ESPECIAL 2ª PARTE – Veículos roubados em Rondônia são usados como moedas de troca para drogas e armas

Um agravante do negócio entre os receptadores bolivianos e marginais brasileiros é a moeda de troca. Normalmente trocam-se os veículos por drogas e armas, o que acaba aumentando a violência no estado. Saiba mais. >>>

ESPECIAL 2ª PARTE – Veículos roubados em Rondônia são usados como moedas de troca para drogas e armas

Foto: Divulgação

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Todas as fotos que integram esse Especial foram tiradas pela reportagem em Guayará-merim, onde mostram veículos (carros e motos) sem placas e outros já nacionalizados através do programa nacional boliviano de regularização de veículos.
*- *Um agravante do negócio entre os receptadores bolivianos e marginais brasileiros é a moeda de troca. Normalmente trocam-se os veículos por drogas e armas, o que acaba aumentando a violência no estado. *Atualmente a Polícia Civil, em parceria com a Polícia Militar executa a operação São Cristóvão , de combate e repressão ao crime nas rodovias que dão acesso à Bolívia. Utilizando agentes do Denarc – delegacia de Narcóticos, da delegacia de furtos e roubos de veículos, da delegacia de patrimônio e policiais militares, a operação conseguiu baixar o índice de roubo á veículos na capital. A operação tem data definida para acabar e com seu fim, o roubo deve voltar aos patamares anteriores. *
CONIVÊNCIA
*Após o veiculo entrar em solo boliviano, ele é rapidamente nacionalizado numa operação simples realizada pela Aduana nacional. O “comprador” recolhe os encargos relativos ao trâmite burocrático e já sai com a placa boliviana. Já houve casos em que entre o roubo em Porto Velho e a nacionalização boliviana, menos de 24 horas se passou. *As dificuldades judiciais impostas pela justiça boliviana para quem tentar resgatar um carro são imensas. Sempre que algum brasileiro entra no poder judiciário daquele país, com uma ação contra um boliviano, tentando resgatar um bem, nos 100% dos casos, as autoridades do país dão ganho de causa para o nativo. *
SEGURO
*O golpe do seguro aplicado em seguradoras por proprietários mancomunados com marginais também fornece uma boa parte da frota boliviana. Geralmente estes carros vêm de outros estados. *O golpe funciona da seguinte forma. O proprietário entrega o carro para um “puxador”, que traz o carro até a fronteira com a Bolívia. Após a travessia, o bandido dá um telefonema para o proprietário, que faz o registro de ocorrência de furto simples do carro. Na gíria policial, diz-se que o cara “berra”, numa alusão ao cabrito, apelido do veiculo furtado. *A recuperação dos carros roubados que atravessam a fronteira não está na lista de prioridades das seguradoras. Normalmente as companhias de seguro não mandam investigadores atrás dos carros, muito menos ingressam na justiça boliviana tentando reaver seu bem. Para as companhias é mais fácil aumentar o valor da apólice. *Vale ressaltar que a reportagem apurou que os veículos oriundos do golpe do seguro têm um valor mais alto no comércio do país vizinho em comparação aos provenientes de furto e roubo a mão armada. Segundo fontes, a preferência é por questões de segurança, já que os bolivianos têm certeza que as seguradoras não vão atrás do s carros, diferente de proprietários que moram na região e podem causar “problemas”. *Em razão da grande incidência de roubos em Rondônia, o seguro para autos no estado é um dos maiores do Brasil. Numa simulação envolvendo uma camionete L 200 (objeto do desejo dos bolivianos), ano 2006/ 2007, 3.0, HPE, o seguro custa R$5.587,00 por ano. Numa mesma projeção, se o veiculo fosse segurado em Natal (RN), o valor cairia para R$4.110,00. A diferença de quase 40% dos valores cobrados pelas seguradoras está diretamente ligada à receptação boliviana. *
HERÓI OU BANDIDO
