JORNAL NACIONAL - Uma conversa gravada e uma nova suspeita

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Foto: Divulgação

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*Ministério Público Federal investiga denúncias de esquema de corrupção que envolveria a alta cúpula do PT e a Firjan. Em gravações, realizadas em agosto do ano passado, auditores fiscais contam porquê o INSS não fiscalizava empresas do estado. *O principal personagem da denúncia é a auditora fiscal do INSS, Maria Auxiliadora de Vasconcelos. Ela era presidente de um sindicato de auditores e foi presa em maio de 2005 acusada de participar de um esquema de extorsão de empresários em troca de um fraudulento perdão das dívidas. *A gravação obtida pelo Jornal Nacional é de um único telefonema, do dia 11 de agosto de 2004, portanto há quase um ano. A gravação foi feita por agentes da Polícia Federal, com autorização da Justiça. A investigação era sobre fraude do INSS. Mas o que se ouve aqui é uma denúncia muito mais grave, que atinge os altos escalões do PT e do Governo Federal. *A conversa é entre Maria Auxiliadora e outra auditora fiscal: Maria Teresa Alves. Maria Auxiliadora diz que esteve com o ex-ministro da previdência Amir Lando, que teria falado com ela sobre um esquema de pagamento de propina na Federação das Indústrias do Rio. *Segundo ela, o dinheiro seria recolhido pelo o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Na reunião com o ministro, a fiscal teria entregue um dossiê com denúncias sobre o superintendente do INSS no Rio, André Ilha. *Maria Auxiliadora: ?Chegou nas mãos do Amir Lando. E aí foi que ele disse: ?Olha, na realidade o que acontece é o seguinte: eu, no Rio de Janeiro, não vou mexer no Rio de Janeiro porque eu me comprometi em não mexer lá. O Rio de Janeiro tem um ?contrato? com a Firjan?. Abriu o jogo, ele mesmo abriu o jogo: ?A Firjan dá uma mensalidade, dá não sei o quê, que quem vai buscar é o Delúbio de Souza Soares. Isso é para as empresas não serem fiscalizadas. Só que ele sabe que existe esse contrato com a Firjan, obviamente a Firjan é da indústria, aí para não chamar a atenção, nem indústria, nem comércio, nem ninguém é fiscalizado. Só as empresas do governo mesmo é que são fiscalizadas, entendeu ? Ele sabe de tudo isso?, conta ela na gravação. *Em outro trecho da gravação, a auditora fala que o esquema teria sido criado há mais tempo. Ela cita Waldeck Ornelas e José Cechin, ex-ministros da Previdência do governo Fernando Henrique. *E dá a entender que o esquema foi mantido no governo do PT. *Maria Auxiliadora: ?Amir Lando é uma pessoa maravilhosa. Ele é acessível, muito acessível e ele foi muito claro: ?Não, no Rio de Janeiro, eu realmente não vou mexer porque eu tenho compromisso com o José Dirceu?. Porque esse contrato foi feito sabe por quem? Ainda com o Ornelas. O Cechin conservou a turma e eles estão conservando. O contrato foi feito com o Ornelas ainda. Por isso que eles entraram todos os da época, ainda?, continuava na gravação. *Amir Lando ocupou o Ministério da Previdência de janeiro de 2004 a março de 2005. Ele está no interior de Rondônia e falou ao Jornal Nacional por telefone. *?O ministro José Dirceu jamais disse para não fiscalizar o Rio de Janeiro. Pelo contrário. Nós recebemos denúncias de que as maiores empresas, as 500 maiores do Rio de Janeiro não eram fiscalizadas há dez anos. E o que nós fizemos: criamos a secretaria da Receita sem qualquer influência política no sentido de fiscalização, adotar critérios objetivos e enfim, acabar com a sonegação?, disse Amir Lando. *?O meu período do Ministério é marcado pelo combate firme e rigoroso a corrupção e a fraude da Previdência Social?, falou Waldeck Ornélas, ex-ministro da Previdência. *O advogado Nélio Andrade, que defende a auditora Maria Teresa, confirma a autenticidade da gravação. * ?Foi uma conversa informal, a minha cliente ouviu o relato da Maria Auxiliadora , porque isso já era voz corrente dentro da fiscalização do estado do Rio de Janeiro?, falou ele. *Apesar de a gravação ter sido feita há quase um ano, só há um mês o Ministério Público conseguiu acesso às informações. *?As denúncias das auditoras são do ano passado, ou seja, em tempo muito anterior ao esquema conhecido como o Mensalão. Então esses fatos são muito graves, então nós já estamos adotando todas as medidas cabíveis para esclarecermos os fatos?, informou Fábio Aragão, procurador da República. **Em nota, a diretoria da Federação das Indústrias afirma que desconhece o que seja "caixinha da Firjan? e que jamais se reuniu com o ex-ministro Amir Lando e com Delúbio Soares. *Também em nota, o ex-ministro da casa civil, deputado José Dirceu diz que as declarações da auditora são infundadas e que jamais teve conhecimento de esquema para acobertar irregularidades envolvendo o INSS. *O superintendente do INSS no Rio, André Ilha, também rebateu as acusações. *?Desde que assumi a superintendência do INSS no Rio, no início de 2003, nunca houve uma pressão política no sentido de fiscalizar ou deixar de fiscalizar determinada empresa, determinada entidade?, contou André Ilha. *O ex-ministro José Cechin, que ficou à frente do Ministério da Previdência entre março e dezembro de 2002, disse ter certeza de que na gestão dele e na de outros ministros nunca existiu o esquema citado pelas auditoras. Os advogados do ex-tesoureiro do PT informaram que Delúbio Soares desconhece as denúncias e nunca teve qualquer relação com esses fatos.
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