Pesquisador consultado sobre usinas do Rio Madeira aponta “grande grau de incerteza” para impactos sobre peixes

Pesquisador consultado sobre usinas do Rio Madeira aponta “grande grau de incerteza” para impactos sobre peixes

Pesquisador consultado sobre usinas do Rio Madeira aponta “grande grau de incerteza” para impactos sobre peixes

Foto: Divulgação

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Brasília - Consultado pela estatal Furnas, o pesquisador Angelo Antonio Agostinho apontou “um grande grau de incerteza” quanto aos impactos que a obra teria sobre os peixes migradores da região. A estatal e a a empreiteira Odebrecht são responsáveis pelo estudo de impacto ambiental (EIA) do projeto. O governo federal quer construir no rio, em Rondônia, duas hidrelétricas (Jirau e Santo Antônio), com 6.450 megawatts no total – aproximadamente metade da potência de Itaipu, a usina mais potente do país. A obra depende da concessão de licença prévia pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que, em 23 de abril, publicou parecer recomendando a não emissão da licença e pedindo a elaboração de um novo EIA. De acordo com o documento do Ibama, os estudos feitos não identificam todas as áreas que seriam afetadas pelas obras e deixam muitas incertezas. Uma das questões destacadas é a sobrevivência dos grandes bagres da região, entre os quais a dourada, de grande importância comercial, citada também na análise de Angelo Antonio Agostinho. Ao concordar com a avaliação do Ibama, ele faz uma ressalva: “Isso [a falta de dados para prever com segurança os impactos] é verdade nos empreendimentos em todo o Brasil.” “Existe suspeita de que a dourada tenha comportamento de homing, volta ao local de nascença para reprodução”, comenta Agostinho, em entrevista à Agência Brasil. “Se isso for verdadeiro no caso dela e de outros bagres, é necessário fazer uma transposição massiva.” Em seu texto, ele avalia o sistema proposto para transposição de peixes no projeto, um canal lateral, como a melhor opção no caso, pela possibilidade de adequações posteriores, e diz que o mecanismo equivalente em Itaipu teve relativo sucesso. Conclui que as condições de instalação no Rio Madeira são melhores, mas que, ainda assim, faltam elementos para saber a eficiência que o canal teria. “O problema que a gente levanta é o do retorno dos peixes que sobem o rio para se reproduzir. Essa é a maior incerteza”, explica o pesquisador, que coordena a área de Projetos do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura da Universidade Estadual de Maringá. E a preocupação não se restringiria aos exemplares adultos: se estenderia aos ovos e larvas que, após a desova, normalmente seguem rio abaixo. Angelo Antonio Agostinho lembra que, além de permitir o trânsito de determinadas espécies, existe o desafio de vetar essa possibilidade às outras. “As barreiras naturais, como a Cachoeira do Teotônio, limitam a distribuição das espécies”, explica. Assim, diferentes trechos do rio têm variações na fauna de peixes. O especialista aponta a necessidade de “um investimento muito grande” para maior conhecimento dos recursos naturais do país. “Temos rios de mais de mil quilômetros que ainda não foram nem inventariados”, diz. “O conhecimento da fauna aquática é muito baixo na América do Sul em geral, e na Amazônia mais ainda.” Agostinho conclui que, em se tratando de represamentos, deve-se partir de dois pressupostos: essas obras sempre causam impactos, e cabe à sociedade decidir sobre eles; e existem soluções para atenuar boa parte dos efeitos, mas elas, muitas vezes, são caras. *VEJA TAMBÉM: * Ribeirinhos do Médio e Baixo Madeira querem usinas com responsabilidade * Ribeirinhos do Madeira levam seu repaldo ao MPF nessa segunda-feira
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