Personagens de uma tragédia – Por Valdemir Caldas

Da Redação

24 de Setembro de 2008 às 12:00

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Personagens de uma tragédia – Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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Até agora, não foram divulgadas as causas do acidente entre uma camioneta e um ônibus escolar, ocorrido quinta-feira da semana passada, numa estrada do interior do estado, que deixou três mortos e dois feridos.

De concreto, mesmo, sabe-se, apenas, o horário, o local da batida e que os cinco passageiros da camioneta voltavam de uma pescaria, conforme noticiou o jornal RONDONIAOVIVO.

Entre os passageiros da camioneta estavam o vice-governador do estado de Rondônia, o advogado particular do governador Ivo Cassol, um servidor público e dois policiais – um deles aposentado. Os três teriam morrido na hora.

A tragédia ocupou as principais páginas da imprensa local. Os corpos do advogado e de um dos policiais foram velados no salão nobre da Assembléia Legislativa de Rondônia.

Dos quatro cantos do estado (e de fora, também) pipocaram notas de pesar. Os funcionários da Junta Comercial de Rondônia lamentaram a perda de dois “valiosos homens que dedicaram suas vidas ao bem familiar e ao desenvolvimento do estado”, referindo-se ao advogado e ao policial aposentado.

Igualmente, em nota, o ainda senador Expedito Junior afirmou que recebeu com tristeza (e deveria ser com alegria, senador?) a morte do advogado e das outras duas vítimas, associando-se aos familiares enlutados.

A família Raupp (Waldir e Marinha) também engrossou a lista dos condolentes.

Quanto ao motorista do ônibus, coitado, nenhuma palavra foi dita ou escrita ao seu respeito. Não se sabe, ao certo, se ele saiu ileso ou sofreu escoriações.

De igual modo, nada foi proferido sobre o estado físico e psicológico das dez crianças que (segundo um dos passageiros do carro que vinha atrás da camioneta) estavam no ônibus.

A foto da camioneta, contudo, publicada na internet, dá bem a dimensão do impacto, levando o leitor a tirar suas próprias conclusões sobre o acidente.

Pessoalmente, não conhecia o senhor França Guedes, a ponto de avaliar-lhe o estofo, mas dou fé às declarações de seus amigos, ou seja, de que se tratava de uma pessoa de fino trato e de um profissional respeitado por seus dotes na área do direito.

Sei, apenas, que era advogado particular do governador Cassol. E mais: que representou o PSDB em algumas demandas judiciais - uma delas, aliás, contra mim, na eleição passada, para prefeito da capital.

Na época, a cúpula do PSDB não gostou dos meus escritos e resolveu acionar-me, judicialmente, por propaganda eleitoral antecipada.

Pois é. Escolhi um candidato, espontaneamente, por considerá-lo uma figura íntegra, decente e preocupada com os problemas da minha cidade e como minimizá-los. Acreditei no seu programa de governo e fiz dele minha bandeira de luta. Em contrapartida, acabei multado em R$ 21 mil reais.

Indicaram-me um rábula, que me deixou falando sozinho e, o que é pior, com o nome inscrito no CADIN. No início, pensei em representá-lo junto à OAB-RO, mas preferi o silêncio.

Afinal, como diz a Bíblia, tudo tem o seu tempo determinado debaixo do céu: tempo de plantar e tempo de colher; tempo de jogar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de sorrir e tempo de chorar. E acrescento: tempo de apanhar e tempo de bater.

Enquanto a sociedade aguarda uma posição dos órgãos competentes sobre as origens do acidente, o assunto tem sido alvo das mais variadas análises e elucubrações.

Aos familiares e amigos das vítimas, as condolências verdadeiras do colunista, porque as demagógicas ficam por conta de um sem-número de políticos espertalhões.

Direito ao esquecimento

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