O pintor de paredes Jorge Luiz Morais de Oliveira, 41, confessou nesta terça-feira (29) ter matado seis pessoas –a travesti Carlos Neto Alves de Matos Júnior e outras cinco mulheres.
Segundo o advogado do suspeito, André Nino, Oliveira afirmou em depoimento que matou Matos Júnior por legítima defesa. Já as outras vítimas –todas usuárias de drogas, segundo o pintor– foram assassinadas enquanto ele estava sob o efeito de entorpecentes.
"A cada hora que se faz um novo levantamento, se descobre uma nova ossada, parte de um osso, um crânio", afirmou o delegado, Jorge Carrasco.
De acordo com o advogado, ele disse que foi agredido com uma faca pelo travesti, que era seu vizinho. Ao se defender, ele teria matado Júnior. O suspeito apresenta ferimentos profundos nas mãos, braços e coxa, que seriam compatíveis com o relato, segundo Nino.
Oliveira disse à polícia que vendia crack e cocaína para todas as vítimas. Alegou que as matou porque tinha medo de que contassem a traficantes de uma facção criminosa que ele vendia drogas. A polícia diz que a versão de Oliveira é invenção e ainda investiga a motivação dos crimes. "É um motivo torpe, ainda precisamos investigar", disse o delegado Carrasco.
A identidade das vítimas só será confirmada após exames de DNA, segundo a polícia. Oliveira também disse que estrangulou as cinco mulheres e que não teve relacionamento com nenhuma das vítimas.
Além da casa dele, bombeiros e peritos vão vasculhar um terreno usado por viciados perto da casa do suspeito.
Preso desde sábado (26), Oliveira será, por enquanto, indiciado sob suspeita de homicídio triplamente qualificado e ocultação do cadáver da travesti. Antes, ele já havia ficado preso por 19 anos, por dois assassinatos.
Investigadores agora apuram o desaparecimento de 30 pessoas na região da favela Alba –algumas delas podem ter sido mortas por Oliveira, diz a Polícia Civil.
Apesar de confirmar a versão de Oliveira à polícia, o advogado contestou a circunstância da confissão de seu cliente. "Na atual situação dele, completamente consumido pela droga, confessaria qualquer coisa", disse.
Em entrevista à TV Record, a mãe do pintor disse que não perdoará o filho, a quem chamou de "monstro".
"Ele estava morando aqui havia pouco mais de um ano, mas havia seis meses que trancava a casa dele", disse. "O pessoal diz que eu sabia dos corpos, mas nunca tive acesso à casa dele."
CENA DO CRIME
A série de mortes sob suspeita atraiu parentes de desaparecidos à casa do pintor.
A mãe e a companheira da estudante universitária Renata Christina Pedrosa Moreira, 33, sumida desde janeiro, compraram uma enxada e uma pá e foram ao imóvel na segunda (28), aberto e sem isolamento, para fazer uma escavação.
Elas disseram que, ao quebrar uma das paredes, encontraram pedaços de pele e ossos. Também acharam roupas de adultos, crianças, peças íntimas com sangue, uma bolsa de mulher com objetos de manicure e um boneco de vodu.
O advogado de defesa, que foi contratado pelo tio de Oliveira, disse nesta terça que houve claro erro da polícia no caso. "O local [casa de Oliveira] não foi preservado, e diversas pessoas estiveram no local depois. Há imagens de pessoas comuns com enxadas cavando a cena do crime, o que pode ter alterado as provas."
Na segunda (28), a delegada Nilza Scapulatillo, do 35º DP (Jabaquara), negou falha da perícia por não ter isolado a casa do pintor.