A inauguração de uma mega estrutura feita pelos chineses que é o porto de Chancay no Peru, disparou o alerta das autoridades de segurança do Brasil. O Governo Federal planeja inaugurar, em fevereiro de 2025, um centro de inteligência em segurança pública, na cidade de Cruzeiro do Sul, Acre, em uma área próxima à fronteira com o Peru.
O objetivo é intensificar o combate ao tráfico de drogas e outras atividades ilícitas, já que a região é estratégica devido à inauguração do porto que fica distante 75 quilômetros de Lima e é operado pela empresa chinesa Cosco.
O terminal é considerado um ponto favorável para o aumento do comércio entre a China e a América do Sul, mas também desperta preocupações relacionadas à segurança.
O novo centro de segurança será o primeiro de um modelo de postos de inteligência que o governo pretende implementar nas demais fronteiras do país. A ideia não é apenas monitorar essas áreas, mas também fortalecer o combate a organizações criminosas que operam na região amazônica.
O projeto será executado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, ainda na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governo diz que a integração das fronteiras é fundamental para mitigar riscos e desarticular redes de tráfico e contrabando.
Além do centro de inteligência no Acre, o governo está elaborando outras medidas para enfrentar o crime organizado, incluindo a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e um projeto de lei “antimáfia”.
As autoridades de segurança também querem aumentar o controle da Interoceânica, rodovia a partir de Rio Branco, capital do Acre, com mais de 2,6 mil quilômetros até o porto de San Juan de Marcona, ao sul de Lima.
Rota do crime
Um levantamento iniciado em 2018, pelo Ministério Público do Acre, aponta que o estado é corredor de drogas e armas.
A região desperta interesse dos grupos criminosos que se instalaram nas cidades nos últimos anos, interessados nos caminhos por florestas, rios e pistas clandestinas para aeronaves, por onde narcotraficantes negociam muitos dólares de cocaína e armamentos.
Grande parte desse arsenal fica nas cidades da Amazônia e o restante é negociado de maneira clandestina e segue para outros continentes.
Das 22 cidades acreanas, 17 estão situadas na linha de fronteira com países andinos. O estado possui uma extensa faixa de fronteira com a Bolívia (618km) e o Peru (1.350).
Juntos, esses dois países são responsáveis por mais de 10% de todo o cultivo de coca no mundo, com mais de 90.000 hectares plantados.
A Bolívia ainda é considerada o terceiro maior produtor de coca, perdendo apenas para a Colômbia e o Peru, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC).
Desde 2022, grupos criminosos disputam o controle dos caminhos por onde passam drogas e armas nas cidades acreanas. De lá para cá, o índice de assassinatos só cresceu. As cadeias do Acre estão superlotadas com detentos que fazem parte de várias facções.
De acordo com o Ministério da Justiça, no Acre, o controle das prisões é dividido entre três das principais facções: o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e o Bonde dos 13 (B13), uma organização criminosa de origem local.
O levantamento abrange o período desde o fim de 2022 até hoje. O governo define organizações criminosas (orcrims) como grupos que reúnem com trajetória delitiva e funcionam como organizações de atividades ilícitas.