A reunião entre parentes de vítimas do acidente com o vôo 3054 e representantes da TAM terminou por volta das 13h40 desta sexta-feira (3). Segundo os familiares que deixavam o local do encontro, em um hotel na Zona Sul de São Paulo, houve poucos resultados concretos.
"Não ficou decidida muita coisa. Houve muitas perguntas", disse a bancária Ariane Sato, de 31, irmã de Rogério Sato, que estava no avião.
Segundo o representante comercial Renato Gomes, que perdeu duas filhas na tragédia, o encontro tratou de questões de assistência médica e psicólogica. Antes restrita a parentes de primeiro grau e irmãos das vítimas, os familiares pediram que fosse estendida a pessoas indicadas pela própria família. "Chegamos à conclusão que a parentes de primeiro grau e irmãos não era suficiente. Também tem tios, padrinhos...", justificou Renato.
Além da ampliação do convênio médico, os parentes reivindicam ter acesso à apólice de seguro da TAM, que a empresa afirma ser sigilosa. Ainda de acordo com Renato, o seguro obrigatório também foi discutido na reunião. Por vítima, a empresa deverá pagar R$ 14.600.
Parentes das vítimas que deixavam a sala disseram também que no encontro desta sexta-feira a TAM se comprometeu a reservar uma sala no hotel em que estão hospedados para apoiar os familiares. Segundo eles, a companhia afirmou que tratará caso a caso para decidir sobre as indenizações. A TAM não se pronunciou sobre a reunião.
Protesto
Por volta das 12h, um grupo de aproximadamente 15 parentes de vítimas deixou a reunião com representantes da TAM, irritado com a falta de propostas concretas por parte da empresa.
"A TAM está brincando com a gente", reclamou Raifran Almeida, que perdeu o irmão, a cunhada e dois sobrinhos na tragédia. "Simplesmente, seu Libano não tem resposta para nos dar", afirmou, referindo-se a um dos representantes da empresa, Libano Barroso, vice-presidente de relações com investidores da companhia.
Ainda segundo ele, após ouvir as reivindicações, Barroso fez anotações e pediu um prazo até dia 9. "Não somos marionetes", reclamou Raifran.
A TAM rebateu as críticas dos familiares informando que está prestando todo auxílio aos familiares das vítimas, pelo tempo que for preciso. A maioria dos familiares permaneceu no local, mesmo após a desistência de parte de grupo.
Encontro com Lula
Raifran Almeida é um dos três familiares de vítimas que se encontraram na quinta-feira (2) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. De acordo com ele, o presidente chegou a pedir desculpas pelo acidente e disse que estava comovido. "Respondi a que não só ele, o Brasil está comovido. Queremos medidas enérgicas e rápidas do governo."
No encontro que, segundo Raifran, durou 50 minutos, os representantes dos familiares das vítimas ainda questionaram Lula sobre gestos obscenos de seus assessores na época do acidente. O presidente teria então dito a eles que "nem tudo o que falam é verdade".
Ainda de acordo com Raifran, assessores de Lula informaram que o presidente deverá ir a Porto Alegre em breve, para se encontrar com parentes das vítimas.
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