“O Último Texto” - Por Professor Nazareno

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Foto: Divulgação

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Em clima de Copa do Mundo não poderia haver uma notícia melhor para os internautas rondonienses. Eu, José do Nazareno Silva, conhecido também por Professor Nazareno, não mais escreverei artigos ou qualquer outro tipo de texto, inclusive comentários, para a mídia eletrônica, falada ou escrita deste Estado. Nenhuma redaçãozinha sequer será publicada por mim em qualquer blog ou site a partir desta data, junho de 2010. Qualquer texto divulgado com o meu nome não passará de uma cópia apócrifa. Alegria para muitos, tristeza e decepção para umas duas ou três pessoas que diziam gostar das minhas redações. Não é um apagão intelectual, pois “sei que nada sei”, mas uma tomada de posição coerente diante de várias circunstâncias surgidas.
Foram dois longos anos de “treino jornalístico” e de publicação de vários artigos que causaram muitas polêmicas entre os rondonienses. “Em Rondônia é assim mesmo...”, “Porto Velho, uma cidade sem símbolo”, “As lições da COE”, “Justiça caolha e desumana”, dentre tantos outros textos amplamente comentados e que mexeram com parte da opinião pública local. Em nenhum deles havia a verdade absoluta, eu mesmo não acreditava em tudo o que escrevia, mas apenas a intensão de provocar outros textos, comentários e principalmente a reflexão sobre os nossos problemas. E quase conseguia. Faltaram ações? Não sou administrador, apenas escrevo textos. Nem político, só um simples professor que ousa pensar e escrever.
Agradeço de coração aos que publicaram “a minha literatura” e peço mil desculpas a quem se aborreceu. Não tenho inimigos e espero que não tenha feito nenhum com os meus escritos. O problema é que descobri que tenho um estômago bem maior do que o cérebro. Tenho filhos e uma adorada família que ainda dependem de mim. Claro que sofri ameaças. Muitas. Tentaram tirar o meu salário e me denunciaram como um péssimo profissional e cheio de defeitos. Atingiram a minha honra pessoal, questionaram a minha idoneidade, invadiram a minha privacidade e não viram nenhuma utilidade no meu trabalho. Muitos se esqueceram de rebater os meus textos com outros textos, a minha opinião com outra opinião. Será que desconheciam Voltaire?
Claro que não vou entrar na política. Não tenho vocação para mercantilista, com todo respeito aos mesmos. Apenas achava que o Artigo Quinto da nossa Constituição era pra valer. Se for, como entender as reações retrógradas de jornalistas, professores, advogados e tantos outros profissionais às minhas opiniões? Os que se intitulam donos de Porto Velho e de Rondônia não se acanharam em mostrar suas garras contra mim. Poderia continuar a escrever, mas não estou na Escócia nem em outro país distante. Não trabalho nas revistas Época, IstoÉ ou mesmo Veja. Não sou Diogo Mainardi ou Arnaldo Jabor da Rede Globo. Sou pobre e como professor tenho um salário que todo mundo sabe quanto é e por isso mesmo entender o poder que tenho. Ou seja, nenhum.
Sei que minha ausência na mídia não será lamentada, mas fico triste de não poder escrever durante uma Copa do Mundo e num ano eleitoral. E noutros anos que certamente virão com as bizarrices tão peculiares a nós humanos, aos rondonienses e aos brasileiros em geral. Escrevo mal, sei disso. Porém trazer o coloquialismo para dentro do texto jornalístico é um desafio que eu quase conseguia vencer. E para quem tiver coragem de fazer o que eu tentei que o faça sem medo e se quiser por trás de um anonimato covarde e imoral. Minha escrita acabou e meu blog está encerrado (http://blogdotionaza.blogspot.com/). Ou então escrevam só o que o povo gosta de ler. Como na fábula de Rubem Alves, cantar como pintassilgo é perigoso por aqui.
Continuarei a produzir textos para um dia publicá-los. Sou jornalista formado e professor de Redação. O dia em que a liberdade de expressão e a aceitação do contraditório forem entendidas como algo banal que não merece respostas ásperas com ataques pessoais a mim e aos meus familiares. Alguns leitores não viam os meus textos como um jogo de palavras, mas como espelhos terríveis que refletiam suas carapuças. Espero o momento em que textos não sirvam para provar que liberdade de expressão é algo relativo. Acho que muitas mentalidades deste país precisam mudar. Não sei quando isto acontecerá, pois enquanto se entoam hinos e se distribuem tochas e capuzes fictícios a “adolescentes gordos” dentro dos shoppings é por que a situação está feia. Pelo menos meus textos serviram para provar que ainda somos uma das periferias medievais desse capitalismo. Que a alegria volte à mídia, sem a temida ironia do Professor Nazareno, o “rebotalho, aloprado, mentecapto, retirante da seca e faminto”. Mentiroso, jamais.
*O Professor Nazareno leciona em Porto Velho. (profnazareno@hotmail.com)
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