Lavanderia do HB cheira mal: Sesau terá que explicar inoperância e custos altos

A Sesau terá que mobilizar pessoal um tanto mais qualificado para oferecer respostas convincentes às perguntas formuladas pelo deputado Jair Montes, em seu pedido de informações relacionado às atividades da lavanderia

Lavanderia do HB cheira mal: Sesau terá que explicar inoperância e custos altos

Foto: Ilustrativa

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Cheira a problemas o processamento de roupas hospitalares da rede pública no Hospital de Base. A julgar pela argumentação até agora apresentada, a Sesau terá que mobilizar pessoal um tanto mais qualificado para oferecer respostas convincentes às perguntas formuladas pelo deputado Jair Montes, em seu pedido de informações relacionado às atividades da lavanderia. É que, pelo menos até o momento, foram apresentadas apenas respostas evasivas, na tentativa de desqualificar as graves denúncias veiculadas pela mídia contra um setor de elevada potencialidade de contaminação hospitalar e ambiental.

 

Especialmente em um momento de forte desassossego do público em relação à saúde pública, em função do terror propvoicadi pelo devastador avanço do coronavirus (Covid-19), que felizmente ainda não chegou ao Brasil. E tem pleno sentido. Artigo científico publicado por pesquisadores da universidade alemã Ruhr-Bochum, no "The Journal of Hospital Infection" (Jornal de Infecção Hospitalar), no começo do mês, destaca que alguns tipos de coronavírus, como o 2019-nCoV podem sobreviver em superfícies por até nove dias, e deve ser  combatidos com procedimentos adequados de desinfecção. Isso, pelo menos aparentemente, não parece ocorrer com a roupa processada no HB. É flagrante a diferença de qualidade em relação às roupas usadas nas unidades de saúde da Prefeitura da capital ou nos hospitais privados.

 

Justifica-se, portanto, o pedido de informações do deputado, para quem não serão satisfatórias as simples referências ao Manual de Lavanderia Hospitalar, do Ministério da Saúde - Anvisa, cuja última atualização data de 2016. Membro efetivo da Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da Assembleia, Jair Montes visitou as instalações da lavanderia do HB e saiu de lá preocupado com os procedimentos adotados até mesmo em relação à segurança dos servidores ali lotados e com o descarte diário de quase cem mil litros de água usada na lavagem. A água é despejada em um tributário do Canal dos Tanques.

 

E apesar do engenheiro mecânico Genival Bastos Almeida, responsável pela Lavanderia, ter informado, em entrevista à SIC TV, que toda a água é tratada na estação de tratamento de esgotos do HB, a quantidade de espuma mostrada nas imagens do despejo deixa dúvidas quanto a isso. Na mesma entrevista a infectologista Andrea Barbieri de Barros recorre com nervosa frequência ao manual da Anvisa para explicar o tratamento dispensado no HB à rouparia hospitalar das unidades públicas de Porto Velho. Ela argumenta que a ausência de uma caldeira justifica-se com a adoção de produtos químicos, como a considerar que o equipamento é coisa ultrapassada. Não é.

 

De fato, a água quente é usada na limpeza e desinfecção de roupas desde os tempos da Vovó. Tira sujidades e manchas a custo baixo e eficiente. Existem produtos químicos que também fazem isso. Mas a quantidade de água servida despejada no igarapé e a espuma que produz indicam uso inadequado dos produtos, que não deveriam produzir espuma e consumir tanta água. Ademais, os produtos químicos em geral têm custo muito elevado, além de reduzir em mais de 90% a vida útil dos enxovais. Isso parece não importar quando quem paga a conta é o erário, não a vovozinha.

 

Da mesma forma, a ausência da uma calandra, equipamento que pode passar, dobrar e empacotar centenas de lençóis por hora, sem qualquer contato manual, é outro fator de comprometimento da eficácia do processamento instalado no HB. Sua falta compromete a desinfecção ao exigir a manipulação das roupas por dezenas de servidores, com elevado consumo de eletricidade. Compromete novamente o erário, com o custo de pessoal e energia. Ou sacrifica as roupas, caso não sejam passadas. E o usuário final, com o desconforto. Tudo isso a doutora Andrea Barbieri de Barros, dona de um currículo invejável, terá que explicar ao deputado, caso seja novamente designada pela Sesau para a tarefa.

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