O Instituto Federal do Amapá (IFAP) vai inaugurar um modelo inédito de ensino no país: o primeiro campus fluvial da Rede Federal de Educação Profissional. A iniciativa, financiada pelo Novo PAC, pretende levar educação técnica e profissional às comunidades ribeirinhas da Amazônia, oferecendo até 800 vagas por ano para estudantes que vivem em áreas de difícil acesso.
O projeto está em fase de licitação e prevê a construção de uma embarcação adaptada para funcionar como unidade de ensino. O barco contará com salas de aula, laboratórios, espaços de convivência e toda a estrutura necessária para que o campus opere diretamente nos rios da região. Uma base em terra firme dará suporte às atividades fluviais, garantindo logística e infraestrutura administrativa.
Segundo o IFAP, a proposta nasce da necessidade de atender populações que tradicionalmente dependem dos rios para se deslocar e acessar serviços públicos. O campus fluvial será destinado principalmente a moradores de regiões isoladas, como comunidades do Arquipélago do Bailique.
A oferta de cursos será voltada aos arranjos produtivos locais. Estão previstos programas de capacitação em recursos pesqueiros, agricultura familiar, energias renováveis e turismo, áreas essenciais para o desenvolvimento econômico e sustentável da região. A metodologia deve combinar aulas teóricas e práticas, conectando o conteúdo à realidade ribeirinha.
O investimento federal faz parte da política de expansão dos Institutos Federais. Além da embarcação, o Ministério da Educação já liberou recursos para construir uma estrutura de apoio vinculada à reitoria, que funcionará como centro de operações do campus fluvial.
A iniciativa tem recebido apoio político e institucional. O ministro da Educação, Camilo Santana, autorizou a criação de um grupo de trabalho para detalhar custos e necessidades técnicas do barco-escola. Parlamentares do Amapá também se comprometeram a destinar recursos para acelerar a implantação.
A previsão é que a portaria de funcionamento seja publicada até 2026. Para o IFAP, o campus fluvial representa mais do que uma inovação logística: é uma estratégia para reduzir desigualdades e garantir que a educação alcance quem vive à margem — literalmente — dos grandes centros urbanos.