Algumas amizades parecem inofensivas, mas aos poucos drenam sua energia. Às vezes é difícil entender o motivo, mas o desgaste constante pode estar ligado a comportamentos narcisistas. De forma minuciosa, esses amigos colocam suas necessidades acima de tudo e transformam a convivência e a relação cansativas.
Ao MinhaVida, Kênia Ramos de Souza, psicóloga do grupo Mantevida explica como identicar esses padrões de comportamento e proteger a sua saúde emocional. Confira a seguir!
O que é narcisismo?
Conforme a especialista, o narcisismo é um traço de personalidade caracterizado por um senso inflado de autoimportância, necessidade constante de admiração e extrema falta de empatia pelos demais.
“Em níveis elevados, pode configurar o Transtorno de Personalidade Narcisista, que é uma condição clínica reconhecida. No entanto, pessoas com traços narcisistas podem não ter o transtorno em si, mas ainda assim exibir padrões de comportamento que prejudicam suas relações interpessoais, como manipulação, exploração emocional e foco exagerado em si mesmas”.
Como amigos narcisistas agem?
Kênia destaca ainda que, em uma amizade, o comportamento narcisista se manifesta de maneira sutil, mas desgastante. Segundo ela, o amigo narcisista tende a:
Sempre colocar suas necessidades e problemas em primeiro lugar;
Desvalorizar suas conquistas ou emoções;
Fazer com que você se sinta culpado por colocar limites ou dizer "não";
Ter reações desproporcionais quando contrariado;
Usar manipulação emocional, como gaslighting (fazer você duvidar da própria percepção);
Esperar que você esteja sempre disponível, mas raramente retribuir o apoio.
“Com o tempo, essas atitudes minam a confiança e drenam a energia emocional da outra pessoa”, alerta.
Por que é difícil perceber que estamos em uma amizade tóxica?
A psicóloga explica que, geralmente, amizades tóxicas não começam de forma claramente abusiva. Na verdade, os comportamentos abusivos surgem de forma gradual e intercalados com momentos de carinho ou cumplicidade, o que confunde e dificulta o reconhecimento do padrão disfuncional.
“Além disso, o vínculo afetivo, o medo de solidão, ou a esperança de que a pessoa ‘mude’ faz com que muitos se mantenham presos nessa dinâmica. Outro fator importante é a manipulação emocional envolvida, que pode fazer com que a vítima sinta culpa ou acredite que o problema está nela”.
Entre os possíveis impactos desse tipo de relacionamento, a psicóloga alerta que a pessoa pode:
Desenvolver baixa autoestima, por estar sempre se sentindo "menos" ou inadequada;
Ter dificuldades em confiar em si mesma ou em outras pessoas;
Sofrer de ansiedade, estresse crônico ou sintomas depressivos;
Sentir-se constantemente cansada, emocionalmente exausta;
Questionar seu valor ou suas percepções, devido à manipulação constante.