Mais de 47 cientistas, pesquisadores e estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA) desenvolveram o primeiro corredor verde de transporte da Amazônia, um projeto inovador que une mobilidade elétrica e energia solar.
Implantado em Belém — cidade que sediará a COP 30, em novembro — o sistema conta com dois ônibus e uma embarcação elétricos, além de estações de recarga, painéis solares, aplicativo de geolocalização e software de gestão de energia.
O projeto, chamado Sima (Sistema Inteligente Multimodal da Amazônia), foi financiado pela Norte Energia, concessionária da Usina Belo Monte, e regulado pela Aneel. Desde 2019, o Sima já gerou cinco teses de doutorado, dez dissertações de mestrado e dezenas de publicações científicas.
Entre os destaques está o catamarã Poraquê, batizado em homenagem ao peixe elétrico da Amazônia. Movido por motores e baterias elétricas alimentadas por energia solar, o barco tem capacidade para 23 passageiros, percorre até 40 km por dia e reduz significativamente as emissões de gases do efeito estufa.
O sistema completo pode atender até duas mil pessoas por dia e evitar a emissão de 161 toneladas de CO₂ por ano, o equivalente ao que 30 carros populares emitem em 12 meses.
“Criamos o primeiro corredor verde de transporte da região Norte, formando recursos humanos e gerando inovação em energia limpa e mobilidade elétrica”, destacou a professora Maria Emília Tostes, da UFPA.
Para o reitor Gilmar Pereira da Silva, o projeto é um marco científico e ambiental: “O Poraquê é o primeiro barco elétrico do estado e representa um laboratório vivo para o desenvolvimento de novos veículos sustentáveis na Amazônia.”
Com impacto direto na descarbonização dos transportes amazônicos, o Sima alia pesquisa, tecnologia e sustentabilidade — e já é visto como um dos legados da COP 30 para o futuro da região.