casa. Nossa preocupação é com o risco de pessoas contrárias ao nosso movimento usar de má fé e atentar contra a vida de pais de família.
Entidades da categoria divulgaram notas em que criticam o protesto. Por meio de nota, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) classificou como imoral “qualquer mobilização que se utiliza da boa fé dos caminhoneiros autônomos para promover o caos no país e pressionar o governo em prol de interesses políticos ou particulares, que nada têm a ver com os problemas da categoria”. A entidade disse que paralisações, greves e protestos são legítimos desde que organizados por entidades sindicais com prerrogativa legal, e deflagradas por meio de deliberação em assembleia geral.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), entidade filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), disse que os caminhoneiros estão sendo usados em prol de interesses políticos, e que o grupo não representa e não tem compromisso com a categoria.
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“Os caminhoneiros não precisam de mobilização para derrubar governo. Os caminhoneiros precisam de mobilização para regulamentar frete e preço de frete, para melhorar as condições de trabalho como pontos de parada com estrutura adequada, confortável e segura para atender suas necessidades. Quem realmente representa os interesses da categoria está trabalhando e lutando para concretizar as reivindicações dos caminhoneiros”, disse a entidade em nota.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os bloqueios atingem pelo menos quatro pontos de rodovias federais em Minas Gerais. No Paraná, houve interrupção total em dois pontos da BR-376 e também da BR-277.
Na BR-280, em Santa Catarina, manifestantes bloqueiam a passagem de todos os caminhões, que são desviados para o acostamento.
Em São Paulo, um grupo de caminhoneiros bloqueia neste momento três faixas da Marginal Tietê, uma das principais vias da capital paulista, na altura da Ponte Jânio Quadros, na pista expressa. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), os motoristas bloqueiam a marginal no sentido da Rodovia Ayrton Senna e o congestionamento se estende por 15 quilômetros, da Ponte dos Remédios até o arco da Sabesp.
A CET não soube informar quantos manifestantes participam do protesto em São Paulo. As pistas locais da via estão liberadas. De acordo com a CET, o bloqueio começou por volta das 11 horas.
Segundo o G1, o grupo protesta também no quilômetro 375 da BR-101, no Espírito Santo, e no trecho entre as cidades de Assu e Mossoró da BR-304, no Rio Grande do Norte. O portal diz ainda que há bloqueios na Bahia (BR-407), no Rio de Janeiro (Via Dutra, na altura de Barra Mansa), no Tocantins (BR153) e em Goiás (BR-040).
Entre os pedidos dos motoristas, estão a redução do preço do óleo diesel, a fixação do preço de frete mínimo e a liberação de crédito com juros subsidiados no valor de R$ 50 mil para transportadores autônomos. A principal reivindicação, no entanto, é a renúncia da presidente Dilma.
— A paralisação será por tempo indeterminado, até que haja a renúncia da presidente Dilma. Temos adesões em vários lugares do país, e será uma paralisação grande. A população e o governo vão se surpreender — afirmou o líder do movimento, Ivar Schmidt, por telefone.
Em fevereiro deste ano, o mesmo grupo organizou uma greve da categoria, causando interdições em dezenas de rodovias. A pauta dos manifestantes permanece muito semelhante à da primeira greve do ano, mas agora conta com alguns acréscimos — como a regulamentação da profissão, para que o motorista se aposente com 25 anos de trabalho, e a anulação das multas decorrentes dos protestos anteriores.
O Palácio do Planalto está preocupado com a politização da greve e, por isso, busca estabelecer uma pauta com a liderança do movimento. O governo teme também uma crise de abastecimento e estuda até mesmo apelar para medidas judiciais contra bloqueios nas estradas.
Nos últimos três dias, a presidente Dilma já fez três reuniões para tratar do tema. Os ministros da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, da Previdência e Trabalho, Miguel Rosseto, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, estão na frente de negociação, mas não houve avanços até agora.
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