A enchente, o carnaval e o factoide das autoridades que querem mostrar "serviço" – Por Itamar Ferreira
Foto: Divulgação
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O Rio está com nível elevado há vários dias, há uma previsão de qual será o seu nível nos próximos dias e de que ficará cheio até abril, logo as ações da PM, bombeiros e SEMTRAN são de acompanhamento, pois só se mobiliza todos esses efetivos quando surge uma situação caótica, fora de controle e não prevista, o que acontece apenas nos primeiros dias.
As ações em prol dos atingidos neste momento é mais de apoio das autoridades administrativas e da sociedade para garantir alimentação, saúde e outras necessidades. Espera-se dessas mesmas autoridades ações de planejamento e de contingência no sentido de garantir moradia para essas famílias, quando o Rio Madeira baixar e voltar ao seu nível normal, quando provavelmente se constatará que centenas de casas foram destruídas ou ficaram impróprias para a habitação. O resto, me parece que é conversa fiada.
Posso estar enganado, mas o cancelamento de todos os desfiles de blocos carnavalescos serve mais como factóide para autoridades quase sempre omissas, darem uma "satisfação" a sociedade de que algo "grandioso" e uma medida muito "importante" está sendo feito em prol dos atingidos, chegando-se ao extremo de sacrificar a festa carnavalesca. Elas querem mostrar "serviço" para a sociedade. Não seria possível calcular os efetivos necessários e apenas reduzir o número de Blocos que sai a cada dia? Cobrar mais seguranças próprios dos organizadores desses Blocos?
Venhamos e convenhamos, qual é o efetivo da SEMTRAN, PM e Bombeiros estão mobilizados neste sábado para supostamente "cuidar" dos ribeirinhos? As famílias já não estão alojadas dentro das escolas? Faça você mesmo um teste e veja quantas viaturas estão mobilizadas às margens do Rio Madeira nesse momento? Ou mesmo nos Distritos?
Me parece ainda, que as autoridades aproveitam as enchentes para procurarem agradar um segmento da sociedade que não gosta de Carnaval, o que é um direito legítimo deste segmento; entretanto, é igualmente um direito de quem gosta de participar das festividades de Momo que assim o faça, afinal não vivemos num monastério, mas numa sociedade com multidiversidade e pluralidade cultural. E o Estado, até que se prove o contrário, ainda é laico.
Há ainda uma falácia, um discurso fácil de supostamente "economizar" recursos para atender outras prioridades, em especial os próprios ribeirinhos. Eu fico imaginando o quão 'irresponsáveis" e "burros" são os prefeitos e governadores do Rio de Janeiro, da Bahia e de inúmeros outros Estados e cidades, que fazem do Carnaval uma verdadeira indústria, que atrai turistas, gera empregos, renda e impostos. Acho que as autoridades dessas cidades deveriam vir às margens do madeira tomar umas lições de como administrar bem a coisa pública. Por exemplo, quantas pessoas vêm do Acre (apesar da BR impedida ainda há vôos regulares) do Amazonas e principalmente do Interior do Estado para participar da tradicionalíssima Banda do Vai Quem Quer?
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