Mais uma vez, a inadimplência bateu recorde no país, chegando a 65,69 milhões de pessoas, sendo 5,56 milhões na Região Norte. Segundo o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil, elaborado pela Serasa, no mês de março o total de endividados subiu 0,81% em relação a fevereiro.
O número não atingia este patamar desde o começo da pandemia, em abril de 2020. No Norte, o aumento foi de 0,35%.
A soma de todas as dívidas no país cresceu 0,91% em relação a fevereiro, atingindo o total de R$ 265,8 bilhões, superando em R$ 7,5 bilhões o montante registrado no pico da pandemia, em 2020. O valor médio da dívida de cada inadimplente também aumentou 0,10%, alcançando R$ 4.046,31, o equivalente a quase quatro salários-mínimos.
Na Região Norte, a soma total de dívidas em relação a fevereiro registrou um aumento de 1,41%, contabilizando R$ 19,09 bilhões.
Entre os estados, o Amapá foi o que teve maior crescimento no montante das dívidas, com 1,95%, atingindo R$ 1,19 bilhão. Na sequência está Rondônia, com R$ 2,31 bilhões de dívidas, alcançando um aumento de 1,71%. E em terceiro está o Amazonas, que teve um crescimento de 1,6% das dívidas em relação ao mês de fevereiro, somando R$ 5,37 bilhões.
As finanças dos brasileiros permanecem comprometidas com bancos e cartões, que representam 28,17% das dívidas em março. Na sequência, vem as contas básicas, como água, energia e gás, com 23,21%, contra 23,2% em fevereiro. Já as contas em varejo seguem em terceiro lugar, tendo aumentado de 12,40% (fevereiro) para 12,62% em março.
“Há muito tempo o brasileiro não experimentava inflação alta. Tudo está caro e a população não sente muito, porquê tem feito malabarismos. Está substituindo o produto mais caro pelo mais barato. No Norte, a situação é mais precária. Muitas pessoas não conseguem pagar todas as contas e tornam-se inadimplentes”, disse o professor de Economia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Otacílio Moreira.
População anda fazendo muitas contas e malabarismos financeiros para dar conta de sustentar a casa e as contas durante um mês
Detalhes
Na região Norte, no Acre (57%), Amazonas (27%), Amapá (65,4%), Rondônia (44,6%) e Roraima (30,4%), o maior segmento de dívidas é com contas básicas, como água, energia e gás. Já o Pará possui maior endividamento com bancos e cartões, o que representa 29%, seguido das contas básicas (16,6%).
Em Tocantins, as contas em Varejo representam 28,3% do comprometimento das finanças, enquanto 26,6% são de bancos e cartões.
“Pessoas que consumiam carne de primeira, agora está comprando músculo, espinhaço, costela para balancear a renda. Se não, a conta não fecha no final do mês. São 65 milhões de brasileiros que estão com ao menos uma conta em atraso. Isso é reflexo do aumento da despesa. As pessoas não estão conseguindo pagar a conta de luz ou deixando de pagar o total do cartão de crédito”, destacou Otacílio Moreira.
Entre os inadimplentes no Brasil, o maior número está na faixa etária dos 26 a 40 anos (35,2%), seguida pela faixa de 41 a 60 anos (34,9%). As mulheres apresentaram 50,2% de endividamento, um pouco superior em relação aos homens (49,8%).
“A inadimplência está em alta desde dezembro, refletindo um cenário econômico de grandes dificuldades. Em um momento como este, acreditamos que o conhecimento e a educação são uma das principais alternativas para uma vida financeira mais saudável”, diz Aline Maciel, gerente da plataforma Serasa Limpa Nome.
Dicas
1 - Fique atento às datas de vencimento da parcela e pague em dia. Assim, você garante que o seu nome não fique negativado. Pagando contas em dia, você aumenta a sua credibilidade no mercado financeiro e consegue juros melhores e parcelamentos maiores para realizar seus sonhos.
2 - Aproveite o recebimento de renda extra, como o 13º e o saque emergencial do FGTS para quitar suas dívidas.
3 - Se informe: é importante monitorar sempre o status do seu CPF e utilizar serviços como o Serasa Limpa Nome para quitar suas dívidas com descontos especiais.
4 - Anote todos os seus gastos para ter noção do próprio orçamento. Esta dica pode parecer simples, mas é muito importante para manter a organização básica das finanças do mês.
5 - Se possível, utilize a regra 50/30/20 para dividir suas dívidas, sendo eles: 50 para gastos essenciais (como aluguel, comida, contas básicas), 30 para gastos variáveis (cartão de crédito, lazer, etc) e 20 para reserva de emergência;
6 - Aprenda a dizer não para você mesmo e para aquele familiar ou amigo que sempre pede o seu nome emprestado.