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O Teatro 1 do Sesc Esplanada apresentou no último sábado 14, o espetáculo teatral “Boi de Piranha”, da recém criada companhia Boi de Piranha, em parceria com a Soufflé de Bodó. A peça iniciou às 20h00m, e foi apresentada com a presença de soldados da borracha de Rondônia, a entrada foi franca. O vice-presidente do sindicato dos soldados da borracha ( George Telles) levou para assistir o espetáculo os principais protagonistas da peça, no caso quatro soldados da borracha.
A peça abordou um contexto histórico e social baseado na migração dos mais de 60 mil nordestinos que deixaram suas terras e vieram para a Amazônia, trabalhar na extração do látex da seringueira para a produção de borracha, sendo assim reconhecidos como os “Soldados da Borracha”.
ANALOGIA
De acordo com o diretor do espetáculo, Francis Madson, a obra parte de um tema e uma analogia. “O tema perpassa dados históricos e afetos relacionados tanto à construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré quanto à chamada Batalha da Borracha. Já a analogia acontece através da ideia do boi dentro da pecuária”.
O diretor da peça explica que, no meio rural, o “boi de piranha” é o animal escolhido, geralmente por ser o mais velho ou doente, para ser abatido e entregue às piranhas enquanto o restante do rebanho atravessa um rio ou lago infestado desses peixes carnívoros. Para Madson, o migrante nordestino assume essa figura sacrificial dentro do espetáculo.
“É um ser encantado de um lugar outro, no caso o Ceará, que é levado a atravessar todos esses lugares para construir uma ideia de progresso nessa cidade e, logo depois, é mobilizado para ajudar os Aliados na Segunda Guerra. O nordestino é o Super-Homem que cruza o País para sobreviver e para salvar”, finaliza.
HISTÓRIA
Durante a Segunda Guerra Mundial, mais de 60 mil nordestinos foram alistados compulsoriamente em um esforço de guerra brasileiro que os levaria a trocar a árida geografia do sertão pelas terras alagadas da Amazônia. A missão dos “soldados da borracha”, como ficaram conhecidos, era extrair o látex da seringueira para a produção da goma elástica que abasteceria os países aliados. Para alguns recrutas, no entanto, essa seria uma viagem sem volta: com o fim do conflito, eles foram entregues à própria sorte em uma terra estranha, sem apoio e esquecidos pelo Estado Brasileiro. De todo contingente de trabalhadores recrutados mais da metade tombou em plena selva Amazônica dos anos 40, vitimados por doenças letais que impregnavam a região, pelos graves acidentes de trabalho, pelo ataque das feras da floresta, ou pela perseguição dos patrões seringalistas e outros.
Milhares de homens perderam suas vidas defendendo o Brasil e os interesses do Estado Brasileiro, passados mais de 69 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, de todo o contingente recrutado pelo presidente Getúlio Vargas, mais de 90% já não existe, os que estão vivos, ainda não foram indenizados pelo governo. No mês de maio de 2014, a presidenta Dilma Rousseff e sua base aliada, vetaram o direito elementar da equiparação salarial dos soldados da borracha no Congresso Nacional, e aprovaram o pagamento em parcela única de um benefício de R$ 25.000,00. O governo nesse caso deu com uma mão e retirou com a outra, o que frustrou profundamente os soldados da borracha e seus familiares.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!