Depois de mais de três anos de humilhação, os seringueiros brasileiros residentes no rio Mamu, na fronteira oriental da Bolívia no departamento de Pando, nas proximidades da divisa com o estado de Rondônia (Brasil) conseguiram enfim obter uma solução para um grave problema que parecia não ter mais solução.
Depois de várias reuniões realizadas envolvendo o vice-consulado em Cobija (BO) através de Eustáquio Mendes , a embaixada brasileira de La Paz Cláudia Vasques, e Miguel Arfredo Ruiz López pela Organização Internacional para Migrações (OIM) no intuito de se resolver melindroso problema diplomático chegou a seu desfecho final.
O acordo foi selado esta semana numa reunião realizada em Extrema, sendo considerada positiva para os seringueiros brasileiros, também chamados de Brasivianos.
Durante a reunião com a OIM ficou acertado que a organização será responsável para realizar o assentamento dentro da Bolívia, após a faixa de fronteira de 50km.
Nenhuma família de brasileiros ficou interessada em permanecer na Bolívia. Com o INCRA, representado pelos servidores Guilherme Bibiano, chefe da unidade avançada de Brasiléia e Gerson Beoter, da base de Santarém(PA)a situação foi inteiramente diferente. As famílias enfim sorriram, pois a partir daí os extrativistas sentiram que estavam a um passo de serem repatriados na pátria mãe. ‘’ Finalmente o governo brasileiro escutou o nosso clamor’’, disse o seringueiro barnabé.
Segundo informou o INCRA , as famílias expulsas da Bolívia serão reassentadas no estado do Acre, numa área de terra que se estende desde a capital Rio Branco até o município de Brasiléia no percurso da BR 317. ‘’ Quem quiser sofrer humilhação fique na Bolívia só que eu não fico mais, eu disse isso pros cara da OIM’’ relatou o seringueiro França que teve seus burros mortos com excesso de cargas de castanha quando foram utilizados por zafreros bolivianos. ‘’ Até meus filhos eles queriam fazer de burros, ameaçando eles á carregarem sacos de castanha nas costas’’, disse França.
Vale salientar que muitos seringueiros ainda faltam ser cadastrados, pois estavam arriscando a vida na colheita de castanha ao longo do rio Mamu e não tiveram oportunidade de chegarem a tempo para o recadastramento.
O professor Marquelino, coordenador do projeto ética e cidadania da escola Jayme Peixoto de Alencar disse a nossa reportagem que está feliz pelo desfecho final da situação. ‘’ Nossos seringueiros esperam que agora tenham um tratamento digno por parte do governo brasileiro, o que infelizmente não tiveram por parte do governo boliviano’’, disse o professor Marquelino que há mais de três anos vem dando assistência aos seringueiros brasileiros residentes no rio Mamu, defendendo inclusive dissertação de mestrado sobre este tema no curso de ciências da linguagem pela universidade federal de Rondônia – UNIR – campus de Guajará-Mirim.
“Quanto aos Bolivianos que aqui residem, devemos tratá-los com respeito e dignidade, aceitando e compartilhando com suas diferenças, procurando dar exemplo a alguns países que insistem em adotar práticas reacionárias através de um poder coercitivo considerado ultrapassado para o mundo atual, onde insistimos em semear a semente da paz entre as nações numa incansável busca por uma convivência planetária cidadã. Mas seria por demais conveniente que o governo federal adotasse e fizesse cumprir uma política pública de regularização migratória no país de todos os estrangeiros que aqui residem, começando pelos Bolivianos que não são poucos’’ finalizou o Professor Marquelino.