Senado discute sustentabilidade dos Cinta Larga
Foto: Divulgação
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Na presença de representantes dos índios Cinta Larga dos estados de Rondônia e do Mato Grosso, a Comissão de Infraestrutura e Reforma Agrária do Senado Federal debateu, na tarde desta sexta-feira, a dessa comunidade indígena, que vive sobre uma das maiores jazidas de diamantes do mundo. O seminário, presidido pelo senador Acir Gurgacz (PDT), avaliou a implantação de projetos destinados a proporcionar alternativas econômicas e sociais aos Cinta Larga.
O procurador da República no Estado de Rondônia, Reginaldo Trindade, condenou a omissão do Governo Federal na questão do povo Cinta Larga. “Esse povo sofre com todos os problemas que todos os indígenas sofrem, mas com um agravante: sofrem com a exploração dos recursos naturais das suas terras”, apontou. “Se o Governo Federal não se posicionar com um mínimo de autoridade, não acabaremos com o garimpo. O Governo precisa fazer sua parte”, completou.
Na visão de Acir, o mínimo que se pode assegurar a essa comunidade são condições básicas de cidadania. O senador acredita que a regularização da exploração mineral nesta área é uma das alternativas para que os Cinta Larga possam superar a condição de miséria em que vivem. “Precisamos construir alternativas de sustentabilidade para essa comunidade, que está sobre um grande tesouro, que são as florestas e os diamantes, e não poder explorar nenhum deles”, salientou Acir. “Estes índios precisam ser incluídos no processo produtivo para desenvolverem suas atividades e tenham renda suficiente para viver com segurança e qualidade de vida”, reforçou.
Diante da fala do senador Acir Gurgacz, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, concordou que se trata de uma questão que exige solução definitiva. Ele disse sentir-se envergonhado e pediu desculpas formais aos Cinta Larga. “Peço desculpas por uma pretensa civilização branca que tenta sobrepor-se a outra, massacrando-a. Isso é um crime imperdoável”, admitiu o ministro, comprometendo-se a apresentar à presidente Dilma Rousseff a necessidade de um plano sustentável e de apoio aos indígenas.
O representante dos indígenas de Rondônia, Marcelo Cinta Larga, pediu investimentos do governo em educação, capacitação profissional e assistência na área agrícola para que possam produzir e mostrar trabalho em seu próprio território. Ele destacou que embora as formas de opressão hoje sejam diferentes das do passado, seu povo ainda é injustiçado. “No passado fomos massacrados com tiro e veneno. Hoje a sociedade só mudou de arma. Hoje as armas que a sociedade usa pra extinguir o meu povo são o preconceito e parte da mídia”, disse.
FUNAI - Já a representante da Funai, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Carolina Comandulli, informou sobre a reestruturação ocorrida na entidade em 2009, que segundo ela, levou a uma mudança na forma de atuação do órgão, antes baseada no assistencialismo e agora voltada para a promoção e proteção dos direitos dos povos indígenas.
Carolina Comandulli falou ainda sobre a política da articulação com outros órgãos do governo federal que se tornou prioridade na forma de atuação da Funai. Conforme explicou, os recursos destinados aos povos indígenas não se concentram mais como no passado na Funai, mas estão distribuídos em diversos órgãos, como, por exemplo, o Ministério da Saúde, que desenvolve várias ações voltadas especificamente para os indígenas.
O deputado federal Carlos Magno (PP) denunciou o mal uso de recursos públicos nas questões indígenas em Rondônia. Ele apresentou dados que dão conta de investimento de mais de R$ 7 milhões em atividades de repressão às atividades ilícitas nas reservas indígenas e entorno, enquanto apenas R$ 700 mil são gastos em atividades de proteção, saúde e educação.
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HISTÓRICO - A opressão e a quase extinção do povo Cinta Larga começou logo após o contato com os colonizadores, nas décadas de 1950, 60 e 70 do século passado, e se agravou após a descoberta de uma das maiores reservas de diamantes do mundo na região, em meados dos anos 60, o que acirrou o conflito entre índios e garimpeiros.
Atualmente, os índios Cinta Larga somam cerca de 2 mil indivíduos, que sofrem com uma série de doenças e problemas sociais advindos das relações estabelecidas com madeireiros, garimpeiros e a com comunidade do entorno da reserva.
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