Raimunda disse que ela estava com o marido ingerindo bebida alcoólica com o pai-de-santo, quando ele pediu para que uma mulher, identificada como Márcia, que se encontrava no local, trouxesse a vítima, Mauro, que morava na casa em frente. A mulher foi até a casa de Mauro e retornou logo em seguida para a residência de Márcio. Raimunda disse que Márcia voltou acompanhada de sua filha, mas que nem chegaram a adentrar na casa, indo embora as duas.
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Márcio José Correia, vulgo "Mamô", pai-de-santo acusado por Raimunda de ter premeditado o crime.
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Mauro entrou na casa e logo começou a ingerir bebida alcoólica também, “cerveja suja”, junto com os outros e em determinado momento “pai Mamô” pediu para que a filha de Raimundo fosse embora, e em seguida, por volta das 23h00, Raimunda disse que o pai-de-santo incorporou uma entidade de nome “Bruxa Capeta Infernal” e chamou Mauro para dentro de um quarto – denominado por ele de “local de oferendas” – e permaneceu no local por 15 minutos, segundo a depoente, que disse ter ficado com o marido sentado na sala. Ela disse que Mauro e Márcio ficaram conversando nesse período, mas que não conseguiu ouvir o que falavam porque o som mecânico estava muito alto.
Depois os dois saíram do quarto e Márcio disse “Vamos ali”, e acompanhado do marido de Raimunda, Antônio, os três sentaram embaixo de uma jaqueira no quintal da casa e o pai-de-santo então incorporou outra entidade, mais violenta, chamada de LÚCIFER. Raimunda disse que ficou a dois metros de distância vendo o que estava ocorrendo e ficou assustada com a incorporação de Márcio pela entidade LÚCIFER, pois o mesmo dizia ser o próprio CAPETA e proferiu a seguinte frase: “MATE-O!!”. Ordem essa, segunda ela, dada ao seu esposo.
O que veio a seguir, segundo Raimunda, foi a cena mais chocante da sua vida, quando notou que Mauro havia caído em um córrego próximo e depois foi atacado por Márcio e Antônio.
Em seu depoimento Raimunda disse que ficou de costas diante do que pressentia que iria acontecer e ouviu barulhos de pancadas na vítima e que viu quando o seu marido estava com um facão na mão, entretanto não soube dizer quem desferiu o primeiro golpe em Mauro, mas disse que Antônio seguia ordens dadas pela entidade LÚCIFER que estava no corpo de Márcio e que em determinado momento ela ouviu um barulho como estivessem jogando algo no córrego. Raimunda foi enfática ao falar que não viu quando Mauro foi assassinado, mas ressaltou que: “(...) quem deu a ordem foi Márcio, que estava ‘incorporado do capeta’ (...)”, disse ao delegado.
DETALHES DO CRIME
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Antônio Ferreira, segundo sua esposa, está assumindo autoria do crime por medo da ameaça da entidade "Lúcifer", que disse que iria matar seus 5 filhos.
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Raimunda disse ao delegado que não soube dizer que desferiu os golpes de faca, porém em contato com a reportagem do Rondoniaovivo.com, ela disse que viu o seu marido com o facão, mas ela disse que ele deve negar, pois Antônio tem medo das ameaças feitas por Márcio.
Contando os detalhes do crime, Raimunda falou que Mauro estava bastante embriagado e que foi espancado pelo pai-de-santo e por Antônio, e que em determinado momento saiu rolando até cair no córrego e que depois terminaram por matar a vítima. A mulher disse que chegou a ver que o rapaz estava morto, mas não soube precisar maiores detalhes a respeito dos ferimentos, pois o local estava escuro.
Em seguida do crime, o pai-de-santo e Antônio voltaram para o quintal, momento em que, segundo ela, a entidade LÚCIFER falou a seguinte frase: “IDIOTA, VOCÊ NÃO SERVE PARA NADA. SE VOCÊ DEIXAR PISTA PARA INCRIMINAR O MEU ‘CAVALO’ EU MATO SEUS CINCO FILHOS!”.
Com medo, Antônio retornou até onde estava o corpo no córrego e demorou “um certo tempo”, porém Raimunda não soube relatar o que o marido foi fazer, mas que ela chorou bastante, pois estava muito nervosa com o que presenciara. Ela não soube esclarecer o que Márcio fez depois disso, no entanto a mulher lembra que chegou na casa de Márcio um outro rapaz, identificado como Tiago, no momento em que seu marido se lavava no banheiro, mas não permaneceu muito tempo, indo logo embora.
CASO AMOROSO
Raimunda contou que dormiu na casa de Márcio, pois faz uso de remédio controlado e estava com sono e quando acordou, por volta das 06h00 da manhã do dia seguinte, foi tomar café e depois voltou novamente para casa do pai-de-santo acompanhada de sua filha, identificada pelo nome de Além, para limpar o quintal, pois, segundo ela, pretendiam fazer uma festa surpresa em homenagem aos “caboclos”, entidades espirituais que ali baixavam. Porém depois ela disse que não era inverídica o fato de que retornou ao local onde ocorrera o crime para apagar vestígios do que ocorrera na noite anterior, mas ela negou que o seu marido teria um relacionamento amoroso com Márcio, o pai Mamô.
Antônio assumiu a autoria do crime, mas Raimunda disse que acredita que o seu marido está assumindo a culpa por medo das ameaças de Márcio, que, segundo ela, por estar possuído pelo “CAPETA” ameaçou matar os seus cinco filhos.
Em seu depoimento à polícia Raimunda esclareceu que a vítima, que também era homossexual como o pai-de-santo, havia tido um caso com Márcio, porém tinham se separado em dezembro de 2008, mas Mauro estava apaixonado por outro rapaz, de nome Izaias, atual namorado do pai-de-santo. A mulher acredita que Márcio premeditou o crime usando o seu marido para cometer o assassinato e que Mauro inconformado havia dito que o pai-de-santo tinha feito macumba para Izaias ficar com ele.
Ela relatou que a vítima era uma boa pessoa e não merecia ter morrido e que o crime foi cometido por “forças demoníacas”.
CRÂNIOS ROUBADOS E ANTECEDENTE
Por fim Raimunda assumiu a autoria da retirada dos dois crânios humanos (que enfeitavam o terreiro de Márcio) de dentro do cemitério de Santo Antônio em meados de janeiro deste anos e ainda confessou que em sua vida pregressa já fora presa e processada pelo crime de estelionato na comarca de Xapuri (AC).