BEM-ESTAR – Alivie a gastrite à mesa – Por Rosângela Roms

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Foto: Divulgação

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A escolha correta dos alimentos impede que a faísca estomacal se transforme em fogaréu, promovendo um alívio duradouro
Seja de origem bacteriana ou emocional, o desconforto na parte superior do abdômen é o mesmo. Quem sofre de gastrite apresenta sintomas como dor de estômago e queimação. Essa inflamação no órgão que tem como responsabilidade preparar os alimentos e enviá-los ao intestino delgado aparece quando suas paredes internas passam a não suportar o ácido que circula por ali e que é essencial para a digestão das proteínas. Sem os cuidados adequados, a gastrite pode evoluir para problemas mais sérios, como úlcera e até câncer.
Uma bactéria incendiária, a Helicobacter pylori, é a principal causa da ardência estomacal. Geralmente, o microorganismo se aloja nesse órgão e, dependendo da sorte do hospedeiro, assume a persona de um piromaníaco. “ A bactéria não discrimina nem sexo nem faixa etária”, diz o gastro-enterologista Flávio Steinwurz, do hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Felizmente, dá para controlar o ímpeto ardoso do micróbio com alimentos capazes de apagar esse fogo. A boa-nova vem da universidade de Otago Chistchurch, na Austrália, onde a pesquisadora Jaqueline Keenam estuda uma espécie de dieta contra a gastrite.
Os resultados ainda não foram divulgados, mas Jacqueline garante com exclusividade que são encorajadores. Apesar do segredo,a especialista adianta: “ O broto de brócolis combinado com cápsulas de óleo de groselha-negra tem seu efeito antiinflamatório potencializado, controlando os sintomas.” Ok, as tais cápsulas não são encontradas com facilidade aqui... O senso comum ainda lista itens da despensa que prejudicam a mucosa que reveste o estômago, mas lembre-se: o organismo de cada pessoa reage de uma forma diferente. “ É importante testar os alimentos que causam desconforto e retirá-los do cardápio”, ensina o nutrólogo Dan Waitzberg, do hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Restringir a produção de ácido ficando de olho no que a gente come é de extrema importância, já que cada mordida dá a largada para o sistema digestivo trabalhar. Essa tática minimiza a agressão contra as paredes internas do estômago – e isso proporciona um alívio daqueles. Mas, além do monitoramento das refeições, outros passos podem amenizar a ardência e a controlar a progressão das lesões. A mastigação, como primeira fase da digestão, poupa os esforços do órgão. “ A amilase, enzima da saliva, começa a quebrar o amido já na boca”, conta Flávio Steinwurz.
Comer várias vezes ao dia também está no topo da lista de conselhos de qualquer nutrólogo ou nutricionista. “ Quantidades menores fazem com que o estômago não fique abarrotado”, diz a nutricionista Beatriz Botéquio, da Equilibrium Consultoria, na capital paulista. “Dessa maneira, o tempo de jejum também diminui, prevenindo a acidificação estomacal e, consequentemente, as crises de gastrite”, complementa Dan Waitzberg.
Invista nos protetores
Café da manhã
As proteínas do ovo ajudam a reconstituir a parede do estômago após o jejum noturno e o pão integral controla os níveis de ácido clorídrico, substância por trás da queimação.
Almoço
As fibras da maçã e do arroz integral somadas ao betacaroteno da cenoura também protegem contra o incêndio.
Entre refeições
O iogurte equilibra os níveis de acidez estomacal e os grãos integrais dão uma força e tanto para o bom trabalho da digestão.
Na hora do suplício, vale apelar para chás antiácidos. “ O de espinheira-santa, planta do sul do Brasil, pode ajudar”, recomenda Waitzberg. E cuidado com o leite puro, que estimula a secreção de suco gástrico, e anti-inflamatórios. “Como são dissolvidos e absorvidos no próprio estômago, acabam causando lesões”, explica Fernando Bahdur, médico da associação Brasileira de nutrologia. Agora é só evitar os alimentos incendiários e investir nos protetores. E coma sem medo.
Os incendiários do estômago
Eles ou estimulam a produção de ácido estomacal ou agridem diretamente a mucosa do órgão. E ai é desconforto na certa. Estamos falando de: café, chocolate, bebidas alcoólicas, alho, pimenta, mostarda, cebola, molho de tomate, energéticos e frutas ácidas, como o abacaxi, a laranja, o limão e a acerola.
Estômago em perigo ?
Gomas de mascar estimulam a produção de suco gástrico. “ É como se o corpo entendesse que está vindo matéria-prima e ligasse a linha de produção”, diz o gastro Sérgio Domingues, da Universidade Federal de São Paulo. O problema é que algumas pessoas fabricam essa substância em excesso, tornando-se vítimas de queimação. Por isso, indivíduos com gastrite precisam maneirar nos chicletes, que não devem ser mascados de barriga vazia. “ Quem tem refluxo também precisa tomar cuidado porque alguns aromatizantes relaxam a válvula do esôfago”, diz Domingues.
Remédio de origem vegetal
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou o primeiro medicamento à base de plantas contra gastrite. Seu princípio ativo – Schinus terebinthifolius – vem da árvore brasileira aroeira-mansa, alivia os sintomas e cicatriza a mucosa estomacal sem efeitos colaterais.
 
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