Chefe do Executivo substituiu quatro dos sete integrantes do colegiado formado para investigar mortes e desaparecimentos na ditadura
Foto: Divulgação
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse, nesta quinta-feira (01/08/2019), ter autonomia para mudar mais da metade dos integrantes da Comissão de Mortos e Desaparecidos, colegiado que foi criado para investigar as mortes e o desaparecimento de brasileiros durante a ditadura militar.
“O motivo é que mudou o presidente. Agora é Jair Bolsonaro, de direita, e ponto final. Quando botavam terrorista lá ninguém falava nada”, se limitou a dizer o chefe do Executivo ao deixar o Palácio do Alvorada, nesta manhã de quinta.
Bolsonaro disse ainda que a atitude de substituir os integrantes não tem relação com as críticas que recebeu do órgão em relação às falas sobre as circunstâncias da morte de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil OAB), Felipe Santa Cruz, durante a ditadura militar. “Não tem nada a ver”, disse o presidente.
A troca de quatro dos sete integrantes da comissão feita por Bolsonaro foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta. A medida leva a assinatura da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. A pasta é responsável pelo colegiado desde 2004.
Essa mudança ocorre em meio a uma polêmica que envolve o chefe do Executivo e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Nessa segunda-feira (29/07/2019), Bolsonaro afirmou saber as causas da morte de Fernando Santa Cruz e disse a Felipe que poderia contar a história, se ele quisesse saber. A declaração foi feita ao comentar a postura da OAB em relação às investigações do atentado à faca sofrido pelo mandatário brasileiro durante a campanha.
Durante a live semanal, publicada nas redes sociais, Bolsonaro afirmou, sem apresentar provas, que Fernando teria sido morto por parceiros do grupo Ação Popular, do qual fazia parte, e não por militares.
Entre as substituídas está a atual presidente do colegiado, Eugênia Augusta. No lugar dela entra o advogado Marco Vinicius, filiado ao PSL — mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro — e assessor da ministra Damares. Os outros novos integrantes são Weslei Antônio, coronel reformado do Exército; Vital Lima Santos, oficial do Exército; e o deputado federal Felipe Barros, também do PSL.
Por meio de nota, Eugênia comentou a troca de Bolsonaro. “A substituição foi uma represália pela minha postura diante dos últimos acontecimentos”, afirmou.
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