Zika vírus pode encolher testículos e causar problemas de fertilidade em homens

Mas à medida que a epidemia evoluiu, mais pesquisas descobriram que o vírus não é apenas propagado pelos mosquitos, mas também sexualmente

Zika vírus pode encolher testículos e causar problemas de fertilidade em homens

Foto: Divulgação

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Quando os problemas relacionados ao vírus Zika vieram à tona pela primeira vez, em países da América do Sul, as mães grávidas foram rotuladas como o maior grupo de risco de contrair a doença através de picadas de mosquito. Mas à medida que a epidemia evoluiu, mais pesquisas descobriram que o vírus não é apenas propagado pelos mosquitos, mas também sexualmente.

Agora, um novo estudo, publicado na Science Advances sugere que o vírus também pode afetar homens infectados podendo levar à infertilidade potencial e até atrofia testicular, ou encolhimento. A transmissão via mosquito ainda é considerada a principal forma de propagação do vírus, mas o fato de que o vírus possa persistir no sêmen de homens infectados por pelo menos seis meses após a infecção é particularmente preocupante e tem deixado os médicos e organizações de saúde pública em estado de alerta.

Esta pesquisa analisou o impacto do vírus durante um período de tempo nos testículos de camundongos machos e embora se soubesse que o vírus poderia persistir no sêmen humano durante algum tempo (meses) após a infecção já ter sido eliminada do sangue, não estava claro como o vírus alcançou os testículos. O que os pesquisadores verificaram agora é que após 21 dias da infecção dos ratos, o vírus continua a replicar nas células testiculares. O vírus se instalou especificamente em uma parte dos testículos conhecida como o epidídimo, que é responsável por transportar o esperma dos testículos para a uretra e esse seria motivo pelo qual o vírus possui essa capacidade de ser transmitido sexualmente.

Como se já não bastasse, os pesquisadores observaram que após 21 dias da infecção com o zika vírus, o tamanho dos testículos dos ratos se tornaram significativamente menores, mostrando uma acentuada atrofia testicular. Isto certamente leva a relacionar impactos adicionais sobre a fertilidade dos machos à presença do vírus. Eles detectaram ainda, níveis reduzidos de testosterona e de inibina B, dois hormônios produzidos nos túbulos seminíferos e considerados fundamentais para a produção de esperma. Além desses resultados, os cientistas realizaram estudos preliminares de fertilidade nos camundongos. Eles revelaram taxas reduzidas de gravidez e de fetos viáveis em fêmeas que acasalaram com machos infectados com o vírus da zika, em comparação às que acasalaram com machos não infectados.

Embora o mundo tenha permanecido pouco alerta, o zika vírus continua ativo por aí e não desapareceu. A verdade é que além de se instalar nos testículos dos homens, o patógeno pode causar problemas neurológicos em embriões e os pesquisadores de todo o mundo precisam correr para desenvolverem uma vacina capaz de evitar danos.

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