Momento Lítero Cultural – Nº 062 - Por Selmo Vasconcellos

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*SELMO VASCONCELLOS - Porto Velho, RO. Poeta, cronista, contista, antologista, divulgador cultural e editor da página literária impressa semanal “LÍTERO CULTURAL”, desde 15.agosto.1991, em parceria com o saudoso amigo/irmão/escritor José Ailton Ferreira “Bahia”, falecido em 21 de setembro de 2005, no jornal Alto Madeira.Com cerca de 1450 colaboradores no Brasil e mais em 35 países. Obras publicadas (poesia e prosa): REVER VERSO INVERSO (1991), NICTÊMERO (1993), POMO DE DISCÓRDIA (1994), RESQUÍCIOS PONDERADOS (1996) e LEONARDO, MEU NETO (antologia,2004). Livretos independentes (poesia): MORDE & ASSOPRA e suas causas internas e externas (1999), DESABAFOS em memória de ROY ORBISON (2003), Revista Antológica “Membros da Galeria dos Amigos do Lítero Cultural” (2004) e poesias traduzidas para o francês, inglês, alemão, italiano, japonês, russo, grego chinês, polonês e espanhol. www.selmovasconcellos.zip.net. *- *TADEU PAULO *POEMETO DA TRISTEZA . . . *- *faço da tristeza *minha busca *pelo encanto; *da amargura, *o encontro *de meu canto; *da solidão, *o meu *melhor momento; *das palavras, *a expressão de *meus sentimentos; *e assim, escolho *e recolho temas... *e faço de cada dia *a alegria de compor *tristes poemas! *- *Publicado no Recanto das Letras em 20/03/2007 *##### *TERESA CRISTINA ZOLA NABAS *Desconhecido *- *Tenho medo do desconhecido que me segue *E que caminha lado a lado comigo, *É tão estranho esse ser que me persegue... *Se faz amigo, mas é meu inimigo. *- *Seus lábios me difamam, amaldiçoam, *Beijam-me com tanta dificuldade!... *Aos meus ouvidos suas palavras soam *Com uma mescla de desdém e falsidade. *- *A mesma mão que acaricia os meus cabelos, *Aponta em riste os seus incrustados dedos, *Acusando de banais os meus anelos, *Desconsiderando todos os meus apelos. *- *Tenho medo do que vai acontecer... *Porque de qualquer forma que procedo, *Para este tal desconhecido, sempre vou ser *Uma pessoa indesejada... Tenho medo! *- *(03/10/1990 – Pres. Prudente) *##### *TONHO FRANÇA *Noites... *- *Toma desse vinho, *Bebe da minha poesia *- *Cálice de mim. *- *Sorve do tinto da noite *Fere-me com o seco do silêncio *Brinda o cristal com as ausências *Embriaga-te de estrelas *- *Cálice de mim. *- *Toma desse vinho *Perca-se entre as possibilidades *Do que poderia ter sido *Despe-se dos meus versos *E vai enfim *- *Cálice de mim. *##### *IZABEL DIAS *L Á G R I M A S *- *Castelos sólidos, *de bela aparência... *Suntuosas construções *cujas fundações se *alicerçam no mais *frio gelo, podem *resistir a anos, *alimentando em *seu interior *vidas geladas, *vazias... *Ausência total *de sentimentos; *imperando tão somente *as aparências... *Medíocres conveniências! *Até que o anjo *da coragem chega *e o medo da vida *explode, sorrindo *para o desconhecido, *vertendo gotas dolentes *dos olhos confusos, *que não mais sabem *se são lágrimas do *degelo da vida, *de anos perdidos, *falta de amor, *indiferença, *ou se são da alegria *de acordar para *o sol interior e *para o teu amor... *#### *ELIAKIN RUFINO *Das rimas *- *Muitos usam rimas ricas *mas no fim não dizem nada *só pesquisa de linguagem *só revolução formal *- *Eu fico com as rimas pobres *as palavras mal vestidas *os garis do carnaval *- *Muitos pensam que a pesquisa *é maior do que o talento *procuram nos dicionários *o poema definitivo *- *Eu fico com a língua solta *o palavreado do povo *o verbo no infinitivo *##### *MARISA ZANIRATO *- *Vem comigo... *Não sou capa de revista, *nunca estive em Bangladesh *nem fiz record mundial, *mas guardo uns tesouros *escondidos aqui e ali *para repartir contigo. *- *Vem comigo *ouvir a sinfonia do mar *e o eco das vozes dos deuses na montanha... *Vem *sentir o vento que agita as árvores, *revolvendo teus cabelos; *vem *pisar as folhas amarelas *caídas neste outono... *- *Vem comigo *conhecer a ternura das coisas puras *que embalam os meus dias: *o profundo silêncio das madrugadas *e a beleza dos girassóis, *o vôo sincronizado