1 – O NOVO IBOPE
Supondo-os uma leitura verdadeira da real evolução da disputa eleitoral para prefeito de Porto Velho, depois de compará-los com os da sondagem anterior do mesmo instituto, resultam poucas e não muito significantes as inferências que se pode fazer a partir dos números da pesquisa de intenções de votos colhidos pelo Ibope e divulgados pela TV Rondônia (Sistema Globo) nesta sexta-feira (19).
Na mais evidente delas, é para lá de razoável supor que os candidatos Mauro Nazif (PSB) e Alexandre Brito (PTC) ou não estão empenhados na campanha fora do que lhes é concedido operar por intermédio da propaganda gratuita no rádio e na TV ou o discurso que estão fazendo ressoar, quer no horário da Justiça Eleitoral ou no enfrentamento direto com o eleitorado, está convencendo ninguém e agradando nem um pouco. Não descartada a possibilidade de que tudo isso possa estar ocorrendo em convergência.
De outra maneira não é possível explicar porque, entre todos os concorrentes, eles foram os únicos a oscilar – e negativamente. O deputado federal Mauro Nazif, por exemplo, começou com 7 pontos percentuais e agora obteve 3% das intenções de votos. E o deputado estadual Alexandre Brito, que na sondagem anterior ficou com 3% das preferências dos porto-velhenses, no atual levantamento apareceu emparelhado com os candidatos Adilson Siqueira (PSOL) e Hamilton Casara (PSDB) – todos com 1%.
Repare o leitor que, tirante as hipóteses no começo levantadas, não há outras possibilidades. No intervalo entre uma e outra pesquisa, nem Brito e nem muito menos Nazif foram objetos registros pejorativos que pudessem ecoar junto ao eleitorado de modo faze-los perder simpatias. Pelo contrário. No único debate transmitido pela TV - o da Ulbra - noves fora o postulante oficial em direção ao qual todos atiram, não foram apenas poupados, mas até ajudados por força da conspiração contra o candidato à reeleição.
2 – DENÚNCIA VAZIA
Por falar nele, dos 55% em que Roberto Sobrinho (PT) se manteve, o que se pode dizer é que adiantaram nada os ataques de que foi objeto no debate ou as denúncias com que se pretendeu depreciar sua administração – entre as mais retumbantes delas, a que deu conta de que não teriam o valor que a Prefeitura deu a entender que tivessem os documentos entregues aos beneficiários do Programa de Regularização Fundiária. Aliás, tal registro nem tirou intenções de votos do denunciado e, ao contrário do que seria esperado, tampouco resultou em algum acréscimo para o denunciante, o candidato Lindomar Garçom (PV), que se manteve nos mesmíssimos 19% do primeiro levantamento.
E olhe que, sem tirar nem por, esse foi até agora o bochicho mais estridente desta campanha, por assim dizer, o que mais deu o que falar na Capital. Terá sido decisiva para acabar com o burburinho a atitude jornalisticamente correta deste O ESTADAO DO NORTE, que não apenas acatou um pedido de direito de resposta extrajudicial do Cartório Carvajal como deu realce ao documento, publicando-o na retranca de uma das ressonâncias da denúncia, com direito à chamada em três quartos de página no alto de sua Primeira Capa. Ou seja, todo mundo correu para ver do que se tratava.
Ali o pessoal do cartório, como se diz pelaí, matou a pau. Como estão, os documentos só não serão aceitos pelos bancos em caso de venda dos imóveis com financiamento. Isto porque a Prefeitura não pode transferir a posse do que não pertence ao Município – no caso, as benfeitorias (construções) que estão em cima dos lotes concedidos aos beneficiários do programa. Os terrenos, de cuja posse a Prefeitura é titular, é que estão sendo transferidos, de pleno direito, às pessoas que os ocupam, que lá construíram suas moradias. Estas é que, em caso de venda com financiamento bancário, ainda precisam de averbação – ato que anota todas as alterações e acréscimos referentes ao imóvel. O fato é que, depois da publicação, não se falou mais nisso.
3 – TAREFA INGLÓRIA
Para não dizer que os novos números do Ibope não foram recebidos com pacífica e absoluta indiferença, conste que a edição deste O ESTADÃO amanhecera nas bancas exibindo uma pesquisa do rondoniense Instituto Phoenix, onde Sobrinho aparecera com 43,2% contra 25,6% de Lindomar Garçom, de resto, o seu opositor mais bem aquinhoado nesse tipo de disputa desde que começaram a circular os primeiros rumores sobre essas medições. Desconsiderando o fato de que os erros ou acertos do instituto local devem-se muito mais à criatividade do que ao trabalho de campo e rigor matemático dos seus operadores, a única novidade que veio a tona apontava para a possibilidade de um segundo turno.
E como até os bagres ameaçados do Madeira estão entediados de saber, todo o esforço do conjunto das candidaturas oposicionistas se resume, hoje, em tentar fazer das tripas coração para ver se se consegue levar a disputa para um cada vez mais improvável segundo turno – e só pela quantidade de condicionais necessárias para formular esta sentença já se pode aduzir quão inglória é a tarefa. Testemunho inequívoco desse desvario foi o panfleto com a marca do Ibope que circulou na mesma sexta-feira requerendo autenticidade para os números ali apostos em desfavor dos dados do Ibope que seriam divulgados no final da tarde pela TV Rondônia. Uma idéia que faria o jerico buscar uma reparação na Justiça caso lhe fosse atribuída.
Enfim, conste que nem mesmo Nazif ou Brito têm lá muito do que se queixar. Primeiro porque podem estufar o peito e, como poucos, se ufanar da fidelidade dos seus eleitores – que, segundo o Ibope, votam neles ou em ninguém. Pois os 4% que desistiram de votar no primeiro e os 2% que debandaram do segundo não migraram para qualquer outro candidato – mas para os indecisos, que aumentaram na exata soma de 6%, passando de 7% para 13%. Depois porque tais oscilações estão dentro da margem de erro (4%). Ou seja, conforme o Ibope – e esta é a única novidade desta pesquisa em relação à primeira - ninguém está conseguindo convencer ninguém a mudar de voto. Ou, dito de outro modo, as campanhas estão adiantando nada – puro desperdício de tempo e dinheiro.