*Uma solução é mandar roubar novamente seu carro ou camionete. Existem em Porto velho, pessoas “especializadas” em roubar novamente o carro e traze-lo de volta. O valor de tal operação fica em torno de R$ 5.000,00 e não se tem garantia de sucesso. *O comerciante Marcos Mota (Max), 43 anos, teve uma motocicleta Honda Falcon 400cc, furtada em Porto Velho no ano de 2002. *Indignado, Max contatou um conhecido do país vizinho que lhe deu a “fita” de onde a moto se encontrava. Numa ação ousada, o comerciante entrou no país vizinho, alugou uma escopeta calibre 12 e foi de madrugada para a casa onde se encontrava seu veiculo. *Assim que o receptador abriu o portão pela manhã, Max invadiu de arma em punho e fez reféns, além do boliviano, sua esposa e uma criança. Após amarrar a família, Max empreendeu fuga em direção ao Rio, com o intuito de atravessar a moto de volta para o Brasil. No meio do rio, Max foi interceptado por policiais bolivianos que o prenderam. Durante seis horas, Mota ficou em poder da polícia local, só sendo liberado porque o “receptador” (sob ameaça de morte) garantiu para o promotor (fiscaliza) que ele havia devolvido a motocicleta para o “gringo” por livre e espontânea vontade. Assim, agindo como bandido, Marcos conseguiu resgatar seu veículo. *
MARINHA
*Em toda a extensão da fronteira rondoniense com a Bolívia, apenas uma agencia fluvial da Marinha do Brasil, baseada em Guajará-Mirim cuida da segurança nacional. *De acordo com o capitão Roseno, oficial responsável, a agência conta com um efetivo de nove pessoas, entre marinheiros e oficiais e não tem poder de polícia. *“Quando encontramos algum ilícito no porto, comunicamos a Polícia Federal para fazer a prisão” disse o capitão. *
POLÍCIA RODOVIARIA FEDERAL
* No estado temos duas rodovias federais que dão acesso ao país vizinho. A BR 364, através de um entroncamento a cerca de 140 km da capital e a BR 429, que liga a BR 364 a Costa Marques no vale do Guaporé. *Segundo informações da Superintendência na região, a PRF conta com 220 patrulheiros para os estados de Acre e Rondônia, divididos em postos e delegacias espalhados pela BR 364. *A BR 429 não conta com postos fixos nem com a patrulha móvel da PRF, sendo alegado como principal motivo, a falta de pavimento da rodovia. *Um projeto em estudo, pode vir a brindar Rondônia com um esquadrão aéreo da PRF, com a utilização de um helicóptero, o que teoricamente poderia auxiliar no combate ao crime de roubo de veículos na fronteira. *De acordo com informações prestadas pelo departamento de comunicação social da entidade, a repressão ao crime nas BRs sob jurisdição da 21ª delegacia tem alcançado índices positivos. *Em 2005 foram 67 veículos nos estados de Rondônia e Acre. Em 2006, 84 veículos e em 2007, 13 veículos (de janeiro até dia 9/3) voltaram para seus proprietários. *
POLICIA FEDERAL
* O departamento de Polícia Federal em Rondônia possui apenas uma delegacia em toda a extensão da fronteira com a Bolívia. Em Guajará-Mirim estão lotados cerca de 20 Federais, entre agentes, escrivães e delegados. Os equipamentos disponíveis para o combate ao crime, como lanchas, viaturas e outros não foram divulgados por questões de segurança. *Os municípios de Costa Marques e outros povoados ribeirinhos não têm plantão da PF apesar de serem constantes às operações na área de fronteira. *
SOLUÇÕES
*A solução para tentar minimizar a ação da máfia boliviana em território nacional passa por ações de âmbito federal, numa possível negociação entre a Republica Federativa do Brasil e a Republica Boliviana, que envolve desde a assinatura de um acordo ou tratado de devolução amigável, como também uma tomada de posição firme do Brasil e exigindo a devolução através de operação militar. *Ações do Governo estadual podem ser executadas, como a criação de um grupo especial de polícia de fronteira, a exemplo do Mato Grosso. *O estado vizinho após a criação da força tarefa, denominado Gefron – Grupo Especial de Fronteira – conseguiu diminuir sensivelmente a atuação de bandidos internacionais em seu território. *O que não pode e não deve se admitir é o incentivo do crime no Brasil por parte de autoridades da Bolívia. *- *- ESPECIAL 1ª PARTE – Máfia do roubo de carros age em Rondônia com conivência de autoridades bolivianas *Casos já publicados: *- Quadrilha que roubava caminhonetas em Porto Velho para levar à Bolívia é presa pelo GIC *- Polícia apreende 18 quilos de cocaína durante Operação "São Cristóvão" *- Bolívia "nacionalizou" mais de 40.000 carros e motos de brasileiros
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