Inteligência emocional separa eternos concurseiros dos aprovados

Trancar-se no quarto, estudar muitas horas por dia, abrir mão da vida social e familiar. Esses eram pré-requisitos obrigatórios dos concurseiros para garantir uma vaga na carreira pública, mas o cenário mudou.

Inteligência emocional separa eternos concurseiros dos aprovados

Foto: Divulgação

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Trancar-se no quarto, estudar muitas horas por dia, abrir mão da vida social e familiar. Esses eram pré-requisitos obrigatórios dos concurseiros para garantir uma vaga na carreira pública, mas o cenário mudou. Assim como acontece na iniciativa privada, os interessados em ocupar os cargos no governo, especialmente os mais concorridos e com maiores salários, passaram a ter como motivação a qualidade de vida, o que tem provocado uma mudança significativa na maneira de se preparar.

 

A nova geração de concurseiros, formada na última década, traz consigo a bagagem de novos valores diante do trabalho e do que querem para suas vidas. Essa perspectiva é somada à mudança no processo de aprendizagem, quando passou a ser baseada no entendimento, na compreensão da aplicação mais prática e não no “decoreba” dos conteúdos.

 

 

Por isso mesmo, boa parte das bancas examinadoras estão mudando a elaboração das provas e focando na interdisciplinariedade. A própria administração pública não está mais interessada em ter profissionais que só souberam responder as provas e, sim, que saibam aplicar, na prática, os conhecimentos cobrados.

 

A página está sendo virada, é um processo em andamento e ainda deixa muito candidato confuso. O primeiro teste, sem dúvida, é o da paciência. Uma prova de fogo para a inteligência emocional. Se preparar para os concursos é um projeto que tem data para começar, mas não para acabar.

 

Sem referências temporais solidificadas sobre quando será a autorização, a publicação do edital, as provas ou a convocação, a maioria deixa para se dedicar só quando alguma dessas informações estiver disponível, perdendo a chance de ser realmente competitivo.

 

Como regra para os concursos federais (e aplicado na maioria das demais seleções), o edital de abertura é publicado em até seis meses depois da autorização e as primeiras provas são aplicadas passados, no mínimo, 60 dias depois das regras definidas. São delimitações de prazos que ajudam, mas não resolvem os altos índices de ansiedade. Sem tempo hábil para aprender todos os conteúdos com profundidade em tão pouco tempo, vale a premissa de começar a estudar com antecedência, sem aguardar sequer a liberação do processo seletivo.

 

Embora o sistema de seleção por meio de concurso público seja o mais isonômico e justo disponível no momento, ao meu ver, há discrepâncias que atentam contra o bom senso e desequilibram os interessados. O exemplo mais explícito e recorrente são os conhecimentos cobrados. Além de extensos, exigem conteúdos que não figuram na base curricular do Ministério da Educação, seja para ensino fundamental, médio ou superior.

 

Um exemplo são as disciplinas de Direito Administrativo e Constitucional, essenciais para compreensão do funcionamento da administração pública. Raros são os cursos – mesmo de graduação – que exploram o assunto, além, claro, do curso de Direito.

 

Aos concorrentes, restam a resiliência e a determinação para aprender os infindáveis itens para, quem sabe, serem cobrados nas provas. Para tentar driblar esse trabalho tão árduo, há estatísticas dos tópicos mais recorrentes, porém, a estratégia está perdendo seu efeito, tendo em vista que as bancas examinadoras estão mudando a cobrança, ainda mais com o hiato entre os últimos concursos e os que estão começando a ser liberados. Muitos anos se passam e muitas legislações foram alteradas, exigindo ainda mais atenção de quem fará as provas.

 

Equilíbrio emocional


O jogo emocional faz parte do filtro de quem vai ou não ser servidor. Um dos maiores temores é, sem dúvida, chegar na hora da prova e esquecer o que foi aprendido. O famoso “dar branco”. Só de pensar nisso, muitos até se arrepiam. E só as técnicas de memorização não têm sido suficientes para lidar com os altos e baixos de sentimentos.

 

Especialistas no assunto afirmam: só 10% dos inscritos estão realmente preparados. É uma especulação, mas a conta faz todo sentido. A abstenção é, em média, de 15% a 20%. Do percentual restante, a maioria é composta de “aventureiros”, interessados que se entusiasmam com a quantidade de vagas ou com a remuneração anunciada. Restam pouco mais de 20% que desejam, efetivamente, ocupar aqueles cargos, porém, nem todos terão tempo hábil ou dedicação para serem competitivos, ou seja, acertarem pelo menos 75% da prova objetiva.

 

Para chegar nesse patamar, é necessário ter equilíbrio emocional, serenidade e segurança para responder o que se pede no dia da avaliação. Requisitos que não se conquistam sem investir em autoconhecimento e inteligência emocional.

 

Por isso mesmo, é crescente a procura por coaches, psicólogos e mentores. Profissionais que ajudam os candidatos a entenderem quem são diante do desafio de se preparar. Usando técnicas de produtividade, coaching, programação neurolinguística, aprendizagem consistente, entre outras, colaboram para que a prova seja uma mera etapa intermediária para construção de sua carreira pública.

 

Afinal, quantas provas cada um deles já fez na vida? Diante do compromisso de ser servidor público, a preparação exige esforço, porém, o sofrimento é totalmente opcional. Até porque ninguém consegue aprender o que é necessário para ser aprovado estando com a mente preocupada, pressionada negativamente ou ansiosa.

 

A visão de que concurseiro deve ser um robô programado para fazer provas já não cola mais. Concurseiro é gente e, assim sendo, tem sua parte cognitiva tão importante quanto cada um dos sentimentos e dos papéis que exerce.

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