Mostrando mesmo que não está para brincadeira, o vereador Jaime Gazola (PV) afirmou ao colunista, durante conversa em seu gabinete, que não vai deixar passar em brancas nuvens a denúncia feita pela Associação dos Procuradores do Município de Porto Velho contra o prefeito Roberto Sobrinho de que teria celebrado um contrato, sem licitação, com a empresa Creditar.
Por enquanto, Jaime considera prematuro falar-se na criação de uma Comissão, no âmbito do Poder Legislativo, para investigar o caso, mas a idéia não está completamente descartada. Tudo vai depender do que ele encontrar no processo, cuja cópia prometeu requerer, na próxima semana.
Qualquer tentativa que se faça para frustrar a apuração dos fatos, nas mais diferentes instâncias de poder, servirá menos para resguardar as instituições que para comprometê-las em definitivo com a prática de eventuais ilicitudes.
O vereador deixou claro, porém, que, se algo de errado houver sido praticado, o Poder Legislativo, certamente, não declinará de sua obrigação constitucional de investigar, mas reforçou a tese de que ainda é muito cedo para se emitir juízo de valor.
Aqui e acolá, no entanto, percebe-se o empenho de auxiliares do prefeito procurando esvaziarem a acusação, deliberada ou equivocadamente. Não sabem eles, que, agindo assim, estão trabalhando a favor da corrosão da imagem do chefe.
Na hipótese de a Comissão vir a ser constituída, caberia assegurar-lhe funcionamento criterioso, que não revelasse nem açodamento, nem negligência.
Afinal, não é por se tratar de acusação contra o dirigente municipal, que se deva caracterizar como diferente a importância da investigação e o papel da eventual comissão que dela se encarregaria.
Por isso, é digna de encômios a manifestação dos vereadores Eduardo Carlos, Ellis Regina e Moises Costa. À semelhança do colega Gazola, longe de anunciarem a apuração bombástica da denúncia e adotarem postura que indicaria julgamento preconcebido, os parlamentares se revelaram no sentido de que sua maior preocupação é, sobretudo, a de esclarecer o caso. Melhor conduta não poderia ser recomendada.
A determinação dos vereadores de que o episódio seja rigorosamente apurado só vem mostra à sociedade que ainda não está de todo perdido o sentimento de cidadania e de grandeza política, exigíveis de políticos maduros e conscientes de suas obrigações.
Somente esse sentimento e essa grandeza poderão levar a bom resultado e consolidar a credibilidade do parlamento municipal perante a sociedade.