Sinais preocupantes – Por Valdemir Caldas

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Doença que se julgava sob efetivo controle, desde que autoridades ligadas ao seu combate há algumas décadas anunciaram resultados retumbantes, a febre amarela apresenta-se novamente com toda sua força. Não se diga, porém, que a doença está restrita a certas regiões do Brasil. Nada disso. Todas as áreas são consideradas de risco. Segundo dados da Secretaria da Vigilância em Saúde, órgão do Ministério da Saúde, somente na Região Norte, no período de 1996 a 2005, foram registrados cento e quarenta e quatro casos da doença. O último caso de febre amarela, no Brasil, em área urbana, teria ocorrido em 1942. Sanitaristas e especialistas no assunto, no entanto, recomendam as pessoas que pretendem viajar para áreas rurais ou de florestas, para que se vacinem com, pelo menos, dez dias de antecedência. Estranhamente, em matéria publicada no jornal Alto Madeira (edição de quarta-feira, dia 16, à pag. 2/1), o prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho, garantiu que as unidades de saúde do município estavam abastecidas com vacinas para atender à população. Resolvi, pessoalmente, tirar a prova dos nove. Fui a quatro Centros de Saúde (Maurício Bustani, Ernandes Índio, Agenor de Carvalho e Osvaldo Piana). E decepcione-me. Em nenhum deles havia vacina. Hoje, pela manhã, o Secretário Municipal de Saúde, Sid Orleans, foi à televisão tentar consertar as baboseiras ditas por seu chefe. No final da entrevista, deixou o estúdio da emissora envolto numa nuvem de desconfiança. Ausência de ações preventivas na área da saúde, discursos inócuos, estardalhaço ao invés de atitudes concretas e eficazes contra a agressão dos transmissores, o uso de órgãos de saúde para o alcance de objetivos diferentes daqueles desejados pela população, prevalência de interesses eleitoreiros sobre as legitimas aspirações da coletividade – tudo isso se vem juntando ao longo dos anos, para tornar mais próximo dos moradores da capital o perigo dessa e de outras endemias. É extremamente entristecedor imaginar que o discurso das autoridades não corresponde exatamente à prática a que se refere. Fica-se, assim, na dúvida sobre qual a verdade verdadeira na qual se possa acreditar: faltam meios matérias, vontade política, recursos financeiros e técnicos para debelar (ou, pelo menos, controlar) males, atualmente, sepultados das estatísticas de grande número de países, ou muito do esforço que se diz vir aplicando ao combate a essas pestes tem tido destino muito diferente do que se vem alegando ser dado a ele?
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