Depois que o Corregedor Geral da Assembléia Legislativa de Rondônia, deputado Valter Araújo, mandou arquivar a denuncia contra seu colega Maurinho, acusado de embolsar metade do salário de um de seus assessores, ninguém mais falou ou escreveu uma vírgula a respeito do imbróglio envolvendo o deputado Dantas.
À semelhança de Maurinho, Dantas também foi acusado, por um ex-cabo eleitoral, de abocanhar-lhe parte do salário. No início, o petista até que se esforçou para tentar justificar a lambança, mas acabou caindo em contradição.
Hoje, ninguém mais parece lembrar-se do episódio. A cúpula do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores, que prometeu puni-lo, exemplarmente, lavou as mãos. Na ALE, sabe-se, agora, o corporativismo predominou sobre os sagrados interesses sociais.
A Câmara de Vereadores de Ouro Preto, reduto eleitoral do petista, seguiu no mesmo diapasão. Nenhum parlamentar se deu ao trabalho de apresentar uma Moção de Repúdio ao deputado.
Não sei qual a posição do Ministério Público sobre o caso Dantas. Particularmente, não me esqueci de suas peripécias, apesar do pedido feito por um companheiro seu, para que o deixasse em paz.
Mais uma vez, a Assembléia Legislativa de Rondônia deu um péssimo exemplo, não somente no episódio Dantas, como também no que concerne ao caso Maurinho, conquanto a propaganda oficial exija respeito para com os cidadãos rondonienses.
Em vez de lutar pela redução dos elevados índices de criminalidade, pela melhoria dos serviços médicos e educacionais, pela eliminação da miséria em que vive a maioria da população, proporcionando-lhe os meios e instrumentos adequados à sua efetiva participação no gozo dos bens da vida, os políticos (com as devidas exceções) estão cada dia mais preocupados com a substituição de pessoas nos altos postos do governo.
Se a ALE não cumprir os seus altos deveres de modelo benéfico para a sociedade, continuaremos nesse regime de descrédito, de incertezas e de insegurança na classe política e nas instituições. Até porque os graves problemas do estado não podem ser enfrentados com evasivas, mas, sim, com a participação de todos e, principalmente, com a presença efetiva de organizações sérias e respeitáveis.
Os demagogos que se cuidem, porque o povo está com a paciência saturada das suas ambições, dos seus acordos espúrios de gabinetes, orquestrados, na calada da noite, do corporativismo, do nepotismo e dos atos de corrupção.
Ele não mais agüenta conviver com parasitas, que vivem na opulência e na ostentação, à custa dos cofres públicos, bajulando a autoridade de plantão e vociferando demagogicamente sobre o que julgam serem os seus direitos e interesses.
Nem tudo está perdido. A ALE ainda pode se reabilitar perante a opinião pública. E a oportunidade é agora, mergulhando fundo no episódio Dantas e na recente concessão de privilégios imorais a parlamentares. O contrário disso, porém, é continuar praticando essa política suicida.