Retrospectiva infernal em 2014 – Por Professor Nazareno*

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Quem viveu neste ano de 2014 e escapou para contar o que aconteceu não vai dizer muitas coisas boas no seu discurso: o ano ainda em curso foi rigorosamente igual a muitos outros que tivemos. Pelo menos em Rondônia e em Porto Velho não houve praticamente nenhuma novidade. Desde muito tempo que, entra ano e sai ano, e a desgraça nos acompanha de perto. Esta capital continuou o ano inteiro sob o efeito da sujeira, da imundície e dos tapurus costumeiros. O prefeito, Dr. Mauro Nazif, repetiu em 2014, para pouco espanto dos já conformados cidadãos portovelhenses, tudo o que fez em 2013: NADA. No verão tivemos muita poeira e buracos nas ruas. No inverno recomeçou o festival das conhecidas alagações, lodo, esgotos a céu aberto e lama. Muita lama podre, valas entupidas e animais mortos “enfeitando” as ruas e avenidas da cidade.

Se na administração pública, tanto na municipal quanto na estadual, vivemos o Armagedon repetido, na área da política tudo se repetiu como uma triste rotina já escrita e vivenciada pelos rondonienses. Muitos políticos locais continuaram a roubar sem dó nem piedade os cofres públicos. Foram tantas operações policiais que até já se perdeu a conta e os nomes delas. Bem mais do que no ano anterior, é a única certeza que se tem. Os saques constantes ao Erário se repetiram numa rotina nunca antes vista. Polícia Federal e Ministério Público se cansaram este ano de tanto prender políticos e autoridades desonestas. O prejuízo é difícil de calcular, mas se sabe que teve batida policial na Câmara de Vereadores, na Assembleia Legislativa, na prefeitura da capital, em prefeituras pelo interior do Estado e também na administração estadual. Um recorde.

Quem viveu em Rondônia, certamente não teve nada de bom em 2014. Os momentos de felicidade foram raríssimos. Somente na Copa do Mundo, quando o Brasil foi solenemente goleado por 7 X 1 pela Alemanha, é que tivemos um pouco de alegria. Saímos da “Copa das Copas” da mesma forma que entramos: sem nenhuma credibilidade e jogando, talvez, o pior futebol de uma seleção. Também foi inaugurada em Porto Velho uma enorme ponte cuja única serventia foi aumentar o número de suicídios na cidade e que até hoje continua escura como breu. A novela dos viadutos do PT vai terminar mais um ano do mesmo jeito que começou: os trambolhos continuam inacabados e enfeando ainda mais a já horrorosa paisagem urbana de uma capital de Estado. Num lance raro de vingança política, aqui os petistas levaram uma bruta surra.

Mas quem dominou mesmo o cenário de Rondônia em 2014, foi o velho e indomável rio Madeira. Estuprado pela ganância do homem, deu o troco na medida certa protagonizando a maior cheia de que se tem notícia. Subiu quase 20 metros na “capital das imundícies” e revirou casas, ruas, cemitérios, mercados públicos, vilas e distritos. Seus efeitos estão presentes até hoje devido, em parte, à velha e conhecida incompetência dos administradores. O Madeira por pouco não levou para o inferno as urnas eletrônicas do TRE, para nos libertar da roubalheira e da corrupção, mas em compensação destruiu os cacos que restavam do acervo da EFMM. Mesmo com todas estas desgraças, o ano foi bom em Rondônia e em Porto Velho, pois nuvens mais negras ainda estão por vir. Enfim, o caos será rotina em 2015. O estupro coletivo com a sangria aos cofres públicos continuará e os larápios serão todos soltos para rir da nossa cara.

 

 

*É Professor em Porto Velho.

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