ESPECIAL – Paradigmas impedem pessoas sem qualificação a buscar cursos como servente ou ajudante - parte II

ESPECIAL – Paradigmas impedem pessoas sem qualificação a buscar cursos como servente ou ajudante - parte II

ESPECIAL  – Paradigmas impedem pessoas sem qualificação a buscar cursos como servente ou ajudante  - parte II

Foto: Divulgação

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A oferta de cursos gratuitos para a qualificação da população mais carente ou que pretende garantir uma vaga nas usinas hidrelétricas do Madeira, através do Plano Setorial de Qualificação (Planseq), chama a atenção e preocupa representantes de entidades, empresários e gestores públicos: o preconceito por parte da população menos qualificada em aceitar funções como a de servente ou auxiliar nas obras de construção. As pessoas, em sua maioria, querem serviços administrativos e o curso mais procurado e o mais apresentado como qualificação nos balcões de emprego é o de informática básica. “É incontável a quantidade de pessoas que procuram o balcão de empregos diariamente e apresentam como qualificação apenas o curso de informática”, ressalta Silmara Velani, gerente de trabalho e renda do Sistema Nacional de Empregos (SINE) em Rondônia.

REFLEXOS DO PARADIGMA

A falta de mão-de-obra qualificada na cidade está sendo sentida, nesse momento, principalmente na construção civil. De acordo com dados do Sinduscom de Porto Velho, são 35 prédios residenciais em construção atualmente, além da construção simultânea dos dois shopping centers. O engenheiro Denis Roberto Baú, que também é um dos proprietários de uma construtora, responsável por 10 empreendimentos, mais a obra do Porto Madeira Shopping, sente, no dia-a-dia, a falta que está fazendo a oferta de pessoal. O resultado, segundo ele, é o atraso no cumprimento de metas e entrega das obras.

“Muitas daquelas pessoas que já possuem experiência e já trabalharam na construção civil na capital, hoje optam por viver na informalidade. Um exemplo são os camelôs que estão na rua comercializando cds e dvds piratas, conheço vários que já pertenceram a construção civil”, afirmou o engenheiro. Para Denis Baú, a solução imediata para suprir a oferta de empregos é a qualificação de novas pessoas e também o investimento de novas tecnologias que permitam às construtoras produzir seu próprio material no canteiro de obras e a aquisição de modernas máquinas, segundo o empresário novas tecnologias podem reduzir a necessidade de contratar mão-de-obra. Esse cenário negativo de falta de pessoal está fazendo algumas empresas procurarem por trabalhadores em outros locais do país. “Nós mesmo já trouxemos pessoas de alguns estados, como, Roraima. Há empresas que estão trazendo pessoas até da região sudeste”, explica Baú.

NOVA TECNOLOGIA
A Ancar, administradora do Porto Velho Shopping, é uma das empresas que pratica essas novas tecnologias preconizadas por Denis Baú, como a utilização de grandes máquinas, fabricação própria de blocos de concreto e pré-moldados. Porém, além dos problemas enfrentados por todos os empreendimentos do ramo da construção civil, ainda há o desconhecimento das pessoas quanto ao processo utilizado pelas construtoras selecionadas pelo grupo para executar a obra. Responsável pela coordenação de projetos para a construção do Porto Velho Shopping, o engenheiro Ricardo de Castro, da empresa LINDI, afirma que na primeira fase da obra, onde foram feitas a parte de fundação, de 20 a 30% do pessoal veio de fora. Dos profissionais mais capacitados, 80% foram contratados em outros estados. Já os operadores de máquinas pesadas, como o guindaste, e encarregados vieram todos de fora. “Estamos utilizando um sistema de estrutura de concreto pré-moldada, cuja linha linha de moldagem foi instalada no canteiro da obra, que passa por um rigoroso controle de qualidade e até o presente momento nunca havia sido utilizada na cidade. Resolvemos então selecionar um volume de pessoas e treiná-las, garantindo assim a continuidade do serviço”, resume Castro. A vantagem é que muitos já estão saindo da obra com experiência e têm mais facilidade de conseguir empregos, ressaltou Castro.

FACILIDADE DE COMPREENSÃO

Ricardo Castro, o engenheiro responsável pela obra, Marcos Paulo, e o superintende do Porto Velho Shopping, Flávio Mendonça, ressaltam que a população de Porto Velho tem uma grande facilidade de compreensão e que portanto, o interesse das pessoas em apreender novas tecnologias, sobrepôs-se a falta de qualificação inicial.

“Isso confirma os comentários que ouvíamos de que as pessoas de Porto Velho conseguem absorver bem o que lhes é ensinado e serve de exemplo para as demais empresas para que invistam na capacitação e treinamento”, afirmou Flávio Mendonça.

É importante ressaltar que o profissional deve ser versátil. Absorver não só a sua função, mas procurar trabalhar em equipe e estar disposto sempre a aprender mais e desenvolver outras atividades, ressalta Mendonça. Complementando, Ricardo Castro alerta que deve haver uma conscientização geral do empresariado local que não deve treinar apenas a mão-de-obra, mas também os gestores. “Se as empresas de Porto Velho não começaram a pensar grande, pelo menos um ano na frente, elas serão absorvidas pelas gigantes que virão por ai”, concluiu Castro.

FUTURO PROMISSOR
Apesar do cenário que se desenha na capital de Rondônia, quanto a falta de qualificação de mão-de-obra, e com as perspectivas da vinda de cerca de 100 mil pessoas que buscam um novo “Eldorado”, após o início da obra das usinas, muitos apostam no crescimento urbano de Porto Velho. “Vejo de forma positiva o crescimento de Porto Velho e acredito que aos poucos tanto as empresas do ramo da construção, como dos demais setores da indústria, de serviços e do comércio conseguirão se adequar aos novos tempos”, falou confiante o empresário Denis Baú. De mesma opinião, o diretor regional do Senac, Hilton Pereira, acredita que daqui a cinco anos, Porto Velho será motivo de orgulho a quem reside no município. “Os recursos do PAC, na ordem de R$ 640 milhões, irão contribuir para a melhoria urbana da cidade, principalmente no quesito saneamento e água tratada”.

Gilberto Baptista, do Sistema Indústria, credita todo o boom do crescimento de Porto Velho, principalmente no setor imobiliário, graças a taxa de redução de juros para financiamentos de imóveis e aos incentivos fiscais e apoio do governo estadual às empresas que pretendem se instalar na cidade. "Depois das usinas teremos a saída para o Pacífico e essas empresas que estão chegando certamente se firmarão na capital, proporcionando crescimento e qualidade de vida à população”, resume Baptista.

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