dos pássaros *no poente *e a dança das borboletas em festa... *- *Vem comigo *partilhar minhas lembranças *mais ternas: *o cheiro do café coado, *a morna chuva de março, *aquela música dos Beatles *e um faroeste antigo... *- *Vem, *vamos andar de mãos dadas *sem saber que dia é hoje *ou se o mundo pode acabar... *Vamos na direção do nada... *Vem comigo *enquanto ainda há tempo *para sonhar... *##### *LILIAN MAIAL *MEU CAMINHO É SEGUIR *- *Meu caminho é seguir *sem deixar rastros. *É continuar a saga *que algum dia enfrentarei. *É percorrer sorrisos *e angariar sentidos. *É dar com os burros n'água *e lavar a égua. *- *Meu caminho é seguir *passos incautos *percalços *descalça. *É andar de trás pra frente *por vielas e alamedas *catando o miolo de pão *contando os traços da mão *riscando o calendário. *- *Por cada esquina *um novo rosto *(ou não) *a me acenar mentiras *que tento não acreditar. *- *Por cada mesa um novo copo *e gelo e sonho *que tento ouvir por notas soltas *e sussurros de amor. *- *Por cada palavra *um novo adeus *recomeçar *com beijo em verso e prosa *o que a boca não sorveu. *- *Meu caminho é seguir *em busca *do teu. *##### *SANDRA DE ALMEIDA *FERROVIA MADEIRA-MAMORÉ *- *O tempo parou, *só pra te ver nascer. *No seio da floresta majestosa, *viestes de mansinho. *- *Tentando vencer a natureza *Trilhos colocados, *Mil vidas sacrificadas, *Turbilhão...e muitos amores! *- *Homens na selva amando ao luar, *desejos incontidos,clandestinos. *E uma locomotiva a esperar, *aspirados sonhos latinos. *- *Surpresas a espreitar, *amargas realidades. *Estais no mesmo lugar, *quantas adversidades. *- *Ah!Madeira-Mamoré, *codinome trágico. *Sonho em ré, *tudo tão mágico. *- *Ferrovia-do-Diabo!? *Sonho alado! *##### *SANDRA DE ALMEIDA *NAMORO DA NATUREZA da Natureza *- *Lentamente em seu ritual, *ele passa,majestoso. *Tudo muito natural, *sempre caudaloso. *- *Percorre seu caminho, *vencendo obstáculos. *Qual pássaro no ninho, *Sutil,sem fazer cálculos. *- *Ritmado pela natureza, *namorando a floresta. *Segue com firmeza, *aos homens?Nenhuma fresta! *- *Essas águas encantadas, *mexem com emoções. *Ecoam toadas, *agitam corações! *- *Tu não "és o Tejo de minha aldeia", *mas és o Majestoso Rio Madeira! *##### *DORONO HILGENBERG *VERSO & REVERSO *- *Chegou em casa como se fosse um Rei *comeu, bebeu, como se fosse um Lorde *brigou, xingou, como se fosse um Santo *e foi dormir como se fosse Deus! *- *Acordou sozinho como se fosse um peste *com a alma pesada como se fosse chumbo *com a mente suja como se fosse lixo *e rumou pro bar como se fosse um cão! *- *bebeu...bebeu, como se fosse água *provocou o mundo como se fosse um touro *apanhou de todos como se fosse um bicho *e apagou na rua como se fosse um nada! *##### *MAGALY GRESPAN *Miragem *- *Somos *a cruz e a espada *essa forma de querer *o hoje que voa. *- *olho o relógio *tão leve *mal soa *- *diz até breve *outro dia *ressoa *- *e quando se vê *a vida se perde *num floco *de neve. *##### *GLAUCIA QUADROS *A Primeira Verdade *- *Primavera. *A primeira verdade. *Prima vera. *- *Verde e cores. *Folhas e flores. *Azul amores. *- *A maior das estações: *A primeira verdade. *Seja sempre bem-vinda! *- *Salve, Prima. *Salve, Vera. *Salve, Primavera! *##### *LU OLIVEIRA *Mulher baiana *- *Mulher baiana *sorriso dendê *estampado na cara *lágrima transformada *em batuque *de berimbau *- *Pau de chuva *pulsante som *que ecoa *por todo horizonte *leva o gingado *do corpo dançante *enquanto seduz *teu prazer *- *Pimenta vermelha *na branca pele *ardente em teu desejo *bailado em atabaques *percussão ritmada *no palpitar do asfalto *em que desfila *alfazemas incandescentes *- *Baiana mulher *pecado entre as pernas *cintura corri mão *onde sobes os degraus *da paixão des medida *em doses afro disíacas *de mel e tequila *que formatam *teus sentidos viris *- *Mulher baiana *sobe a ladeira *samba em flores *suor cascata *entre os seios *que seguem a marcação *do pulsar febril *emanado dos *olhares ciganos *que se rendem *ao seu encanto. *#####
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