As marchinhas que fizeram faltas - Por José Monteiro

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Foto: Divulgação

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O carnaval de Porto Velho, versão 2011, chegou ao fim. A cidade, em todo o seu quadrilátero, caiu na folia e festejou in tensamente o reinado de momo. Em qualquer canto, seja nos lugares mais periféricos, havia uma manifestação, uma comemoração num bar, um anônimo fantasiado ou uma buzinada de veículos reforçada pelos gritos altissonantes de seus passageiros. O êxtase foi geral e, como versa a marchinha da banda, “a emoção tomou conta.”

O pêndulo desse artigo recai para um segmento , hoje muito apreciado pelos polivalentes foliões: os blocos de rua e os seus trepidantes trios elétricos.  Em alta por aqui, conquistam mais admiradores e seus cortejos aumentam a cada ano, engrossados pelos personalizados brincantes do interior da corda e pelos chamados “pipoqueiros”. Mais abadás e camisetas são produzidos, mais ensaios geram fontes de renda e bandas musicais mais aparelhadas somam-se na montagem de uma estrutura, já considerada empresarial. Esses  componentes  são resultantes de um novo jeito de produzir a cultura do carnaval e de levar os que gostam a “cair” na folia. Tudo certo.

Mesmo com o sustento desses suportes se verificam falhas na organização, compreendidas a partir do horário da saída dos blocos e, precipuamente, no desempenho musical. Quanto desacerto e tamanha falta de comprometimento com os valores culturais, especialmente no que se refere ao repertório que, num momento de pura magia, nos transporta a um mundo de fantasia.  É um pecado preterir as marchinhas, os frevos e as marchas ranchos para desfraldar um repertório musical consumista, apelativo e não conectado com o propósito da época. Creio, não há dúvida, ser um problema de gestão, adicionado à falta de pesquisa no campo da música característica do período carnavalesco.

As diretorias dos blocos se encastelam na defesa da ausência de um repertório que possa preencher o tempo do desfile, compreendido entre quatro a cinco horas. Não é verdade. A Banda Do Vai Quem Quer, os blocos Calixto e Pirarucu do Madeira mostraram uma opção ingente de valores musicais que podem ocupar esse espaço temporal e compor um desfile mais homogêneo, portanto irrepreensível. O problema tem sido recorrente e, a cada ano, o solapamento da nossa tradição está sendo verificada.

Aos saudosistas, sobretudo aos incansáveis abnegados pela preservação dos valores tradicionais, seja em qualquer esfera, resta continuar esperando que o “deus” Baco, açulado por tamanha negligência com a cultura carnavalesca, possa promover um novo olhar e uma nova concepção dos desfiles de rua, hoje tão apreciados por quem gosta de ver um bom bloco passar. Isso significa repaginar o conceito.

Bem, o carnaval deste ano, acabou. O Galo da Meia Noite continua lutando com a Banda Carijó (seu principal adversário). Volta para o poleiro, vai refazer as forças e afiar os esporões para o ano que vem; as águas do Rio Kaiary estavam turbulentas e os foliões não puderam nadar na avenida. Faltou competência; A Coruja voltou para dormir em alhures. Vai afinar o canto para soltá-lo, altissonante, no próximo carnaval; o Pirarucu retornou a algum lugar do Rio Madeira. Nadou lento no seu percurso, porém o seu propósito musical foi irrepreensível; na Banda do Vai Quem Quer, o supremo bloco, foi todo mundo. Só não foi o “seu” Manelão.

Quanto a nós, inebriados foliões, embalados loucamente nos braços da folia, é hora de recompor as forças, guardar a fantasia, retomar a rotina e voltar à outra realidade que nos espera.                                      

(*)   O autor é Jornalista, escritor e folclorista.                      

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