Claiton Esperança, para os íntimos.- por Claiton Pena

Claiton Esperança, para os íntimos.- por Claiton Pena

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Foto: Divulgação

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Meu nome bem que poderia ser Claiton Esperança. Quanto mais velho, mais espero. Ou Claiton Paciência. *Paciência é tudo que um homem digno precisa para viver. Todos têm razão. Todos têm prioridade. Todos são nosso clientes ou nossos irmãos. E nós? E eu, onde fico? O que nos resta? *Sobra-nos a paciência. Resta-nos, paciência. Às vezes a minha desaparece momentaneamente. E eu danço, grito, berro, esperneio. Mas não está certo. Aprendi em casa e na escola que a gente não pode, não deve mesmo, soltar as frangas. Somos obrigados a resistir diante de toda injustiça, de toda chatice, de toda banalidade, de toda idiotice. *Dia desses, no aeroporto internacional de Porto Velho, fui abandonado literalmente pela companhia aérea que deveria nos levar a Rio Branco. Eles deram o nosso avião para um outro grupo de passageiros cujo vôo atrasara muito. Ficamos na mão porque éramos em menor número, apenas vinte e sete. *Depois de muito gritar, e eu estava lá dando meus berros, o gerente da empresa apareceu para dizer o seguinte: ou hotel, ou ônibus. Avião, só na madrugada seguinte. *Mais da metade fomos de ônibus por causa dos compromissos assumidos em Rio Branco. Pensei que seria recompensado. Mandaram ligar pro tal do 0800. Depois de meia hora de lengalenga, disseram: foi de ônibus? Já era. Perdeu o direito de reclamar. *Paguei avião, fui de ônibus. E cale a boca se quiser ficar vivo. *Em um caso quase semelhante, anos atrás, processei a Vasp e a empresa foi condenada a pagar uma multa para o governo. Pena que o dinheiro não foi para mim e para os 80 passageiros daquele vôo. *Minha leitora Ângela Salles me pede para comentar Carlos Heitor Cony, que escreveu na Folha de São Paulo sobre “O inferno de nossa desesperança”. Cony se pergunta quais seriam nossas grandes esperanças. *Em primeiro lugar, e antes de tudo, tenho a esperança de não perder mais a paciência. Nem mesmo com os tolos e meninos buchudos que não sabem nada sobre a vida. Nem com nada: nem com a dor, nem com o chifre, nem com a injustiça, nem com a inveja. *Em primeiro lugar, ainda, empatado com a paciência, eu tenho a esperança de não perdê-la.
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