HIV: Fiocruz-RO identifica doenças virais na população carcerária

A Fiocruz, junto com o Cepem, faz o acompanhamento daqueles em que essas doenças são detectadas

HIV: Fiocruz-RO identifica doenças virais na população carcerária

Foto: Divulgação

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Desde setembro de 2016 está em andamento a pesquisa que busca identificar a prevalência das hepatites virais A, B, C e Delta, sífilis e HIV na população masculina privada de liberdade em sistema prisional fechado no Estado.

O estudo já foi realizado na penitenciária Aruana, Associação Cultural e de Desenvolvimento do Reeducando e Egresso (Acuda), Centro de Ressocialização Vale do Guaporé, Casa de Detenção José Mário Alves da Silva (Urso Branco) e Unidade Penitenciária Milton Soares de Carvalho. ‘‘É uma participação no projeto por livre demanda. Não obrigamos ninguém a participar, mas quando explicamos a eles o objetivo dessa pesquisa a maioria aceita participar do estudo’’, disse Deusilene Souza Vieira Dall’Acqua,pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Rondônia, responsável pelo Laboratório de Virologia Molecular e colaboradora do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem).

Até o momento participaram do estudo 846 reeducandos. Os resultados parciais mostram a prevalência de 1,4% (12/846), para Hepatite B; 0,8% (7/846), para Hepatite C; 1,4% (12/846), para HIV; e, a maior prevalência foi de casos de sífilis 8,6%, o que representa 73 casos na população estudada. ‘‘São prevalências consideradas altas quando comparadas com outras regiões do país’’, avalia.

A pesquisadora Deusilene Souza Vieira Dall’Acqua destaca que  trabalho é feito em parceria com o ambulatório de hepatites virais do Cepem. A pesquisa ainda deve continuar até o fim de 2019 e deve envolver toda a população carcerária do Estado, sendo que a expectativa é finaliza-la em 2018 nas penitenciárias localizadas no município de Porto Velho.

A pesquisa também avalia o perfil dos reeducandos e revela que 40,4% dos que participaram são homens entre 18 e 27 anos de idade; tem baixa escolaridade, o índice de analfabetismo foi de 3,5%; 55,9% não concluíram o ensino médio; e, apenas 2,5% tiveram acesso ao ensino superior. São em sua maioria (59%), homens pertencentes a etnia pardo, seguido de branco 18%.

Para a realização da pesquisa várias instituições do Estado têm colaborado como a Secretaria de Estado da Justiça do Estado de Rondônia (Sejus) e Ministério Público do Estado de Rondônia, a Secretaria de Saúde do Estado de Rondônia (Sesau), a coordenação de DSTs/AIDS da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa). Além da Fiocruz e o Cepem e ainda a Faculdade de Rondônia (Faro). Atualmente a equipe é composta por uma enfermeira, dois alunos de iniciação científica, dois pesquisadores, além de outros colaboradores.

Palestra

A dinâmica começa primeiro com palestra explicando aos reeducandos a proposta da pesquisa. O público é escolhido pela direção da unidade prisional em um número restrito e os participantes se tornam multiplicadores para levar a importância da iniciativa para os demais. Daqueles que aceitam participar da pesquisa é feita a coleta de sangue para fazer a testagem rápida.

Quando positivo, a equipe retornar a unidade para orientar o reeducando, fazer o acompanhamento clínico e para uma segunda coleta, desta vez em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública (Sesau/Sejus/Lacen) e a conduta médica passa a ser direcionada.

Os resultados parciais da pesquisa têm repercutindo no meio científico, inclusive foram apresentados em vários congressos. Um deles o 11º Congresso de HIV/Aids organizado pelo Ministério da Saúde, 4º Congresso de Hepatites Virais  que ocorreu em setembro deste ano e no World Hepatitis Summit 2017 .

 ‘‘Essa pesquisa busca entender como ocorrem essas doenças neste público do sistema prisional porque a literatura afirma que há uma alta prevalência dessas doenças na população privada de liberdade, porém poucos são os estudos que mostram essa real prevalência, então precisa verificar se isso ocorre de fato e se vai contribuir principalmente para que medidas na Saúde Pública sejam aplicadas’’, considera a pesquisadora.

Região Norte

Estudos relacionados a essas doenças demonstram que na região Norte existem áreas consideradas de alta endemicidade (onde a doença é comum), principalmente para as hepatites B e Delta. Quando se direciona ao sistema prisional, a pesquisa aponta que o cenário é ainda mais grave devido a fatores como alto risco para infecções devido às condições de confinamento, marginalização social, dependência de drogas e baixo nível socioeconômico.
‘‘Trabalho como este já foi iniciado por outras instituições, mas apenas com característica de detecção, o nosso não. Quando o resultado é positivo damos todo o suporte clínico e laboratorial’’, esclarece a pesquisadora.
Já havia pesquisas neste mesmo sentido com a população geral em colaboração com o ambulatório de hepatites virais do Cepem e também com populações específicas com a população indígena, mas surgiu o desejo de avaliar o comportamento dessas doenças em uma população inserida em um contexto diferenciado, como é o sistema prisional. 

 

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